A Mais Pura Insanidade

648 70 15
                                    

A mente de Ellie estava implodindo, esta era a melhor forma de descrever o que estava acontecendo.

Era um ciclo infinito de seus piores pesadelos. Primeiro, começara com sua mãe, chamando-a com sua voz doce e, de repente, sangue começava a escorrer de seus olhos, seu nariz, sua boca, suas orelhas, até ela morrer bem ali, na sua frente. Em seguida, via seu pai de novo, bêbado e irritado, com aquela garrafa na mão, rasgando sua perna, ela gritando, sem poder fazer absolutamente nada. Então, estava de novo fugindo de sua casa, na chuva, mas em um determinado trecho do caminho ela caia de Dilon na lama e o cavalo a pisoteava, quebrava os seus ossos com seus cascos. Depois, Lex surgia e matava Bulaklak bem na sua frente, jogava-o no chão como se ele não valesse nada.

E de novo, e de novo, e de novo.

Sempre acabava com Vincent, segurando seu coração em uma das mãos, manchando sua pele branca de vermelho, ele lhe dava as costas e fechava a porta atrás, deixando-a em uma escuridão sem fim. Sem fim.

E isso se repetia a todo segundo. Era como se Ellie estivesse vivendo aquilo tudo durante vários anos, mas sabia que não, algo a dizia que não.

Mas estava no inferno.

Entidades mexiam com a mente das pessoas, eles sugavam almas, alimentavam-se da energia vital de seres vivos, como vampiros espirituais. Eles projetavam pesadelos na mente de suas vítimas, para enfraquecer suas mentes, para que suas almas ficassem expostas e eles pudessem alcança-las para se alimentar.

Como sabia disso? Nunca tinha lido nada sobre entidades espirituais, então como? Por que essas informações surgiram em sua mente?

Porque Vincent conhecia essas informações.

Então, o ciclo se quebrou. Ela sentiu como se um vidro se rachasse. Perceber que estava em um pesadelo feito por uma entidade desestabilizava sua ilusão mental.

Maximus Lennox estava bem diante dela, havia um sorriso presunçoso em seu rosto, as mãos estavam nos bolsos de seu casaco. Seus olhos brilhavam intensamente vermelhos como rubis e ele apenas a encarava fixamente de uma forma assustadora.

Ellie fechou as mãos em punhos e as acendeu com a luz violeta de sua magia, pronta para o eminente combate.

– Você não vai encostar em mim – Ellie disse com mais confiança do que sentia.

– Eu realmente não preciso. Você tem uma mente tão frágil, como um cristal prestes a se partir em um milhão de pedaços. Tão fraca que chega a dar pena. E quando você quebrar, eu vou pegar sua alma, sua essência e então terei tudo de que eu preciso.

A voz dele estava diferente, mais melódica, mais suave, quase como uma música sem ritmo, como se suas palavras fossem uma brisa primaveril. Era uma estranha constatação, considerando que aquilo era a manifestação da entidade.

– Não é curioso que a manifestação do seu pior medo seja Maximus Lennox? Não seu pai, não sua tia, nem mesmo Salvatore Lex, mas Maximus. Sabe a razão?

Ellie pensou a respeito, por mais que não quisesse. Sempre imaginou que a pessoa que mais temesse na vida fosse seu pai, mas percebeu que não, que sentia apenas raiva e mágoa dele, não medo, porque seu pai era apenas um homem comum, um homem mal. Salvatore era um monstro, matou Bulaklak, mas... Maximus a apavorava mais e ela jamais tinha se permitido pensar sobre o assunto, desde que ele invadira seus sonhos.

Maximus não a assustava tanto por ela, mas porque ele tinha uma habilidade mais que especial de machucar a pessoa que ela mais amava. Vincent.

Foi então que todo aquele cenário que a rodeava se dissolveu, Maximus sumiu como uma névoa se dissipando, e então estava novamente na sala do castelo, mas não havia ninguém a sua volta, nem Amber, nem Dante, nem Bash, nem Vincent, mais ninguém, apenas ela. As portas da frente estavam escancaradas e tudo que ela sentia era o frio vindo de fora.

O FeiticeiroWhere stories live. Discover now