Capítulo LXXVI - ZECA

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Logo que saí do trabalho naquele fim de tarde, segui até o ponto de ônibus como já era de costume. A condução demoraria uns quinze minutos, o que me dava tempo para pensar e colocar os pensamentos em ordem. Eu só não contava com uma visita inesperada.

– Oi, Zeca – cumprimentou-me a Sara, sentando-se ao meu lado.

– Aconteceu alguma coisa com o grupo? – perguntei.

Sei que fui grosseiro, mas ver a Sara ali só poderia significar uma coisa: problemas.

– Não aconteceu nada. Pode ficar tranquilo. – Sorriu, desconcertada. – Eu só vim até aqui porque eu preciso de um grande favor seu.

Concordei com um aceno de cabeça, incentivando-a a prosseguir.

Então ela me contou sobre uma audição que o Tião faria para entrar para a orquestra municipal e, para isso, ele precisava de documentos. Nesse instante, entendi onde a minha ajuda entrava.

– Então você quer que eu consiga os documentos dele – concluí.

– Os dele e os meus – disse, envergonhada.

– Ei, não precisa ter vergonha. Querer sair daquela vida é motivo de orgulho, Sara.

– Obrigada, Zeca. – Sorriu, aliviada. - Eu nem sei como agradecer. Só não conta nada pro Tonho, por favor. Pelo menos por enquanto.

Dei de ombros. Aquele assunto não me interessava mais.

– Você está bem? – ela perguntou, o que me surpreendeu.

– Estou.

– A gente sente a sua falta, sabia? – tornou. – Não que eu esteja tentando de convencer a voltar pra lá. Acho que você tomou a melhor atitude possível. Mas todos nós sentimos. Até o Tonho, mesmo que não admita isso.

– Eu também sinto muita falta de vocês – sorri. – Vocês são a minha família.

– Então uma hora dessas aparece lá – disse, levantando-se. – Nós vamos adorar.

E antes de esperar minha resposta, ela foi embora dali.

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Beijos e até amanhã

As Últimas Cobaias - Livro 3Where stories live. Discover now