Verdadeira Essência

1.2K 141 55
                                    

Apesar de ser uma mulher muito elegante, Minerva não andava com graciosidade, como era de se esperar de uma verdadeira dama, ela mancava um pouco e arrastava os pés de uma forma estranha, quase como se não tivesse controle total das duas pernas.

Assim que adentrou o castelo, a magia contida ali atuou, tirando seu casaco e o chapéu. Se fosse alguns dias atrás, Eleanore ficaria ligeiramente escandalizada por ela usar calças masculinas que realçavam tanto suas curvas femininas. Mas ela já tinha feito uso das mesmas vestimentas e podia entender a preferência de Minerva.

– Suas carinhas são novas – a mulher fez um movimento com o dedo indicador, apontando para June e Eleanore – Quem são vocês?

June bufou, deu as costas para Minerva e marchou escada acima.

Bash, que já estava devidamente vestido, pigarreou e passou a mão em seus cabelos cinzentos.

– Essa gentileza, é June. Não leve a mal, ela é sempre assim. – o familiar carregou uma ironia explicita ao pronunciar a palavra "gentileza".

– Eu sou Eleanore – a ruiva se apresentou, fazendo uma mesura cordial.

Minerva mostrou novamente sua arcada dentária branca e se aproximou da menina, segurando seu queixo com a mão, analisando-a como se ela fosse uma égua premiada. Em seguida, Minerva tocou os cachos de Eleanora, observando cada detalhe atenciosamente.

– Vejam só, se não é uma joia bruta que Vincent tem aqui. Uma bela moça, sem dúvida, mas precisa de mais cuidados, sobretudo com o cabelo.

Eleanore corou e, quando se viu livre da mão da mulher, tentou alisar, em vão, seus cachos indomáveis e volumosos. Bem, talvez estivesse sendo um pouco desleixada com seu cabelo, já que desde que chegara ao castelo não se dera ao trabalho de elaborar nenhum penteado que não fosse uma simples trança.

– Eu gostei da outra menina também – Minerva comentou – É temperamental, isso é essencial para se construir uma mulher forte.

– Sem ofensas, Minerva, mas o que faz aqui? – Sam questionou, flutuando para mais perto da irmã do feiticeiro – Da última vez, as coisas não acabaram bem entre você e Vincent.

– Tenho assuntos importantes e urgentes para tratar com ele. – Minerva retirou as luvas brancas que usava e as guardou no bolso de sua calça. Assim como Vincent, ela usava vários anéis em seus dedos, com pedras e formas diferentes. – Onde ele está?

As chamas da lareira se agitaram e um pássaro de fogo veio voando, até pousar no corrimão da escada, sem queimar nenhum centímetro da madeira.

– Não creio que seja uma boa ideia, senhorita Margaux. Vincent está se recuperando de um ferimento recente e ele precisa descansar. Acredito que seja melhor a senhorita esperar um pouco. – Amber disse muito calmamente.

Minerva suspirou e tirou uma mecha solta do cabelo de seu rosto.

– Está certo, eu aguardo.

– Posso passar o tempo com você – Bash se prontificou, usando aquela sua voz e gingado sedutores, oferecendo-lhe o braço.

Antes que a Minerva pudesse responder, outra batida soou vinda da porta de entrada.

– Quem é agora? – Sam olhou para as grandes portas de carvalho.

– Deve ser Dante, meu aprendiz. Deixe-o entrar, Amber – Minerva falou, lançando um olhar firme para o pássaro de fogo. – Garanto que é inofensivo.

Bash e Amber trocaram um olhar cúmplice, por mais que a elemental não tivesse exatamente olhos, era possível saber onde estava sua atenção. O familiar anuiu com a cabeça e Amber se dissipou, suas chamas desaparecendo no ar. Logo em seguida, Bash fez um gesto com a mão e as portas duplas se abriram novamente.

O FeiticeiroWhere stories live. Discover now