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Jhack

Eu fico me perguntando o que fiz da minha vida até conhece-la.
Toda vez que ela se aproxima sinto coisas que nunca imaginei que existia. estive na companhia de muitas mulheres, mas confesso que nem uma me fez sentir assim.
Jamais esquecerei aquele dia em que a vi pela primeira vez, foi também a primeira vez que vi aquele lindo rosto corar, adoro quando ela cora. Naquele dia, depois que cheguei em casa, eu não sei por que, mas aqueles profundos olhos não me saia da cabeça, isso me perturbou por muitas noites, e a cada vez que ela me rejeitava ou me afastava eu sentia cada vez mais uma necessidade louca de conquista-la, de doma-la. Eu precisava a todo custo te-la em meus braços, e para isso seria preciso afronta-la de frente. Nunca conheci alguém tão empenhada em afastar-me, cheguei a quase duvidar do meu poder masculino, quase. No fundo eu sabia que bastaria um pouco mais de persistência para enfconquista-la. Uma prova disso foi aquela noite na caverna. De longe a melhor noite que passei ao lado de alguém. Se eu fechar os olhos e deixar a mente vagar sou capaz de ainda sentir o cheiro de seu cabelo, de sua pele. A sensação de seu corpo roçando no meu, o som de sua respiração pesada misturada na minha, o toque generoso e impaciente nos meus cabelos, a firmeza e determinação que seus beijos transmitiam. Depois desse dia eu tive mais certeza do que queria, eu a queria. Mas que tudo o que desejei na vida. Pode parecer exagero, mas isso não chega nem perto do que se passa dentro de mim.
Talvez Cassandra seja especial por ser diferente. A única mulher que conheço que não usa maquiagem ou veste roupas da moda. Mas mesmo assim consegue encantar sem precisar dessa baboseira toda. Mesmo quando decidiu esconder-se atrás das roupas feias e dos óculos, me pareceu linda. Eu sabia o que ela vinha tentando fazer, ela duvidou de minha inteligência, por isso resolvi não entrar no seu jogo. Não demorou muito para eu notar o quão furiosa ela ficou com minha reação, eu gostei disso. Ve-la irritada me excita. Tentarei irrita-la mais vezes.
Nunca me importei com aparência física, é vã essa tentativa de exaltar a beleza. A verdadeira beleza reside dentro do ser. Cassandra é apenas uma exceção, pois é tão linda por dentro quanto por fora. Descobrir isso é uma das razões pelas quais me sinto motivado a levantar da cama todos os dias.
Agora, aqui deitado olhando para esse teto branco, percebo o quanto senti a falta de me sentir assim, feliz. A ultima vez, eu tinha dez anos. Meu pai, James, ainda estava vivo. Eu era uma criança completa e feliz, pelo menos naquela época, no quintal de casa onde meu pai havia construído uma bela casa na árvore com duas janelas e uma mine varanda. Eu não poderia ter sido mais feliz. Na cozinha, minha mãe, Ana, preparava biscoitos com gotas gorduchas de chocolate branco tudo para agradar o único filho. Mas naquele rigoroso inverno nossas vidas mudariam para sempre, mal sabíamos a profunda tristeza que sentiríamos. Pois no dia dezessete de janeiro de 1995, um terrível acidente de carro levaria meu pai embora, para sempre. Depois do acidente minha mãe e eu viemos morar em Juneau, capital do Alasca. E desde então estamos aqui, no entanto, a cinco anos decidi morar sozinho, minha mãe mora a uma hora daqui, mas eu sempre a visito e vice e versa. Ela não voltou a casar-se novamente, tinha apenas trinta e nove anos no ano do acidente, mas ela insiste em conservar a memória de meu pai, admiro seu amor, mesmo depois de tanto tempo continua inabalável e sólido. Amor como os dois eu pensei existir entre eles. Mas percebi que estava enganado, ele existe sim. E as vezes ele vem de onde menos esperamos.

Como Não se ApaixonarWhere stories live. Discover now