Dever Sagrado

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Sam encontrou facilmente o feiticeiro que guardava as celas. Era um homem alto e esguio, que estava sentado meio jogado em uma cadeira. Ele possuía cabelos loiros que estavam impecavelmente penteados para trás e estranhos olhos cinza metálico.

Então, bruscamente, Sam entrou no corpo daquele homem. A sensação era indescritível, mas era como tentar entrar em um lugar que já estava ocupado e lutar por espaço. Aquele cara gritou e caiu no chão de joelhos, levando as mãos à cabeça. Sam estava se agarrando com todas as suas forças, lutando de verdade para não ser expulso daquele corpo.

O feiticeiro começou a murmurar o que só podia ser um feitiço e Sam entrou em pânico, ele pensou que deveria golpeá-lo de alguma forma. De algum jeito, conseguiu acessar a mente daquele homem e soube que seu nome era Dominik Proulx e que tinha quarenta e quatro anos. Estando dentro da mente dele, Sam falou como um sussurro "durma", como se fosse uma simples sugestão. Mas, fosse o que fosse, tinha funcionado, porque toda a resistência dele subitamente cessou e foi fácil a partir daí.

Sam abriu os olhos e respirou, respirou de verdade, sentiu o ar entrando em seus pulmões e sentiu! O ar gelado ao seu redor em contraste com o leve calor que vinha da tocha logo à sua frente. Ele levou a mão ao seu rosto e tocou sua pele, a sensação foi real. Sam sorriu. Fazia muito tempo que não sabia como era se sentir vivo de verdade.

Ele balançou a cabeça e se lembrou do que tinha que fazer. Foi apressadamente até a cela de Dante e o encontrou colado a grade.

– Você conseguiu, porra! Eu sabia! – ele exclamou animadamente.

– Shhh! Quer que alguém te escute? – Sam olhou para as barras de aço – E agora? O que eu faço? – Ele olhou para as próprias mão como se a resposta estivesse ali.

– Agora você descobre o feitiço que abre a cela.

Sam fechou os olhos e respirou fundo. Concentrou-se em um feitiço para abrir a cela e o conhecimento sobre a magia veio à ele como se emergisse de seu cérebro. De repente, Sam sabia o que fazer. Ele voltou as palmas para as grades, sentiu a energia mágica penetrando seus poros e eriçando seus pelos, concentrou-a na ponta de seus dedos e a direcionou para as barras de aço. Era muita força necessária e suor brotou da testa de Sam.

Quod praecipio tibi hoc aperit ostium, quinque.

Uma abertura se formou na grade como se naquele retângulo especifico nunca tivesse havido barra de ferro alguma. De forma hesitante, Dante saiu e, assim que se viu livre, deu um salto e um soco no ar de modo triunfante.

– Conseguimos! Eu sou um gênio.

Sam pigarreou, arqueando uma sobrancelha para Dante.

– Certo. Nós conseguimos. – Dante se corrigiu, erguendo as mãos em rendição. – Agora – O aprendiz estirou os pulsos à frente do corpo – tira isso de mim.

O fantasma envolveu os grilhões com suas mãos e se maravilhou com a sensação do metal frio sobre sua palma. Novamente sentiu aquele pinicar da magia e pronunciou a palavra "inrita" lentamente, para que o metal pudesse absorver a mágica. E, com um estalo, os grilhões de soltaram do pulso de Dante, que sorriu largamente.

– Puta que pariu, Sam, você é meu herói.

– Você fica me devendo essa. Agora, vamos sair daqui.

– Espera – Dante agarrou o braço de Sam e, mesmo sobre o tecido, ainda era muito bom ser tocado por outra pessoa de novo. – Precisamos encontrar a Amber.

– E onde ela pode estar? – Sam quis saber.

Dante ficou sério repentinamente e pensou sobre o assunto.

O FeiticeiroWhere stories live. Discover now