Capítulo 1 - Tragédia

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Chega uma certa fase da vida que a gente aprende que ninguém nos decepciona, nós que colocamos expectativa demais sobre as pessoas

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Chega uma certa fase da vida que a gente aprende que ninguém nos decepciona, nós que colocamos expectativa demais sobre as pessoas.

Cada um é o que é e oferece aquilo que tem para oferecer, era o que minha mãe sempre dizia e disse minutos antes de morrer.

Eu não entendi na hora, nem naquela semana e muito menos naquele ano, eu tinha apenas quatorze anos.

No meu aniversário de quinze foi o único dia em meses que o dia não acordou sem graça e sem cor, eu acordei animada, Antônia não ia gostar de me ver triste no dia mais importante pra ela. O dia em que ela me deu a vida, o dia que o seu bem mais precioso nasceu.

Ela mereceria me ver feliz, ela merecia me ver alegre pelo menos hoje.

Eu era uma adolescente, me sentia mais importante e muito mais bonita. O meu erro foi achar que ninguém além de mim tinha notado.

Eu passei o dia todo fazendo o meu bolo de aniversário assim eu me sentia mais próxima dela, havia pego no armário velho as receitas de domingo da minha mãe Antônia.

Quando notei as horas vi que faltava pouco para o meu pai chegar do trabalho, não queria o ver já que estava o evitando ao máximo, arrumei a cozinha e me arrumei colocando um vestido que minha mãe havia me dado.

Ele era lindo, vermelho com pedrarias e de alça fina, fiz uma maquiagem que aprendi com as meninas da vizinhança e coloquei uma sapatilha preta. Eu esperava ansiosamente bater as sete horas da noite, movimentava os meus pés de um lado para o outro, minhas mãos suavam e meu estômago roncava de fome, porém esperei mais um pouco.

Minha mãe me disse que eu nasci numa noite muito estrelada, as nove da noite e eu queria esperar, senti que a presença da minha mãe estaria lá por que era bem importante pra ela. Poderia senti-la de novo... nem que fosse por apenas um segundo.

Quando deu oito horas vi a porta abri e olhei para a porta com medo e descaso da presença dele que vinha acompanhado do cheiro de tabaco e cerveja barata, ele tinha bebido outra vez.

Ele tranca a porta e me encara.

— Está tão arrumada assim? Vai sair a essa hora? — Ele pergunta eu olho pro relógio. Só tenho que o aguentar por uma hora. Vou me trancar no quarto e só saio de lá quando ele for trabalhar.

— Se eu fosse sair não seria da sua conta. — Eu digo sem olha-lo.

— Você mora debaixo do meu teto, me deve satisfação de tudo que vai fazer. — Ele diz já com o tom mais alto.

— É o meu aniversário. — Eu digo e ele me avalia, de cima a baixo.

— Você está igual a uma vagabunda. Tire já essas roupas. — Ele grita e eu me assusto e prendo as lágrimas e tento segurar minha mente pra não reviver aquele dia horrível.

Senhorita A - CEO | Livro I | Trilogia Mulheres Indomáveis | Concluído ✔ Where stories live. Discover now