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Abro os olhos mas demoro um pouco a me acostumar com a luz. Aos poucos minha visão vai clareando e percebo onde estou. Na ala hospilatar da escola. Minha cabeça está terrivelmente doída, parece que a bati continuamente num chão duro até rachar, é uma dor terrível. Instintivamente levo a mão à cabeça mas sou barrada por um par de mãos gigantes.
- Ei, quietinha aí! É melhor ficar parada - disse o dono das mãos grandes com maravilhosos dedos compridos...
- Ai... - resmungo. Sorrio, acho que levantei um braço e toquei o maravilhoso homem a minha frente. Sua pele era macia e fria, sorriso mais ainda e... E volto a posição inicial. Tudo está preto novamente.
Quando acordo, minha dor na cabeça está menos mal, consigo até levantar normalmente.
- Como está se sentindo? - pergunta uma simpática enfermeira, anotanto algo em sua prancheta.
- Acho que bem. Que horas são?
- Meio dia e quatorze sra.
- Oh! - foi tudo o que disse. Peguei minha bolsa que estava em una cadeira próxima, o casaco e me dirigi a saída.
- Espere! - gritou a enfermeira - A sra. tem certeza de que está bem? Acho melhor a sr. ficar e ...
- Estou prefeitamente bem, mas obrigada por tudo. - falo me retirando da sala branca.
- O diretor falou para a sra. o procurar assim que acordasse! - a ouvi gritar de longe. Droga! Preferia ainda está desacordada. Mas tudo foi um terrível mal entendido, eu realmente tenho um talento especial para me meter nas piores situações. Quando estou no meio do corredor ouço meu celular tocar, vasculho minha bolsa e o encontro no fundo da mesma. Uma mensagem. De um número que desconheço.

" conversei com o Sr. Augustus. Esclareci o terrível mal entendido, não precisa mais procura-lo, espero que esteja bem. Jhack."

Ótimo. Respirei aliviada, menos uma conversa constrangedora. Quase agradeci ao Jhack, mas não! Me lembrei que o culpado disso tudo era ele. Se estivesse escrito aquele maldito número de sua conta eu não teria ter que insitido a faze-lo e consequentemente, não teria derramado o seu café. Não, mas ele tinha que ser cordial e cavalheiro e não aceitou que eu devolvesse o dinheiro. Ainda não me convenci em não devolve-lo, mais cedo ou mais tarde ele o terá de volta.
Como já perdi todas as aulas mesmo, volto para casa, dirigindo calmamente. Resolvo parar para comer alguma coisa, afinal não tinha almoçado ainda. Vou de comida chinesa. O restaurante fica a alguns quarteirões de casa, então está perfeito. Tranco o carro e entro no restaurante que está parcialmente cheio, pergunto à moça na recepção se há alguma mesa disponível e ela educadamente me guia pelo labirinto de mesas baixinhas. É um lugar um tanto chamorso, com decoração chinesa, com aqueles balões feitos de papel machê, dragões chineses pintados nas paredes, uma música de fundo também chinesa, que confesso não entendo nada. Apesar dos três idiomas que falo, mandarim é muito complicado. Prefiro mesmo o inglês, francês e alemão.
Um bonito garçom asiático me traz meu pedido. Não muito alto, eu diria 1,70 m, mas com ombros largos e um lindo sorriso branco. Mas não me deixo abalar. Apenas assinto com a cabeça e o desprezo com o olhar, seu sorriso galanteador se desfaz na mesma hora. Depois que ele sai, rio comigo mesmo, quase gargalho. Os homens são tão idiotas! Eles se deixam enganar com minha aparência dócil e comportada, mal sabem eles que quem agora dilacera seu coração sou eu. Meu sorriso desaparece quando uma lembrança me vem a cabeça que ainda lateja. Minha mão percorrendo o braço musculoso de um homem de olhos azuis penetrantes. Ah não! Me diga que eu não fiz isso! Coloco minhas mãos no rosto e me encolho. Mas que droga! Talvez eu tenha batido muito forte com a cabeça, ou a febre me causou alucinações, espera! Eu não tive febre! Ah...que merda! Olha as palavras Cassandra! Me repreendi. Maldito! Ficarei o mais longe possível de você! Como vorazmente minha refeição e saio determinada do restaurante deixando um relutante e decepcionado garçom asiático para trás.

