Capítulo CXXI - DANI

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Depois da reunião, Dani tem uma missão importante.

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De todas as minhas missões, essa era, de longe, a mais importante de todas e eu estava ansiosíssima. O Tavinho estava sentado comigo, mas não falava nada, respeitando o meu estado de espírito. Eu sentia que ele estava louco para me encher com suas recomendações, mas ele segurou a língua direitinho.

Não demorou até o Tonho aparecer. Dessa vez eu não iria até o hospital sozinha, o que era ótimo. Eu estava acostumada a mandar mensagens para o Bruno, mas sem precisar adentrar muito naquele lugar. Desta vez tudo seria diferente. Pela primeira vez nós não estávamos agindo às escondidas e é por esse motivo que, apesar da ansiedade, eu estava muito confiante.

– Você está pronta? – perguntou-me ele.

Concordei com um aceno e me transmutei em um pássaro, sendo logo imitada pelo Tonho. Sem mais delongas levantamos voo e não demoramos a chegar a um beco ermo, onde o Tonho se transmutou em uma enfermeira e me colocou no bolso do seu jaleco.

– Fica quietinha aí que logo estaremos lá dentro.

Nem me dei ao trabalho de concordar. Agora que ele tinha assumido uma forma humana, não me entenderia mesmo.

Ouvi quando ele enrolou os guardas da guarita e quando perguntou pela enfermeira que procurávamos. Ao obter uma resposta concreta ele apressou o passo e eu sacolejei bastante naquele bolso. Quando ele parou eu estava prestes a descobrir se pássaros vomitavam.

– Oi, Denise – disse o Tonho, com uma urgência mal disfarçada na voz. – Eu posso conversar com você?

– Nós não temos nada para conversar, Fátima – respondeu, com indiferença.

– É muito sério. Você pode me acompanhar?

Ela concordou de muita má vontade. Seguimos andando em silêncio até uma sala e, sem qualquer aviso prévio, ele me tirou de dentro do bolso.

– O que isso significa? – indagou, enquanto ele me colocava no chão.

Antes que ele pudesse responder qualquer coisa, voltei a minha forma humana, deixando a enfermeira completamente atônita.

Ela ficou paralisada, sem dizer nada por tanto tempo, que eu cheguei a pensar que ela tinha se esquecido de mim, mas finalmente um sorriso se formou naquele rosto que eu conhecia tão bem e eu enfim pude respirar aliviada.

– Eu estava morrendo de saudades de você, menina – disse, apertando minhas bochechas. – De você e da sua irmã. Como ela está?

– A Mag está ótima – respondi. – Mas não foi para falar dela que nós viemos até aqui.

Aproveitando a minha deixa, o Tonho voltou a ser o Tonho, despertando mais uma expressão de surpresa no semblante da mulher.

– Você podia ter arranjado um disfarce melhor, rapaz – ralhou. – Aquela desaforada não está entre minhas melhores amigas.

– Desculpa. É que ela é meu único bom disfarce – desculpou-se, sem jeito.

– Eu fiquei preocupada quando não encontrei vocês duas no nosso esconderijo, menina – contou-me. – Fiquei com um aperto no peito por muito tempo. Agora eu finalmente posso sossegar.

– Ainda não. – Suspirei. – Eu vim até aqui para pedir sua ajuda. Eu sei que a senhora não ajudava apenas a mim e a Mag, não é?

Antes de responder a minha pergunta, ela caminhou apressada até a porta e a trancou.

– Tem mais crianças – respondeu.

– Ótimo! – exclamou o Tonho, animado. – Nós viemos até aqui para pedir a sua ajuda, Denise. Nós fazemos parte de um grupo de fugitivos e estamos planejando um ataque a esse hospital para resgatar todos os internos e esperamos poder contar com a sua ajuda.

– Que tipo de ajuda?

– A gente precisa de uma brecha para invadir o hospital. Esse lugar é quase impenetrável e sem ajuda interna nossas chances são muito pequenas – expliquei.

– E o que exatamente vocês querem que eu faça? – indagou, erguendo uma sobrancelha.

– Nada de mais. A senhora só tem que facilitar a nossa passagem. 

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Esse plano tá ficando cada vez melhor!!

Beijo e até amanhã

As Últimas Cobaias - Livro 3Where stories live. Discover now