- Estou com 20 e você? – Parei brutalmente e o olhei.

- Como você tem à minha idade? – Sorrir debochada e disse: - Mas é claro! Ele traía à minha mãe. – Revirei os olhos.

- Eu sei. – Baixou os olhos. – Ele assumiu isso à minha mãe, depois que saiu dá prisão. Por isso que eles ficaram separados – Respirou fundo e deu continuidade:

- Minha mãe na época não era cristã, não soube esperar o tempo de Deus, e quando ele sumiu ela ficou desesperada. – Voltamos a caminhar, coloquei as mãos no bolso e passei à prestar atenção. - Depois de meses procurando descobriu que ele estava preso, na delegacia mesmo ela ficou sabendo de tudo e com isso ela voltou pro Brasil, porque minha mãe é brasileira.

Assenti em silêncio, enquanto puxava à cadeira do restaurante.

- Ela sofreu bastante, e no tempo que ele estava detido cresci sem sua companhia, ela reconstruiu á sua vida, mas quando meu pai foi solto foi atrás dela, por incrível que pareça minha mãe ainda o amava, por isso não casou novamente. Resumindo. – Esfregou os cabelos e completou: - Ela o perdoou e eu também. Ainda era um menino e não entendia muita coisa, mas mesmo depois de maior eu não fiquei com raiva dele, mas sim, decepcionado.

Observei minhas mãos sob á mesa e tentei organizar à bagunça que se encontrava à minha mente.

- Ele destruiu a vida dela. – Respondi.

- Eu sei. – Ouvi sua voz baixa, e levantei meu rosto em sua direção. – Ele se culpa muito. Acha que ela nunca vai perdoa-lo, mas se eu fosse ímpio, diria que ela está certa:

* Claro! Como ela vai perdoa-lo depois de tudo que a fez passar?

* Como que ela vai olhar no rosto do mostro que bateu na sua mãe?

* Como Sofia vai conseguir superar um homem que quase a estuprou?

- Ainda bem que você me entende. – Respondi, enxugando algumas lágrimas.

- Eu te entendo, compreendo ela e não a julgo e muito menos critico, até porque não sou Deus, mas antes de fazer bem a ele, vai ajudar a ela própria. – Assenti.

- Eu acho que no fundo, Sôh sabe disso, mas o orgulho e o medo a impede de prosseguir. E também, ela ainda não quer perdoa-lo. – Ele me olhou e arregalou os olhos.

- Ela não quer?! – Perguntou.

- Não. Ela tem muita mágoa, muito rancor. Sofia sofreu muito e eu não sei se você sabe, mas perdermos nossa mãe recentemente.

“Ela ainda carrega essa ferida no peito. Foram 2 meses; mais ou menos, que ela permaneceu quebrando a cara, até compreender que Deus estava no controle.”

- Olha, eu sei que pra ela não deve ser fácil e eu não estou a criticando, mas.. Isso não mexe com ela? Pelo que eu vi ontem, Sofia ainda não estava preparada pra rever meu pai. – Balançou a cabeça. – Estou perdido agora.

- Olha só, Lucas. Eu não sei se você sabe de tudo, mas é uma ferida imensa que está em seu coração! – Tentei controlar a voz. – Já se pôs no lugar dela? Sofia, presenciou minha mãe grávida apanhando! – Exasperei.

- Eu sei. Eu sei, mas isso só faz mal a ela! – Insistiu.

- Você acha que eu não sei?! – Bati a mão na mesa.

- Por favor! Desculpe! – Respirou fundo e prosseguiu: - Vamos conversar com calma, eu quero ser seu amigo. Quero que entenda minha linha de raciocínio. Eu não estou contra ela, mas! – Esfregou o cabelo e passou as mãos no rosto.

Autor de Propósitos - Trilogia Autor. #1 (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora