Epílogo

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Jhack

Fico desestruturado. Minhas bases solidas desabam.  A mulher que amo está indo embora, sofrendo, e sei que sou o culpado. Quero fazer alguma coisa para impedi-la, gritar com ela e dizer que a amo, que ela é a coisa mais linda com esse maiô, e que odeio Suzan, aquela vadia! Depois daquela cena no Central Park, Cassandra nunca mais me perdoará. fiquei sabendo que ela estava presente minutos depois quando Suzan me contou, debochando.
Acontece  que lá, estávamos encenando. Sim, é isto. Pense comigo, por que diabos eu ia beijar Suzan? É inacreditável que eu possa odiar essa mulher ainda mais todos os dias. Ela tem se mostrado cada vez mais mesquinha e odiosa, é quase impossível ter uma conversa sensata com ela. Mas voltando aquele dia, não, não! Para falarmos desse dia é preciso voltar à aquele outro dia, aquele em que Suzan apareceu em minha porta, pela terceira vez.
- Oi. - Disse ela simplesmente. Mas notei que seu tom de voz não estava macio como das outras vezes. Parecia unhas afiadas riscando no quadro negro. Torturando os ouvidos.

- É...Oi. - Não sabia o que dizer. Eu só queria ir embora ver Cassandra.
- Preciso falar com você.
- Olha, Suzan eu agora, estava de saída.
Ela olhou para os lados como se estivesse se certificando de que não havia ninguém por perto. Como se precisasse disso, minha casa fica no meio do nada, eu poderia morrer e ninguém ficaria sabendo.
- Será rápido. - Disse cautelosa, empurrando-me para dentro não me dando direito de escolha. Já estávamos dentro, e ela ficou bem à vontade, até sentou-se no meu sofá italiano. Eu estava mais que inquieto, aquilo tudo cheirava a, encrenca.
- Se você poder dizer a que veio... - Falei impaciente.
- Acho que terá de cancelar seus compromissos... - Disparou ela sem rodeios.
- E por que eu faria isso?
- Porque estamos indo para Nova York.
- Você é louca ou o quê? Acha que pode vir aqui e simplesmente arrastar-me junto a você para Nova York? Que merda acha que farei em Nova York?
Pela primeira vez ela sorriu. Mas não um sorriso genuíno, e sim como um de uma hiena que está prestes a saborear os restos deixados por algum leão bonzinho.
- Eu tenho certeza que você concordará em vir comigo.
- Como pode ter tanta certeza? - Perguntei, mas me arrependi depois.
- Você não tem escolha. Parece que reabriram as investigações contra aquele caso em que você está envolvido. Sabe, aquele que fez você voltar para esse fim de mundo. - Essa notícia foi como um balde de água fria em cima de minha cabeça, que me fez tombar e meu mundo girou cento e oitenta graus.
- E o que espera que eu faça? - Me arrependi outra vez por ter feito essa pergunta, por que não fico com minha boca fechada?
- Venha comigo.
Eu debochei sorrindo:
- Ou?
- Ou daqui a dois dias a polícia federal baterá em sua porta, "convidando-o" para um "passeio" à Nova York. Imediatamente meu sorriso sumiu.

Eu fiquei sem palavras. O que eu poderia fazer?
Ela me deu claras instruções de que eu não deveria avisar a ninguém sobre minha "viagem" inesperada, apenas, e apenas, à minha mãe, mas lhe dando vagas informações, disse à ela que iria à Nova York, por motivos profissionais, sem mais nem uma informação.
Eu fico me perguntando quando esse inferno irá passar, mas eu me lembro que...infernos nunca acabam. As vezes simplesmente não temos controle sobre nossas vidas e nem sobre nossos corações. Ao ver Cassandra indo embora, lembro que ainda posso fazer alguma coisa, não quero desperdiçar mais nenhuma chance de redenção. Por isso a sigo. Ela caminha apressada, não querendo minha companhia, mas eu insistirei...

Ela se foi. Deixou-me aqui com o coração dilacerado. Não quis ouvir minhas explicações. Eu teria contado tudo. Sei que não devo envolve-la nisso, mas essa é a única maneira de ela acreditar em mim. Não faço isso por mim, e sim por ela, não quero -la sofrer e saber que sou eu o motivo.
Eu preciso encontar um jeito de reconquistá-la. Preciso dizer à ela a verdade. Preciso recobrar sua confiança. Nem que para isso, eu tenha que sacrificar minha vida.
Estou numa encrenca grande. Minha vida de antes, não existe mais. Antes de tudo, é necessário sair de vez dessa maldita quadrilha que eu nem mesmo escolhi entrar, danem-se as consequências, eu quero voltar para os braços da mulher que amo.

Como Não se ApaixonarWhere stories live. Discover now