Ainda tenho que arrumar minhas malas para o acampamento de dois dias. Por isso tirei a tarde para isso, Gisele só chega as sete da noite, então a casa encontra-se num completo silêncio, excerto pelo som dos meus passos na casa. O que levar para um acampamento? Eu já disse que odeio acampar certo? É que não me canso de me lembrar disso.
Decido levar o mais básico possível, que consiste: numa lanterna, repelente contra insetos, shorts confortáveis e blusas de mangas compridas, chapéu para me proteger contra o sol, e protudos para higiene pessoal. Tudo numa mochila só. Disseram que não é para levar barracas, pois lá ficaríamos em dormitórios, pelo menos nós, os professores. Por isso me sobrou espaço na mochila. Partiremos amanhã as seis da manhã, e eu feliz da vida irei nessa maravilhosa viagem de dozentos km.

- Ainda não acredito que você vai acampar Cas. Você simplesmente odeia acampar! - Fala Gisele deitando em minha cama perfeitamente arrumada, agora não mais.
- Pois é. A professora que deveria ir ficou doente. Então precisarei ir, mas olha pelo lado bom! São só dois dias! - tentei em vão parecer entusiasmada acabando com um sorriso amarelo no rosto. Eu sou péssima em fingir.
- Sei, você parece muito feliz - e cai na risada, e eu a acompanho. Ficamos lá, rindo uma da outra.
- Lembra no primeiro ano do ensino médio quando decidimos acampar no meu quintal? - diz Gisele entre risos - você tentou armar a barraca mas acabou caindo em cima do Bilu ( o seu antigo cachorro ), e o coitado saiu latindo feito louco, mamãe pensou que estávamos sendo atacadas e saiu desesperada para ver se estávamos bem!
- Mas encontrou duas loucas rindo esteticamente - complentei rindo já com a barriga doendo. Gisele faz parte de uma boa parte da minha vida, uma parte boa. E espero nunca perde-la, ela e papai são os únicos que me restaram. Papai. De repente meu sorriso desapareceu, e Gisele logo percebeu, sua expressão transformou-se em preocupação.
- O que foi Cas? - Eu ainda não tinha contado à ela sobre o ocorrido com meu pai. E agora?
- Nada não Gi. Eu só estou cansada. Bati minha cabeça forte hoje e... Droga eu falei isso? Ela agora vai me bombardear com perguntas em três, dois, um...
- Espera! Você não me disse que tinha batido a cabeça. Mas como isso aconteceu? - fiquei imediatamente vermelha.
- Eu...humm... - engasgei com as palavras. Como dizer? Eu não posso contar, por que seria um efeito dominó. Dizer: bati a cabeça por que meu rigoroso diretor me pegou agachada entre as pernas de um professor bonitão que não quis aceitar o dinheiro que lhe devo por que ele me emprestou noite passada para eu pagar a dívida do meu pai viciado... Não, não vou contar. - eu fui pegar uma toalha que caiu no chão e...quando me agachei para pegar bati a cabeça ao levantar. Foi isso! - sorri satisfeita com minha mentira.
- Hum, entendi. Mas por que ficou vermelha?
- Eu? - ri nervosa - imagina, é só a luz. - falei por fim, levantando e saindo do quarto - Vamos comer? Estou morrendo de fome!
- Tá. - ela me olhou desconfiada - como quiser senhorita pimentão!

Como Não se ApaixonarWhere stories live. Discover now