Renascida das Cinzas

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O que Bash pensou ser o som de uma vila, na verdade, era um agrupamento militar. Percebeu isso pelos uniformes, as tendas montadas em fileiras, as armas brancas e de fogo que alguns portavam. Havia um brasão em algumas tendas, era sempre o mesmo, um leão vermelho coroado, mas não era a águia negra a qual estava acostumado.

– Um exército? Achei que não estivéssemos em guerra. – Magnolia questionou.

– Sempre há guerras – Bash suspirou.

Os três estavam no alto de um pequeno morro, a muitos metros de distância do agrupamento, protegidos pela vegetação do bosque.

– Reconhece o brasão, Bash? – June quis saber.

– Parece ser dos Habsburgo. Se for, estamos um pouco longe de casa. – Bash suspirou novamente – Merda. Devemos estar em território boêmio.

– E o que vamos fazer? – June trocou o peso de perna, inquieta, as mãos apoiadas no tronco de uma árvore. – Não podemos ir lá e perguntar. Podem achar que somos prussianos. Pior, são homens de exército, certamente uns nojentos e asquerosos.

– E homens que não devem ver mulheres com frequência, então, nenhuma de vocês duas vai chegar nem perto – Bash disse, resoluto, encarando ambas alternadamente.

– Eles tem um mapa em uma das tendas. Certamente devem ter um contendo a localização atual, considerando que precisam de um para se deslocar, se receberem alguma ordem. Geralmente fica na tenda principal, na do comandante. – Magnolia falou para espanto geral. Ela percebeu o choque nos rosto de June e Bash ao olhar para eles. – Alguns soldados costumavam ir ao Garten, eles gostam de falar.

Bash aquiesceu, compreendendo.

– Certo. Mas não podemos simplesmente nos infiltrar no exército e entrar em uma tenda pra pegar o mapa.

– Se a gente tivesse alguém que pudesse se transformar em um animal bem pequeno, como um gato, que passaria despercebido, talvez conseguíssemos. – June ironizou.

O familiar fez uma careta para ela.

– Tudo bem! Eu vou. Mas, não importa o que aconteça, vocês duas ficam aqui! Me prometam.

– Prometo – Magnolia falou.

June se recostou contra uma árvore e cruzou os braços.

– Está bem.

Bash tentou ignorar o fato de que June não dissera "eu prometo". Transformou-se em um gato de pelos cinzentos e correu morro abaixo.

Vincent tinha conseguido tombar a cama de lado, não que isso tivesse lhe ajudado em alguma coisa. O estrado era feito de uma madeira muito pesada e o feiticeiro mal conseguia movê-la pelo quarto. Percebeu que havia alguns símbolos e runas entalhadas na madeira do estrado, o que provavelmente deveria tornar impossível a remoção das correntes.

Mesmo que soubesse que não iria funcionar, chutou incessantemente a cama. Foi mais para descontar a raiva, do que por qualquer outro motivo.

Queria entender o que tinha acontecido. A compreensão tentava aos poucos se assentar em sua cabeça. Era difícil demais associar Maximus aquilo...

Irmão. Odeio quando essa palavra sai de sua boca. Eu nunca fui seu irmão e nem você o meu. As antigas palavras de Maximus começavam a fazer sentido. Ele havia dito isso quando estavam no Garten, lutando. Vincent se lembrava de ter se ferido profundamente com essas palavras, pensando que ele não o considerava mais sua família, mas agora entendia o real significado. Maximus estava querendo dizer que jamais vira Vincent como um irmão...

O FeiticeiroOn viuen les histories. Descobreix ara