Capítulo XCI - BRUNO

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Após a mudança da gerência e a fuga da Malu, as coisas estão esquisitas.

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Não era comum dormir uma boa noite de sono nesse lugar, mas neste dia eu estava cansado e dormindo feito um anjinho, quando uma forte batida na porta me despertou com um susto.

Sentei na cama sobressaltado e vi três enfermeiros entrando no meu quarto.

– O que vocês querem? – indaguei, tentando não demonstrar minha perplexidade.

Não era comum os funcionários invadirem nossos dormitórios, ainda mais de maneira tão enérgica.

Sem dizer nada, eles me puxara pela camiseta e me arrastaram quarto afora, apesar dos meus incessantes protestos.

Sem qualquer delicadeza, fui jogado e amarrado sobre uma cadeira na sala de exames. Encontrei a Flávia lá e, pela sua cara, ela não tinha chegado de maneira menos bruta do que a minha.

– Você sabe o que está acontecendo? – perguntou-me aos cochichos.

– Não faço a menor ideia.

A verdade é que eu estava receoso sobre as atitudes da nova gestão, mas permaneci em silêncio, enquanto esquadrinhava cada centímetro daquela sala, infelizmente sem nenhum sucesso.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, os três cientistas entraram na sala e, em silêncio, puseram-se a manusear alguns instrumentos que estavam dispostos sobre a bancada.

– O que está acontecendo? – perguntou a Flávia, cheia de temor.

– Vamos dar continuidade ao experimento – respondeu um deles, sem deixar de fazer seus afazeres.

– E isso é necessário? – desdenhei, referindo-me às amarras.

Ninguém respondeu minha pergunta. Revirei os olhos, irritado, mas antes que eu pudesse insistir, um deles se aproximou da Flávia e empurrou sua cabeça sobre a mesa que ficava a sua frente, enquanto enfiou uma agulha na sua nuca. Ela me fitava com pavor nos olhos e então começou a gritar de forma desesperada.

Tentei puxar as mãos, mas as amarras estavam muito presas.

– Parem com isso! – tentei, sentindo o medo crescer dentro de mim.

O som ensurdecedor dos seu gritos estava quase me enlouquecendo. Tudo o que eu conseguia pensar era no quanto eu era grato ao doutor por ter libertado a Malu, mesmo que isso fosse totalmente contra os meus princípios.

Finalmente eles tiraram a agulha da Flávia e os gritos cessaram. Ela permaneceu com a cabeça apoiada sobre a mesa, ofegante e assustada por mais alguns minutos. Os médicos voltaram para a bancada e senti um arrepio percorrer a minha espinha em saber que o próximo seria eu.

O desespero crescente e a vontade insana de deixar essa cadeira – que já era tanta, que meus braços estavam machucados com o atrito – me consumiam de uma maneira inenarrável. Minhas mãos tremiam e senti gotas de suor escorrendo pela minha testa, saindo diretamente abaixo do capacete.

Foi então que algo inesperado aconteceu. Os nós da minha cadeira começaram a ser desatados e os instrumentos sobre a bancada foram arremessados contra a parede oposta. Levei alguns segundos para perceber que era eu. Era a minha telecinese se manifestando, apesar do capacete.

Enquanto os cientistas tentavam compreender o que eu acabara de fazer, levantei da cadeira e corri até a Flávia, que ainda permanecia ofegante, debruçada sobre a mesa.

– Como você fez isso? – perguntou, com a voz fraca.

– Não faço ideia – sussurrei. – Como você está?

– Já tive dias melhores, mas vou me recuperar – sorriu.

A cientista tentou se aproximar de mim, mas afastei com um simples movimento. Esse capacete já não servia para mais nada, afinal. Eu estava livre dessa droga!

– Pare imediatamente! – ordenou um dos homens.

Ri da sua tentativa ridícula. Quem ele pensava que era? Agora era eu quem estava no comando. Continuei arremessando todo tipo de objeto contra a parede, enquanto pensava em uma maneira de sair dali.

– Já mandei parar! – insistiu.

– E com a ordem de quem? – Ri.

Senti uma leve picada logo abaixo da nuca e vi as coisas ao meu redor ficarem distorcidas.

– Com a minha – ouvi uma voz feminina atrás de mim. Era a cientista, que segurava uma seringa na mão com uma expressão de triunfo.

Só então compreendi o que estava acontecendo e, de repente, tudo ficou escuro.

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Eita! Um problema se resolve de um lado e outro aparece por outro D:

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Beijo e até amanhã

As Últimas Cobaias - Livro 3Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora