A trate como realmente é

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O loiro confirma e sai andando para a direção que os outros foram. Hermes gentilmente me guia para a saída do prédio da Vogue, e entramos no carro, ficando em silêncio. Eu sentia muitas saudades da minha noiva, mas sei que ela está em um almoço com seus amigos. Lauren, como reparei, é muito grudada nos amigos e amigas, e quero que ela passe bastante tempo com eles, antes de tudo começar a ficar insano. Porque agora, com a estreia do filme, choveriam convites para ela dirigir, e ela teria pouco tempo. Além de que, com nosso noivado, sempre teriam fotógrafos atrás dela, e sei que ela odiaria submeter qualquer um dos amigos ao terror que essas pessoas são. Meu dia seria cheio de reuniões, e uma delas era com Drake Hammes, meu antigo e babaca diretor. O dia seria bem cheio.


(...)


— Não importa nada disso, Camila! – Exclama Shawn, e continuo a andar de um lado para o outro em meu escritório. O rapaz estava sentado em uma das cadeiras, me olhando com um tipo de olhar suplicante. Eu entendia o lado dele, mas não queria fazer isso.


— Claro que importa. Escute, — Me aproximo dele, o encarando – Klaus é um maldito manipulador, que vai fazer de tudo para poder atacar você, e se você mostrar que tem medo dele, o cara não vai parar.


Shawn havia vindo atrás de mim, chegando aqui em casa há uns vinte minutos, desatando a falar de Klaus, e de como o primo havia o procurado, querendo informações e explicações de mim, o ameaçando. Klaus disse que iria contar para os pais de Shawn sobre a sexualidade do meu amigo, e ele ficou apavorado, já que os pais são bem rigorosos.


— Não sei se consigo. Você sabe como Klaus é, ele vai fazer da minha vida um inferno. – Resmunga Shawn, passando a mão em seus cabelos castanhos curtos. Não sei exatamente o que dizer a ele, como poder consolá-lo, já que nunca fui lá muito boa nisso. Gentilmente afago seu ombro, tentando passar uma reação positiva. Ele não podia sofrer por atos que eram dignados a mim.


Eu havia caído na besteira de ter me envolvido com um homem sociopata, que não mediria os malditos esforços para poder ferrar comigo, e consequentemente com o primo. Shawn era um doce de pessoa, esforçado e totalmente preocupado com a família. Mesmo depois de todas as merdas que Klaus havia feito e fazia, Shawn ainda queria ajudar. Ele tinha um ótimo coração e isso estava minando tudo agora.


— Não se preocupe com isso. Vou dar um jeito Shawn, nem que eu vá falar com aquele filho da puta e soque aquele rosto fingido. Ele não vai fazer nada com você.


Shawn assente com a cabeça, e sorrio para ele, querendo mostrar esforço. – Obrigada, Camila. Mesmo.


— Não precisa agradecer. Eu coloquei você nessa encrenca, e vou tirar. Prometo.


O rapaz me dá um abraço, o que me deixa surpresa. Não estou acostumada com abraços, e muito menos vindos dele, mas acho que nossa amizade chegou a um bom ponto. Shawn se despede e sai, me deixando sozinha com meus pensamentos, que pareciam que iam explodir para fora do meu cérebro. Klaus é um bastardo chantagista. Se ele acha que vai fazer o que quer com a minha vida novamente está enganado. Eu vou chutar a bunda daquele filho da puta se for preciso. Passo os dedos por meus cabelos, nervosa com tudo, até que meu celular toca. O pego e vejo que é Lauren.


— Oi, querida. – Cumprimento, ouvindo uma risadinha rouca do outro lado da linha.


Oi, Camz! Eu senti tanta falta de falar com você!


— Consigo imaginar você fazendo um bico daqui, Lauren Jauregui, e estou frustrada, porque queria mordê-lo. – Me sento na cadeira do escritório, me virando para a sua grande janela. Eu enxergava um pedaço incrível de Los Angeles daqui.


Desnecessário frisar esse fato, senhorita Cabello. Como você está?


— Estou bem babe, apesar de ter tido reuniões exaustivas. Esse pessoal acaba comigo. A Vogue quer fazer um ensaio nosso, mas parece que eles se esqueceram que somos um casal, o que envolve duas pessoas, porque pareciam interessados só em falar comigo.


Não precisava ficar brava por isso. Você poderia ter acertado tudo, eu não ligaria.


— Não podia, Lauren. Você não vai ser tratada como um nada, como se fosse minha sombra. Eu não o quero. – Bufo com a passividade dela. Somente fora da cama que ela era assim.


— Não brigue, amor. Eu te amo. Posso pedir a Ally para resolver isso, okay? Agora fique calma, – Ouço risadas do outro lado da linha – todo mundo está aqui, Camz! Zach, Dinah, Ally, Alex, e está tudo tão legal. Me sinto em casa novamente.


Minha garota ficava tão feliz com os amigos, e eu também. Lauren era tudo para mim, e ver ela feliz era o ápice. Cara, como eu a amo. – Isso é ótimo, amor. Fico feliz.


Ouço uma batida na porta, e o rosto de Kyle surge na fresta.


— Senhora Cabello, sua mãe está na linha lá embaixo. Ela disse que precisa muito falar com a senhorita. — Suspiro e confirmo que entendi com a cabeça, e Kyle sai de cena. Me volto para a ligação. – Babe, preciso desligar. Minha mãe está ligando, e deve ser algo importante. Divirta-se, e peça a Ally para me ligar, vou dar o número de Hermes a ela, para o negócio da Vogue.


— Ok. Vou dizer a ela, e dar seu número. Eu amo você, Camz!


Meu coração acelera. Eu sempre fico assim quando a escuto dizer que me ama, pode-se passar semanas, anos, eu sempre terei o frio na barriga. – Eu amo você, Lauren. Muito. Mais do que tudo. Até mais!


— Até mais, babe! — E encerra a ligação. Pego uma lufada de ar bem grande antes de pegar o telefone que havia em meu escritório, pronta para poder ouvir o que quer que Sinu Cabello tenha a me dizer.

Hands To Myself | InterssexualOnde as histórias ganham vida. Descobre agora