Serviço de Feiticeiro

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Depois de purificar Eleanore, Vincent havia esgotado cada resquício de magia que sobrou em seu corpo, foi difícil até mesmo andar de volta para seu quarto, ainda mais depois do jeito como Eleanore o olhou depois que ele se negou a ensina-la, como se ninguém nunca a tivesse decepcionado tanto assim.

Assim que chegou em seu quarto, desabou em sua cama como se seus músculos tivessem perdido completamente a função. Não se lembrava da última vez em que tinha dormido em sua cama, era tão macia, que Vincent até mesmo estranhou.

Dormiu instantaneamente, não havia melhor cura para insônia do que exaustão mágica, às vezes, seu corpo desligava contra sua vontade em uma necessidade desesperada de descanso. Isso poderia ser perigoso se acontecesse no meio de um conflito, ou quando estivesse longe de seu castelo.

Quando acordou era noite. Vincent não sabia dizer se tinha dormido apenas a tarde toda ou durante dois dias inteiros, esse também era um sentimento comum para ele, não saber quanto tempo havia dormido ou trocar a noite pelo dia. Acordou sentindo-se melhor, mas não completamente, fisicamente sim, mas emocionalmente, não.

Já fazia anos desde a última vez em que viu Maximus. Só depois de vê-lo foi que percebeu que estava há anos tentando não enfrentar o seu passado e as consequências dele. Maximus era apenas uma delas. Foi doloroso ver no que seu amado irmão havia se transformado.

No jantar, Eleanore não conseguia olhar nos olhos de Vincent, ele não sabia se era por causa do incidente vergonhoso na banheira ou porque ele não quis ensinar magia para ela. De qualquer forma, Eleanore estava excessivamente quieta aquela noite, parecia até um pouco abatida. Não era incomum ela estar um tanto cansada depois do ritual de purificação, era uma magia que exigia certa energia do receptor do feitiço.

Vincent prometeu para si mesmo que falaria com Eleanore amanhã, se ela continuasse chateada.

Logo depois do jantar, ele subiu novamente para seu quarto e tomou um banho, estava sentindo sua pele pegajosa de sujeira. Lavou-se rapidamente e se vestiu para sair, calça justa, botas de couro e uma camisa simples.

Quando desceu as escadas, encontrou June sentada no sofá da sala com os pés para cima e um enorme livro de capa verde escura apoiado em seus joelhos. Ao lado dela estava Bash, deitado encolhido em sua forma de gato. Assim que desceu para o térreo, ambos ergueram o olhar para o feiticeiro.

– Vai sair, Mestre? – a voz de Amber soou das chamas que queimavam na lareira.

Vincent abriu os braços e não demorou para que seu longo casaco escuro de tecido grosso se ajeitasse em seu corpo, assim como sua cartola, que pousou em sua cabeça e a bengala que voou para sua mão.

– Sim, eu tenho serviços a fazer.

– Posso ir? – June e Bash pediram ao mesmo tempo.

O feiticeiro suspirou, enquanto ajeitava a cartola sobre seu cabelo.

– Não. Eu irei sozinho.

Como sempre, June exibiu uma expressão entristecida, Bash não pareceu dar muita importância ao assunto, algo igualmente típico para ele.

Ótimo, agora haviam duas mulheres chateadas com ele. Vincent não pôde deixar de notar que June havia ficado bem mais temperamental que o comum, desde que Eleanore chegou ao castelo. Talvez tivesse que conversar com ela também.


Garten era uma famosa "casa de jogos e bebidas" que ficava na região, um lugar enorme que, do lado de fora até se parecia com um ambiente decente, havia uma fachada de bronze, com o nome "Garten" pintado de verde rodeado por dálias amarelas, o nome da dona da casa. As janelas eram escurecidas e a parede era de uma pedra cinzenta como uma tempestade, apesar de estar aberto, as portas se mantinham bem fechadas.

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