"Diga que me ama."

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— Você está bem? — Pergunto, quando paro o carro em um sinal. Estávamos próximas do apartamento de Normani e Alex se manteve encolhida ao canto, olhando para a janela, seus olhos dispersos. Seu boné da faculdade ainda estava em sua cabeça, o que me impedia de ver bem seu rosto. Ela se vira para mim, suas orbes douradas brilhando.


— Não. – Suspira, olhando de volta para a janela, depois para mim. – Eu não estou bem. Mas também, como estaria? Eu fodi com a vida de duas pessoas maravilhosas, tudo porque sou egoísta demais para escolher entre uma.


Noto amargura em sua voz, e a garota sacode sua cabeça em indignação, tornando a falar. – Vero e Lucy merecem pessoas melhores. Na verdade, merecem uma a outra. Sempre foi assim. Vercy era real, e todo mundo as apoiava, mas eu não conseguia deixar meu amor juvenil de lado. Fui tão egoísta e insensível, a ponto de não ficar devidamente chateada com o término do namoro de duas das minhas melhores amigas! O sinal se abre, mas deixo Alex continuar. Seus olhos estão vermelhos, cheios de lágrimas não derramadas. Não a interrompo, a deixo falar. Poder cuspir tudo para fora, toda a dor que sente, pode ser bem terapêutico.


— Eu fui uma vadia egoísta, Laur. E mereço isso. Elas merecem estarem juntas, serem felizes de verdade. É bom eu não estar mais em Louisville. – Resmunga, raiva era evidente em seus olhos. Mas não raiva de Vero e Lucy, mas sim de si mesma.


Como não sei bem o que dizer, por estar tão confusa quanto ela, me mantenho calada por toda sua fala. A garota me fala sobre sua despedida de Veronica, e de como a mesma ficou furiosa ao saber do emprego de Lucy na Splash. Realmente, para Alex, estar em Los Angeles é melhor. Ela precisa escolher o que quer da vida, investir em si e esquecer um pouco as paixões. Pelo seu bem. Quando estacionei o carro na porta do prédio de Normani, Alex já havia se controlado. Seus olhos não estavam mais muito vermelhos, seu cabelo havia sido ajeitado debaixo do boné, e ela tinha um sorriso calmo nos lábios. Já eu, vestida com meus velhos jeans e Converse, tinha as mãos nos bolsos durante todo o caminho, ansiosa por uma conversa particular com a morena. Batemos campainha, e pouco segundos depois, uma Normani de shorts jeans curtos, cabelos soltos, e usando um pequena e fina blusa, deixando visível seu piercing no umbigo, nos atende.


Evito olhar muito, controlando aquele desejo maluco da carne, me lembrando dos olhos de Camila e do que ela me faz sentir. Já Alex, bem, ela não esconde a surpresa e admiração. Seus olhos descem por todo o corpo da morena em nossa frente, como em câmera lenta, e vejo um brilho desejoso em seus olhos dourados. Normani, reparando no raio X, dá um sorriso esperto, feliz com a atenção. Será que eu estou mesmo vendo isso? Um flerte entre minha melhor amiga e a amiga da garota que amo?


— Hey, Normani! – Cumprimento, e planto um beijo em sua bochecha. Mantenho-me cautelosa, indecisa sobre como levar as coisas. Demoraria um bom tempo até eu me sentir confortável perto da morena, porque sempre me lembrava de nós, de nossa noite.


— Oi, Lauren. Vocês demoraram. – A morena olha para Alex, que está de bochechas vermelhas. – Voce é a Alex, né? — Normani tem um charme natural, devo confessar. Assim como Camila, a morena sabe como provocar alguém, e eu posso estar maluca, mais ela estava fazendo isso agora com Alex. Minha amiga se inclina, lhe dando um beijo delicado na bochecha e sorrindo.


— Oi, Normani. – Ela fala, ajeitando seu boné. – É muito bom finalmente estar aqui.

Hands To Myself | InterssexualWhere stories live. Discover now