– Tem certeza de que essa é uma boa ideia, Vince? – June perguntou, não parecendo muito preocupada, mas aflita de certa forma. – Você disse que a noite é perigosa pra quem tem cheiro de magia, como nós.
– E é. – Vincent confirmou.
Sebastian e June trocaram olhares significativos.
– E mandou ela pra lá mesmo assim? – Sam questionou, perplexo.
– A Ellie quem insistiu – rebateu Vincent.
– E se ela morrer? – Amber perguntou, em sua característica voz desprovida de emoção.
– Ninguém vai morrer – o feiticeiro assegurou – Está tudo sob controle.
– Morrer, GRA! – gritou o corvo – Ela vai morrer!
– Calado, corvo! – disseram Sam, June e Bash em uníssono.
Vincent acariciou as penas negras do corvo e olhou para a ave empoleirada em seu ombro.
– Vigie ela, Dimitri. – ele pediu.
O corvo grasnou uma última vez e saiu voando pelas portas abertas. Com um acenar de mãos de Vincent, elas se fecharam com um estrondo.
– Você vai mandar o corvo? – Bash questionou, indignado – Agora que ela vai morrer mesmo.
– Nesse caso, seria um problema a menos – Vincent deu de ombros.
Todos voltaram sua atenção para o feiticeiro naquele momento, com uma visível expressão de perplexidade, mesmo June e até Amber emitiu um estalo incrédulo da lareira.
Vincent riu.
– Acalmem-se, é apenas uma piada. Vai ficar tudo bem, não se preocupem.
Ele subiu as escadas e os deixou na sala sozinhos.
– Vocês sabem que toda essa indiferença é falsa. – disse Amber, em seu costumeiro tom crepitante – Se ele está seguro de que nada vai acontecer com Eleanore, é porque ele tem uma maneira de garantir isso.
– Esperamos que você esteja certa – Bash ironizou – Caso contrário, moramos com um psicopata.
Eleanore sentiu como quando fugira de sua casa, caminhando durante a noite, sozinha, em meio as árvores de uma floresta fria. Mas não estava chovendo como naquele dia, ainda.
Uma noite sem lua era absurdamente escura, a fraca chama da lamparina não iluminava muito além de um metro e meio à frente, ela continuava cercada de sombras, que se projetavam assombrosamente por seu caminho como bestas sanguinárias.
A noite era silenciosa, o que acabava aguçando os ouvidos de Eleanore para os mínimos sons noturnos, como o chirriado de uma coruja, o baixo cricrilar dos grilos, o distante farfalhar de morcegos e zumbidos característicos de outros insetos. Mas, acima de tudo, o som rítmico de seu coração agitado soando em seus ouvidos.
Assim que se afastou duzentos metros do castelo, conseguiu sentir quando passou pela barreira que o protegia, foi como passar por um fino véu d'água, uma repentina sensação mais fria, como se fosse uma espécie de manto que oferecia uma mínima resistência a saída dela.
Ela precisou descobrir, primeiramente, onde exatamente ficava o leste. Eleanore sabia que o sol nascia no leste e se punha no oeste. Lembrou-se que via o sol se pondo pela janela de seu quarto, ou seja, aquele só podia ser o oeste, então a direção oposta só podia ser o leste. E foi assim que se guiou, começou uma caminhada reta na direção que supôs ser onde o sol nascia.
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O Feiticeiro
FantasyEleanore VonBerge vive uma vida infeliz e sem amor, menosprezada pelo próprio pai, que decidi casá-la com um homem estranho para salvar a família da falência. Porém, em uma noite de tempestade, quando o dia do casamento se aproxima, ela foge. Desesp...