Destruição

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Ellie já estava treinando com Niara a menos de uma semana, mas não tinha progredido muito. Para alguém que tinha explodido um castelo inteiro, congelado um homem até a morte e transformado o quarto da casa da bruxa em um palácio de gelo, seu controle sobre suas habilidades como uma Fonte eram ridículos.

A bruxa a ensinara a se conectar com toda a energia da natureza, não apenas a sentir a magia que a rodeava, mas separar as energias envolvidas. Aprendeu a sentir a energia viva que pulsava em cada árvore, planta e folha de grama que a cercava, a energia fluída presente nas águas de rios, lagos e lençóis freáticos, a energia fria vinda de cada minúsculo floco de neve que caía de um céu carregado de uma carga mais elétrica e ainda aquela que emanava do solo sobre seus pés, ou a que soprava junto com o vento.

A ruiva sabia como sentir energia mágica, mas separa-las de acordo com suas fontes na natureza era algo muito mais difícil. Ela levou mais de um dia para aprender.

Após isso, Niara a ensinou a dominar os elementos da natureza, simplesmente a induzi-las a fazer o que Ellie queria. A terra, a água, as plantas, o fogo e o ar. Mas era mais fácil falar do que fazer. A bruxa lhe disse que guiar um elemento era mais simples do que produzir feitiços, já que bruxaria não necessariamente precisava de cânticos e palavras mágicas, ritos ou símbolos. Ela precisava apenas orientar o elemento a fazer o que ela gostaria, invoca-lo e direciona-lo.

Tudo que conseguiu fazer em dois dias foi se encharcar de água, queimar uma árvore inteira e produzir uma fissura no chão que quase a engoliu inteira. Não conseguiu, nem por um segundo, controlar qualquer elemento que invocara.

– Está fazendo errado – Niara declarou severamente depois que Ellie foi incapaz de lançar uma rajada de vento contra uma flor que brotava em um pequeno espaço de grama sem neve. – A essência da feitiçaria é controlar a magia e transforma-la naquilo que se deseja.

– Eu sei. Estou tentando.

– Sim. E é por isso que está falhando.

Ellie a olhou com o cenho franzido, sem entender.

– Esqueça seus ensinamentos sobre feitiçaria, Ellie, isso é diferente. A bruxaria não subjuga a natureza, mas se encaixa nela e se molda a partir dela. A natureza é uma força incontrolável, não pode obriga-la, você tem que guia-la e induzi-la a fazer o que lhe é pedido. Se quiser que o vento mova a flor, então tem de convencê-lo a fazer isso. – Niara girou seu pulso e fez um movimento com a mão e um vento leve fez com que a flor se deslocasse para o lado suavemente, depois, retornou a posição original. – Deve se conectar com o ar ao seu redor e orienta-lo a se movimentar em direção a flor.

A ruiva não entendia bem esse conceito. Conseguia sentir os elementos, mas como fazia para convence-los? Como que se induzia algo assim?

Agora, já de noite, Ellie estava sentada em uma poltrona próxima a janela, olhando para o céu estrelado impressionantemente sem nuvens através do vidro. Havia tomado banho e prendera seu cabelo selvagem em uma trança grossa que caia-lhe sobre o ombro. Quando olhava as estrelas assim, lembrava-se de Vincent e quando ele lhe explicou como era o espaço.

Apesar de ela sentir seu coração batendo dentro de seu peito, ela sabia que ele estava a quilômetros de distância, com ele. Sentia como se seu peito estivesse aberto, sangrando e dolorido, com um vazio imenso dentro dele.

Ela olhou para baixo e encarou o anel de ametista que usava, aquele o qual Vincent lhe dera. Queria ainda ter o quadro que ele pintara dela, ver exatamente como ele a enxergava, tão bela, com cores tão vivas, olhos como safiras, os cabelos vermelhos intensos e as sardas salpicando delicadamente sua pele levemente rosada. Linda.

O FeiticeiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora