— O que você tinha na cabeça? — Seu tom de voz é furioso. — Invadir propriedade privada, e ainda por cima a casa da Cabello?


— Eu...


— Você nada! Você não tem noção do quão preocupadas Dinah e eu ficamos, Lauren Jauregui. — Me sinto envergonhada e baixo a cabeça.


— Me desculpe. Ally, eu só fiz isso porque queria de alguma forma me sentir próxima dela. Entende?


Ally suspira, pegando na minha mão. — Olha, eu vou te tirar daqui, ok? Dinah está lá fora e eu liguei pro Zach. Ele está morto de preocupação e só não vai vir porque a Amber está com bastante cólica. — Me sinto um pouco melhor ao saber que Ally ligou pro Zach. Zacharias Smith, ou Zach, era o meu melhor amigo de infância. Nos conhecemos desde os 8 anos e somos inseparáveis. Ele é bioquímico, casado com James Dawlish, também bioquímico. Os dois se conheceram no primeiro ano de faculdade e tem uma filha chamada Amber, que eles adotaram de uma mãe adolescente que não queria a criança. Amber tem 7 meses e é a coisa mais linda do mundo.


— Tudo bem, Allycat. Muito obrigada.


Ally se afasta, me deixando sozinha com Timbers e meus pensamentos culposos. Eu simplesmente estava ferrada. Passa um bom tempo e o delegado se aproxima da minha cela.


— Você está liberada, senhorita Jauregui.


— Liberada?


— Sim. A Srta. Cabello retirou a queixa contra você. Ela está aqui e mandou que nós a soltássemos.


Dou um salto e ele abre a porta, tirando as minhas algemas. Saio de lá de dentro vacilante, sem saber exatamente o que fazer. Camila me liberou? E estava aqui? No momento em que chego até o hall da delegacia, vejo Camila lá parada. Ela me encara, seus belos olhos faiscando, mais maravilhosa do que nunca. Ela usa uma jaqueta preta, e percebo com assombro que era a minha jaqueta, deixada no chão de sua escada.


— Oi, Lauren. — Ela diz sorrindo. Quantas vezes eu não sonhei com esse dia? O dia em que ela saberia o meu nome.


— Oi. — Falo tímida.


— Ficou sabendo que eu retirei a queixa contra você?


— Sim. — Abaixo a cabeça, atordoada.


— Ótimo. Você e eu temos assuntos a discutir. Mas quero que você vá pra casa e descanse. A senhorita Brooke está lá fora te esperando. — Fico encabulada por ela saber o nome de Ally e falar que tem assuntos comigo.


— Tudo bem. — Ela me entrega um cartão, que tinha seu nome e um número.


— Esse é meu número. Quero que me ligue mais tarde o mais rápido que puder.


Confirmo com a cabeça, assombrada por finalmente ter seu número. Isso tá tão estranho. Camila se afasta, indo em direção a saída, mas para.


— Adorei a sua jaqueta. — Diz e sai, me deixando de boca aberta. Assino alguns papéis, pego meu celular e saio para fora. Liberdade.


Dinah e Ally estão paradas próximas ao Prius da primeira. Ally me abraça e entramos dentro do carro. — Você tem bosta na cabeça, Lauren? Eu sempre soube que você era retardada, afinal você é fã da Camila, mas invadir a merda da casa dela? — Dinah diz finalmente, após uns minutos de silêncio. — Nós estávamos mortas de preocupação. Ally chegou a chorar.


— Eu sinto muito, Dinah. Sério. Eu não pensei direito. — Ela se cala e vejo Ally sorri pelo retrovisor.


— Vai ficar tudo bem. — Tento acreditar em suas palavras, mas sem sucesso. A presença de Camila na delegacia não é citada e fico satisfeita. Não queria ter que explicar coisas que nem eu sabia. Logo estamos em casa e eu corro para o banho. Ally e Dinah não falam nada comigo, entendendo que eu queria ficar sozinha. Fiquei deitada na minha cama, pensando em tudo que aconteceu. Por que ela me liberou?


Por que pegou minha jaqueta e disse que queria falar comigo?


Bom, Camila Cabello era mais estranha e maravilhosa do que pensei.

Hands To Myself | InterssexualWhere stories live. Discover now