Eu preciso de tratamento meu bem.

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      Minha semana não foi nada fácil, posso defini-la usando aquela famosa expressão ''tiro, porrada e bomba'', porque digo isso? Simples, na terça feira quando cheguei a casa depois daquela balada louca de segunda, me arrumei e fui para faculdade ciente de que quando as aulas terminassem eu e Bernardo íamos conhecer a tal escola pra organizar o concerto.

     Porém, sempre tem um, porém né? Quando cheguei ao portão recebi uma ligação do Bernardo avisando que só iria aparecer na universidade pra trancar o curso de música, pois ele tinha sido aprovado no tão sonhado curso de desenho. Sinceramente fiquei muito feliz por meu melhor amigo, mas no mesmo instante me senti desesperado, afinal estava contando com ele pra organizar aquele concerto. Eu sabia que o Bernardo fazia música apenas para não ficar parado, enquanto não conseguia uma bolsa de estudo 100% gratuita na área de desenho, então tentei esquecer um pouco meus problemas e o parabenizei da forma que ele merecia.

      As aulas passaram lentamente, e já comecei a me sentir sozinho, precisava arrumar logo um novo parceiro ou então ia ficar isolado na sala. E falando em parceiro, fui conversar com a Sophie e explicar que agora estava sem parceiro para o trabalho e ela simplesmente mandou que eu me virasse. Fiquei tão irritado, senti vontade de dizer poucas e boas àquela mulher desumana, mas lembrei de que tinha educação e que devia usa-la acima de tudo.

    Quando sai da faculdade fui direto ao tal colégio, chegando lá a diretora me encaminhou a turma com a qual eu trabalharia. Eram uma classe de maios ou menos 30 alunos todos do terceiro ano. Eu me apresentei, recebi cantadas de algumas meninas e no final uma grande patada de todos os jovens. Eles não queriam participar do concerto. Lembro-me de ter praticamente implorado pra que eles colaborassem, mas estavam irredutíveis dizendo que precisavam focar em terminar o ensino médio e entrar na faculdade. Mencionaram até as notas vermelhas que haviam tirado, então foi ai que eu me prestei ao papel mais ridículo da face da terra, combinei com eles que daria aula de reforço se eles aceitassem participar do concerto.

      Sei que parece um negócio horrível,   mas foi à única coisa que pensei, eu era um ótimo aluno no meu tempo de ensino médio então podia ajudar aqueles pirralhos. Marquei com eles que passaríamos a tarde toda ensaiando e a noite eu tiraria dúvidas em qualquer disciplina, consegui também que a diretora concedesse um ponto a cada aluno que participasse do meu trabalho, e desta forma dobrei aquela turma.

    Minha primeira aula foi dada no galpão do colégio e usando os instrumentos que pertenciam à escola, era uma pena uma instituição ter tantos equipamentos musicais e não utiliza-los. O galpão era espaçoso, mas muito degradado pelo visto fazia anos que as paredes não ganhavam uma pintura e séculos que o lugar não recebia ninguém.

      De inicio tudo pareceu estar indo bem, os alunos estavam mais calmos e posso até dizer ''entusiasmados '' então resolvi que era hora de mostrar a pequena lista de instrumentos que usaríamos e as músicas para o evento e foi ai que o alarde começou. Foram tantos comentários que eu estava quase pirando, '' Henrique essas músicas me lembram de meu ex, não quero canta-las '' disse uma menina, outro falou '' tudo muito brega'', o terceiro perguntou de que século eram as canções, e quando me preparava pra mandar todo mundo ir pro inferno alguém resolveu fazer uma pergunta útil:

-Henrique onde vamos arrumar um piano? A escola não tem piano. - A pergunta veio de um rapaz que sentava no fundo, tinha cabelo castanhos e olhos da mesma cor. Ele era um pouco mais baixo que eu, mas tinha um bom porte físico, de acordo com a lista que a diretora me deu ele se chama Felipe.

-Felipe não é? –Eu perguntei e ele assentiu com a cabeça. -Bom Felipe, o piano vai ficar por minha conta,eu tenho um lá em casa e vou trazer para gente ensaiar.- Concluí.

Ao som das batidas do seu coração .Onde as histórias ganham vida. Descobre agora