- Somente precisamos lutar constantemente. Seguir e ter Fé que vamos vencer, precisamos perseverar na confiança em Deus..

Olhei pra Let, totalmente emocionada. Onde estava todo esse dom; que eu não sabia?

Deus usa ela de uma forma tão linda, que me pergunto como minha mãe se sentiria.

A abracei apertado, depois que retirei a bíblia de seu colo, senti suas mãos fazendo carícias em meus cabelos e sorri, mesmo com os olhos marejados.

Eu contaria tudo à ela, porquê ela necessita saber.

Let é tão forte, que mesmo que toda a verdade doa e seja difícil no começo, ela vai superar porque ela confia em Deus.

- Let? – Me afastei enquanto criava coragem pra contar toda a verdade de nossas vidas.

- Está pronta, pra falar tudo? Eu espero não tem problema, Sôh! – Ela disse me incentivando.

- Pronta eu nunca vou estar, tudo isso mexe muito comigo! Mas, chegou a hora! – Let assentiu com a cabeça e me presenteou com um sorriso confortante.

- Você lembra, sobre algo do... nosso... pai? – Tentei soar firme, porém falhei.

- Ah! – Ela me avaliou, estranhando a forma em que falei. – Eu me recordo muito pouco. Por quê?

- Tudo tem a ver, com ele... Antônio!

- Pode falar, Sôh! Estou aqui com você.

Pedi internamente que se fosse da vontade de Deus, que Ele me ajudasse a falar, porque não é fácil.

- Let, tudo começou quando ele perdeu o emprego, eu tinha uns 4 anos, na época. Sei que é difícil acreditar como eu lembro. Mas acho que como sofri, e sempre tenho pesadelos.. Minha mente não apagou, pelo contrário é como se eu vivesse tudo outra vez no momento e depois de cada pesadelo. – Respirei fundo e a olhei.

- Sôh! Você está me assustando! Eu me recordo de brigas e gritos, porém é como se eu tivesse sido, protegida de tudo! – Seu rosto se tornava angustiado. Isso doeu em mim, sei que ela vai sofrer, mas preciso ser verdadeira com ela.

- Deus e eu sempre te protegemos. - Dei um sorriso triste, e prossegui: - Ele depois de perder o emprego mudou completamente; começou a sair e não chegar, foi sempre chegando bêbado e sempre alterado.

“Quando eu estava com uns, 4 anos e meio, minha mãe descobriu a gravides, ela achou que ele iria amar, porém não sei o que ele dizia; até o dia em que descobrimos o sexo do bebê!”

Minha visão se tornava turva, eu iria segurar as lágrimas até o meu limite.

Let tinha poucas lágrimas escapando de suas orbes verdes, e cada vez mais isso me doía.

- Fizemos o seu bolo preferido, estávamos empolgadas pra contar que teríamos mais uma menininha em casa, eu esperei e esperei por ele, até cair no sono, vendo filme com minha mãe. – Um soluço me escapou. Eu não sou forte o suficiente. – Quando eu acordei estava uma gritaria no quarto, eu fiquei feliz achando que eles estavam comemorando.

“Quando cheguei em frente a porta depois de correr pra alcançá-los, tive a primeira pior cena da minha vida!”

- Sôh! – Let fungou e me abraçou, enquanto chorava. – Diz que é mentira! Ele. Ele. Ele, bateu nela?

Assenti com a cabeça, enquanto a abraçava de volta.

- Ele gritou, xingou e cobrou coisas dela, que não tinham cabimento. Aquela foi a primeira vez que o vi, drogado! – Minha voz tremia junto à meu corpo.

Autor de Propósitos - Trilogia Autor. #1 (Concluído)Where stories live. Discover now