O Retorno de Elizabete 06 (Marcelly)

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A vampira cuspiu sangue, enquanto a lâmina de minha arma queimava sua carne. Ela agarrou meu braço, tentando empurrá-lo para que eu retirasse a lâmina de seu corpo, e, usando sua outra mão, tentou me ferir com seu punhal. Porém, eu segurei seu punho, bloqueando seu ataque.

Nós duas medíamos nossas forças, uma contra a outra; eu não conseguia mais mover sequer um dedo, enquanto ela ganhava mais e mais espaço naquela luta mesmo que estivesse ferida e sentindo dor, o que era visível pela expressão em seu rosto.

Finalmente, Elizabete deu o golpe que deu fim àquele impasse: um forte chute em meu estômago que me fez recuar forçadamente com a dor. A vampira também se afastou, colocando sua mão sobre o ferimento causado em seu ombro, que não parava de sangrar.

Eu não estava necessariamente melhor do que ela: meu abdômen doía, e eu mal conseguia ficar de pé por conta disso. Estávamos nós duas feridas, nos encarando.

Um pouco afastado, eu podia ver, Artenis assistia a nossa luta atônito, o brilho dourado que estava cobrindo seu corpo segundos atrás já se apagara completamente. Ele provavelmente estava mais calmo, mas eu podia dizer que continuava aflito, afinal, estava testemunhando uma luta entre sua amiga e a garota que salvara uma vez...

Desculpe-me, Artenis, eu não queria que as coisas tivessem acabado assim, eu não sabia que as coisas acabariam assim...

— Você é realmente boa, eu devo admitir... — Elizabete, contudo, parecia continuar neutra a tudo aquilo, falando com um sorriso indiferente em seus lábios. — Como esperado, continua melhor do que eu na luta à curta distância. Nesse caso...

A vampira apontou seu punhal para o próprio pescoço e — num ato inesperado e insano — o usou para perfurar a própria garganta, fazendo um corte que se abria na horizontal, de onde uma quantidade inacreditável de sangue começou a jorrar para fora de seu corpo como em uma fonte. Eu apenas observava aquela cena surreal em choque, sem saber como reagir.

O... o que diabos ela está fazendo?!

Uma grande poça avermelhada logo se formou no chão à sua frente. Já recuperada do ferimento infligido por si mesma — qual se regenerou rapidamente — a vampira agachou-se, pondo a palma de sua mão sobre a poça que havia criado com seu próprio sangue.

Após ela ter pronunciado algumas palavras inteligíveis para mim, a poça de sangue começou a modificar-se; o sangue no chão movia-se por si só, tomando a forma de letras, palavras e símbolos dentro de um círculo que, para mim, não faziam sentido algum.

— Este é o meu poder máximo, prepare-se! — proclamou ela, com grandeza.

O círculo de sangue com símbolos e palavras desconhecidas formado no chão começou a brilhar num vermelho intenso e, dele, uma enorme silhueta começou a emergir. A silhueta tomou a forma de uma enorme criatura monstruosa de características humanoides, um golem de sangue, por assim dizer. Media por volta dos três metros de altura e vestia uma armadura avermelhada no estilo samurai.

— Ataque-a, Guardião Vermelho — ordenou Elizabete.

— Artenis, afaste-se! — gritei para o garoto, que recuou dois ou três metros enquanto parecia completamente espantado.

Certamente, eu também estava. Já havia lutado contra vampiros usuários de hemomancia antes, mas as habilidades que Elizabete demonstrava ter com a técnica claramente eram de alto nível, algo pouco visto mesmo entre os vampiros mais experientes. Imaginava que ela devia ter treinado bastante para chegar àquele nível.

Obedecendo à sua mestra, a enorme criatura avermelhada deu um salto extremamente longo em minha direção. Rapidamente corri para a direita, escapando por pouco do impacto esmagador de sua queda. Com o pouso, uma nuvem de poeira levantou-se ao meu redor — e eu não conseguia enxergar nada que estivesse além de dois metros de mim.

Maldições de SangueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora