Capítulo CLXXVII - ZECA

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Um dos grandes problemas em trabalhar em setores separados é que a Malu nunca tinha folga nos mesmos dias que eu. Passar o dia inteiro sozinho tinha tudo para ser um exercício agradável, mas era exatamente nesses momentos que a minha mente começava a me atormentar

Conviver com a culpa é uma tarefa bem difícil e que exige paciência e força de vontade. Alguns dias eram melhores, outros nem tanto. E esse era um dia ruim.

Levantei da cama bem cedo e tratei de arranjar coisas para fazer, porque eu já estava acostumado com essas crises e sabia que o ócio é um grande amigo dos maus pensamentos.

Coloquei meus estudos em dia e aproveitei para arrumar o meu quarto. Quando minha barriga roncou, notei que já estava quase na hora do almoço. A Suzana tinha me convidado para almoçar na casa dela, mas eu ainda não tinha certeza se iria até lá ou não. Esse não era o primeiro convite que ela fazia e eu sempre dava para trás na última hora.

Como a intenção era manter a mente ocupada, resolvi dar uma chance para o seu almoço e fui até a casa dela, mesmo que não estivesse muito a fim de ir.

Fui muito bem recebido por ela e pela Fernanda, como sempre, mas ainda assim, eu estava me sentindo desconfortável e só queria poder voltar para casa.

Depois do almoço, ainda conversamos mais um pouco antes de eu me despedir delas e a Suzana me acompanhou até o portão.

– Eu adorei a visita. – Sorriu, mesmo que não parecesse tão feliz. – Volte aqui mais vezes.

Sorri de volta. Por mais que eu não quisesse ter feito essa visita, eu estava me sentindo um pouco melhor. Abracei-a com carinho antes de sair. Mesmo que não fosse minha família, ela me tratava como se eu fosse um filho e, naquele momento, isso era muito importante pra mim.

– Eu sei que você se sente responsável pelo que aconteceu. – Sussurrou no meu ouvido, ainda abraçada a mim. – Eu também me sinto, porque eu era a única adulta e tinha obrigação de dissuadir vocês daquela ideia descabida. Em alguns dias eu me sinto péssima e tenho vontade de morrer, mas em outros eu penso que, mesmo que tudo tenha saído errado, nós fizemos a diferença e acabamos com aquela covardia. Tente ver as coisas por esse ângulo. – Ela se afastou e me olhou com ternura. – Você não merece viver desse jeito, Zeca.

Concordei sentindo um calor no meu peito que eu não sentia há muito tempo. Finalmente me despedi e voltei para casa, pensando naquelas coisas que a Suzana dissera. Eu sabia que ela tinha razão, mas tinha certeza que o caminho até eu me livrar daquele sentimento ruim seria duro e longo, isso se um dia eu me isentasse dele. Mas saber que eu era amado e tinha apoio incondicional da Malu e, agora da Suzana, me dava a força que eu precisava para continuar.

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Último capítulo :,(

Mais tarde volto para postar o epílogo.

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As Últimas Cobaias - Livro 3Where stories live. Discover now