O Sacrifício

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Vincent cortou seu dedo com uma adaga que conjurara e assistiu enquanto Bash lambia o líquido vermelho de sua pele. Foi um momento bastante estranho de sua vida, considerando que conseguia sentir a todo momento as pancadas que a entidade e o demônio davam contra sua barreira protetiva.

– Me explica de novo esse seu plano, Bash, para tentar me convencer de que vai dar certo – pediu Vincent enquanto curava seu dedo cortado.

– Agora que eu ingeri seu sangue, quando você se tornar uma besta demoníaca serei capaz de mandar você não nos matar e, ao invés disso, direcionar seu instinto assassino contra o demônio e a entidade – Bash explicou com um ar triunfante – Ah, e se acontecer como da última vez, se você drenar a energia de Ellie por causa da ligação, ela vai cortar a conexão entre vocês.

Ellie assentiu com uma confiança de impressionar, mas Vince não sabia dizer se ela estava apenas tentando soar determinada ou se realmente era capaz de fazer isso. Ele sabia que ela andava focada em usar a ligação entre eles para acessar a experiência de Vincent em benefício próprio e, como nos últimos dias não se falaram, era possível que ela tivesse obtido êxito.

Vincent se voltou para June e colocou as mãos nos ombros dela, pensou por um instante que ela o repeliria, já que andavam um pouco distantes ultimamente, mas ela simplesmente o olhou com curiosidade, além de uma certa obstinação típica de June.

– Preciso que você fique no sótão junto com o Maximus.

– Mas por quê? – June ergueu o queixo com aquela petulância clássica.

– Vou colocar proteções especiais naquela sala e eu preciso que você mantenha Maximus lá, não importa o que aconteça.

June afastou as mãos dele e deu um passo atrás, agarrando a bolsa de couro que estava carregando.

– Eu não preciso ser protegida. Sei que isso é só uma desculpa pra você me manter longe...

Ele se aproximou novamente e colocou ambas as mãos no rosto dela.

– Sei que tem feito poções para uso em combate, sei que Dante te ensinou, eu sei o que acontece no meu castelo, June. E eu realmente preciso que você guarde Maximus e também que fique longe, porque eu não vou conseguir lidar com nada se você ficar aqui, me entende? – Vincent estava com os olhos marejados e piscou para afastar suas lágrimas.

A curandeira consentiu, mas não sem antes bufar de frustração. Ela subiu as escadas com pisadas fortes e desapareceu.

– Acha que é prudente deixar ela sozinha com Maximus? – Dante questionou.

– Acho. A June é forte e ele está fortemente preso por vários feitiços. Ela sabe lidar com ele como eu acho que ninguém mais saberia – Vince respondeu.

– Agora é a parte que você tira as barreiras e enfrentamos essas coisas? – Ellie quis saber.

Vincent assentiu e caminhou muito lentamente em direção as grandes portas de carvalho.

– Uma entidade maligna é um espirito corrompido, ele é frio e intangível, então apenas magia vai funcionar contra ele, nada de ataques físicos. Ellie e Dante, quero que cuidem disso – instruiu Vincent, sem olhar para eles, ainda encarando a porta. – Eu e Bash vamos lidar com o demônio, Amber nos dará cobertura.

O feiticeiro os olhou por cima do ombro, havia um brilho magnético em seu olhar violeta, alguma coisa profunda que não poderia ser dita em palavras, mas todos foram capazes de entender.

Ele ergueu os braços e começou a falar em latim em voz alta, fazendo movimento com as mãos como se estivesse pintando o ar com os dedos. Depois de alguns minutos, Ellie sentiu as barreiras protetivas do castelo sendo baixadas, quase como se uma janela tivesse sido aberta, permitido que a brisa entrasse. Vince abriu as portas da frente e colocou um pé atrás, como um apoio para o início do confronto.

O FeiticeiroDonde viven las historias. Descúbrelo ahora