Ruby sai e quando volta me entrega um shot de gelatina de morango. Fico olhando para o pequeno copo de trinta ml em dúvida se quero mesmo embarcar nessa de se embebedar.

—Não vai beber? –ela aponta com o queixo para o copo na minha mão. —É vodka com gelatina.

Reviro os olhos.

—Eu sei o que é. É que nunca bebi antes e tenho medo de...

—Ficar bêbada?

Os outros estão olhando pra mim.

Balanço a cabeça envergonhada.

—Se tem medo de ficar bêbada, é melhor não tomar. –ela faz menção de tomar o copo de mim, mas eu o afasto de seu alcance.

—Não, eu quero.

Tiro o plástico que veda o copinho e o viro de uma vez na boca. É doce e travoso, mas é muito gostoso.

Ruby me encara com olhos sorridentes.

—E ai, o que achou? –pergunta.

—Muito bom. –respondo.

Ruby abre um largo sorriso e então começa a dançar colada no Noah. Lucy e Lucca fazem o mesmo, e eu me vejo segurando vela.

※※※

A festa segue a todo vapor.
Tomo mais 5 shoots de gelatina. E de repente me sinto desinibida, mais alegre e menos envergonhada. Acho que é o álcool fazendo efeito.

Dominic e eu trocamos olhares, mas ele não veio falar com os amigos. Continua lá na passarela, perto do Dj, de braços cruzados, observando tudo, igual a um segurança. De vez em quando toma um gole de cerveja e olha pra mim, mas quando percebe que também estou olhando, desvia os olhos.

Com uma coragem que não sei de onde tirei, sigo sozinha para o meio da galera. 

Ruby segura no meu braço.

—Aonde vai?

Ela já tomou seis shoots a mais do que eu e ainda parece que não bebeu nada. Não sei como consegue.

Viro-me de lado.

—Isso é uma festa, não é? Então, eu tô indo dançar.

Saio caminhando rapidamente, antes que ela possa protestar.

Me enfio no meio do pessoal, mesmo de frente para a passarela. Fecho meus olhos e me deixo levar pela a batida pulsante da música. É bom demais. Procuro esvaziar minha mente e tentar só por um momento esquecer de todas as coisas estranhas que aconteceram desde quando minha mãe e eu viemos para Havenwood Falls.
Esquecer da garota assassinada em nosso quintal, da faca que arremessaram no pneu do meu carro que quase me fez capotar, do cheiro estranho de cachorro molhado que não sai do meu nariz, da jóia de família, que na verdade é uma arma de defesa pessoal muito antiga, do nome "Rastreadora", e da profunda tristeza que sinto de não ter podido conhecer e conviver com meu pai, pois ele morreu quando eu tinha dois anos de idade.
Neste momento eu quero ser só a garota de 17 anos que veio para uma festa clandestina em uma fábrica abandonada com a sua prima maluca.

Lua Negra (Editando)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن