Alex está em L.A

Começar do início
                                    


— Péssimo por que, DJ? — Uso o velho apelido de infância da mulher, visando quem sabe amaciá-la, mas foi falho. Parece que eu a provoco mais, porque ela faz um bico enorme, cruzando seus braços, parecendo que vai me socar a qualquer minuto de distração. Confesso que tenho medo dela. Eu sempre tive. Dinah Jane é uma ótima amiga, mas as vezes passa dos limites de proteção. Ela bateria em alguém diversas vezes se esse alguém machucasse eu, Vero, Alex, Zach, e claro, sua namorada.


— Não seja cínica, Lauren. Você pode ser cínica, irônica, o que quiser com outras pessoas, mas comigo não. Você não mente para mim lembra? – Engulo em seco ao ouvi-la. Um fato sobre minha amizade e a de Dinah: ela sempre, sempre, que desconfia de algo errado, e pergunta a mim, exige a verdade. Não que nós sejamos obrigadas a contar a verdade sempre uma a outra, mas sempre que a outra questiona algo, seja honesta. Eu não fui totalmente honesta com minha amiga, mas nesse caso, mentir era a melhor opção. Ela não podia saber de hipótese alguma sobre o contrato que assinei, e nem toda a bagagem que Camila tem.


— Eu ... – Inicio, mas eu nem sei como começar e tratar. Contar tudo não faz parte do plano. Então eu omitiria. Isso.


— A gente pode conversar lá na sala. Podemos comer panquecas. — Ally fala, salvando o clima gelado que imperava entre Dinah e eu. Na verdade, entre ela. Eu não estava a olhando com vontade de esganar, pelo contrário, eu queria um abraço. Um abraço do meu Lion. Que parecia querer me engolir agora.


Nós vamos até o sofá, e Ally nos dá pratos, servindo as panquecas. Há calda de chocolate, e eu amo a calda de chocolate de Ally. Comemos em silêncio, e gosto disso. Do silêncio. Me dá tempo para poder pensar em que vou dizer. Assim que as panquecas são rapadas dos pratos, Dinah cruza seus enormes e magros dedos em cima de seu colo, me fitando com seus olhos avelã. Os olhos dela são lindos. Dinah é linda.


— Comece, Michelle. Desde o começo. Explique sobre Normani, a Cabello, tudo. Sem mentiras. Só eu, você e Ally. Suas melhores amigas. – Ela dá ênfase nas melhores, e sinto um nó na garganta. Calma, Lauren. É só sua amiga de infância. Não precisa ter medo dela, Dinah jamais te machucaria. Eu acho.


— Eu quero que você entenda Dinah, de verdade, que não foi planejado. – Começo, sendo sincera. – Eu realmente nunca me imaginei na situação de hoje, e sinto muito por não ter contado a você e Ally antes, mas compreenda uma coisa: eu não tinha certeza de nada.


Seus olhos estão focados em mim. Coço minha cabeça.


"Eu me vi perdidamente apaixonada por Camila, como mulher, de uma forma inusitada. Eu sei que ela é uma pessoa extremamente distante, e desconhecida para vocês, até mesmo para mim. Normani é uma ótima garota. E eu gostava dela. Mas Camila surgiu, com toda aquela aura de super estrela, e vocês sabem o quanto eu me sentia atraída por ela. Ela me seduziu. Inicialmente. Seu desejo era só sexo, e eu, cega, concordei. Mas algo grande começou a surgir em mim, e me vi apaixonada por aquela pessoa tão indiferente."


Ao lembrar do começo, quando Camila me ignorava tanto, e depois me tratava como um mero objeto, sinto um pequeno incômodo em meu interior. Me lembro de Nova York. Em como ela foi uma ogra após termos um sexo tão gostoso. Sacudo a cabeça, tentando não deixar minhas amigas reparem, ou sentir aquilo de novo, o incômodo e pesar.

Hands To Myself | InterssexualOnde as histórias ganham vida. Descobre agora