Capítulo 28

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Sofia narrando

  Pesadelo☆

20 anos e meio, atrás!

Hoje era um dia especial, mamãe disse que iriamos contar ao papai, que vou ter uma irmãzinha, eu quero muito ver meu papai feliz, ele anda tão estressado, nem tem mais tempo pra mim, minha mãe disse pra sempre orar, pro papai do Céu, nosso Deus, que ele ajudaria o papai a se acalmar.

Eu sempre oro, mais parece que ele tem piorado, outro dia vi mãmãe soluçando tanto e pedindo ao papai do Céu seu pelo meu papai, fiquei tão triste, queria pode ajudar, mais não sei como.

Ele sempre foi um ótimo papai, era carinhoso, trazia doces e bolos pra mim, mas passou esse tempo, minha mãe disse, que ele tinha perdido o trabalho, eu não entendia o que era isso, mas pra mim, não importava os doces e bolos, só queria o meu papai, de volta!

Mamãe estava grávida - é, essa era a palavra, que ela me ensinou a dizer - agora teria uma bebê pra brincar comigo, tomara que ela não fique só chorando, quero poder brincar de boneca e de pique-pega, quero poder ter alguém, pra colocar a culpa, quando sumir as balas do pote ou até mesmo, quando sem querer eu molhar a cama.

Tomara que papai não chegue fedorento, agora ele não toma mais banho, chega em casa com um cheiro estranho e forte, os olhos dele sempre parecem que tinham saído muitas lágrimas, porque está sempre vermelho, nem ir pra igreja junto com a mamãe e eu, ele não quer mais.

Acho que ele, está triste!

Estavámos fazendo um bolo de cenoura com chocolate, eu não gostava muito de cenoura, mais no bolo, era uma délicia. Papai amava esse bolo, por isso estava feliz, tenho certeza que ele vai gostar.

- Mamãe? Não era pro papai ter chegado? - perguntei a minha mãe, enquanto ela jovaga o chocolate em cima do bolo.

- Ah, minha filha, ele deve ter se atrasado, as vezes a condução demora. - ela me respondeu com um pequeno sorriso.

Acho que ela, não estava tão feliz assim!

- Mas mamãe, eu estou com sono de tanto esperar, fizemos esse bolo muito tarde, papai vai estar cheio de comida já, ele nunca mais jantou com a gente - era a verdade, ele sempre chegava tarde, e nunca comia comigo e com a mamãe.

- Não se preocupa minha filha, ele vai comer, ele gosta, logo, logo, ele vai chegar. Vamos tomar um banho? Seu pai vai nos encontrar, limpinhas e cheirosas, não somos porquinhas, né?

Dei uma gargalhada, enquanto ela fazia cócegas, em minha barriga - Para, mamãe!

- Então vamos porquinha, vamos lavar esse traseiro  branco.

- Mamãe, eu sou toda branca - falei brava, minha mamãe, adorava falar que meu traseiro era branco.

- Está bem, vamos lá, branquinha da mamãe.

Eu e mamãe tomamos banho juntas, ela só sabia me fazer cócegas, me fingia de brava mais não aguentava muito, eu amava.

Ficamos na sala, deitadas no sofá vendo A Bela e a Fera, meu desenho preferido.

Acordei com gritos do papai, minha mamãe não estava na sala, ele gritava lá em cima, cocei meus olhos e levantei, fui meia cambaleando pra escada, bocejei e sorri dando pulinhos empolgada.

Meu papai vai amar, mais uma irmãzinha e o bolo que fizemos.

Assim que cheguei na porta, paralisei.

Meu papai, estava brigando e gritando com minha mamãe, ela estava sentada na cama chorando enquanto soluçava e ele gritava e brigava com ela.

- EU NEM QUERIA OUTRA CRIANÇA, E VOCÊ AINDA ME ENGRAVIDA DE OUTRA MENINA? NEM PRA ME DA UM FILHO HOMEM VOCÊ SERVE? PORQUE NÃO OROU PRO SEU DEUS EM?

Autor de Propósitos - Trilogia Autor. #1 (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora