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Ele mal para o carro e salto para fora dele. Apressada demais para qualquer coisa que não seja Jhack.
- Ei moça? - Pergunta o senhor taxista.
Droga.
Eu já estava prestes a correr.
- Sim? - Digo impaciente.
- O que eu faço?
- Eu não sei, apenas aguarde, ta bom?
- Certo!
Eu tento fechar a porta do carro depressa mas a manga da minha blusa fica presa!
- Mas que droga! - Xingo.
- Moça vá com calma aí ou acabará perdendo um braço!
Puxo meu braço com força, tentando rasgar o tecido frágil. E consigo. O Sr. Taxista está reclamando, mas eu não lhe dou ouvidos. Meu mundo todo está centrado naqueles olhos azuis, que eu seria capaz de reconhecer até no inferno. Ele está à 10 m de mim. Ainda não me viu. Mas eu já. E olhando-o deste jeito, sou capaz de jurar que está ainda mais lindo. Qualquer uma com olhos que funcionam param para olha-lo abobadas. Usa uma jaqueta de couro preta, uma calça jeans com uma lavagem escura, camisa branca e botas caras. Seu cabelo continua do mesmo modo que me lembro, e como lembro. Não há mais tempo a perder, então tento manter o mínimo de distância entre nós. Por isso eu corro desesperada em sua direção, eu sei que deveria xinga-lo, bate-lo, soca-lo, pedir-lhe explicações e todas essas coisas ruins, mas eu não sinto essa necessidade. Na verdade meu primeiro impulso é apenas, abraça-lo. Só quero olha-lo de frente, bem em seus olhos, abraça-lo e, só. Apenas isso. Não notei o quanto senti sua falta até agora. Por que, aqui, dentro de mim, algo que estava entorpecido, despertou. De repente um milhão de emoções atravessam os meus olhos, alegria, nostalgia, alívio, desespero, esperança... Decepção? Sim, decepção. Quando estou prestes a chegar até Jhack, sou abruptamente parada, por uma força interior que me obriga a abordar minhas desesperadas emoções.
Jhack está acompanhado. E não é qualquer companhia. Eu a reconheço imediatamente, a morena que estava se jogando em cima de Jhack naquele dia em que quase fui atropelada por um motociclista. Eles estam conversando, ela parece brigar com ele, como uma namoradinha pedindo explicações. Reviro os olhos. Mas então ela sorri, e o abraça. Isso me faz ferver por dentro. Sinto que a qualquer momento vou expelir larva pelos olhos, boca, ouvido e sei lá mais por onde. Mas nada disso é pior, do que ver Jhack beijando-a. O tempo para. As pessoas ao meu redor simplesmente evaporam, as vozes, as buzinas dos carros, todos os sons sumiram. Deixando tudo num surreal e inquietante silêncio. Tudo que ouço são minhas lágrimas silenciosas que umedecem meu rosto e obscurecem minha visão. Sinto um enjôo repentino se formando na minha barriga, por que aquela mulher, provavelmente Suzan eu não sou boba essa com certeza é a mulher das passagens, está grudada no meu homem. Sinto como se um punho invisível estivesse socando meu estômago. E de repente a nuvem de magoas e tristezas que antes pairava sobre mim, desaba. Forçando e curvando meus ombros para baixo, para o chão da vergonha, desolação e decepção. Todo o ar da terra foi sugado, pelo menos o meu, talvez só o meu. Meus olhos obscurecem e embaça pelas lágrimas salgadas. Eu não suporto mais olhar, viro-me de costas e faço meu caminho de volta até o táxi, do lugar de onde eu nunca deveria ter saído, não! Eu nunca deveria ter saído era do Alasca! Mas o que eu estava pensando? Eu sou louca por ter vindo até aqui, perdido meu tempo, e meu dinheiro, para nada! Quero dizer, só para ver que Jhack está feliz com outra. Que bela idiota eu sou.
- A srta está bem? - Fala o taxista quando retorno para o táxi.
- Me leve de volta ao aeroporto. - Minha voz não sai do jeito que desejava, está mais para um lamento.
- Ãh? - Parece surpreso.
- Eu preciso voltar para o Alasca.
- Você que sabe.
Fico agradecida por ele não ter perguntado nada. Pois não quero conversar. Ao chegarmos de volta ao aeroporto, lhe pergunto quanto deu minha curta viagem e depois lhe pago.
- Obrigada- Lhe digo por fim.
Meu telefone toca. Sem surpresa é Gisele.
- Alô?
- Você não me ligou - Falou ela simplesmente, sempre sem rodeios.
- Eu sei.
- Você não parece feliz. Você esteve chorando...?
- É porque não estou. E...
- Por quê? Oh Cas...
- Explico quando chegar no Alasca.
- Espera... O que? Você está voltando? Você é louca? - Dispara Gisele de uma só vez.
- Sim estou, e não, não sou. Fui louca! Por ter vindo até aqui. Agora preciso desligar, explico tudo quando voltar. - E Desligo o celular. Como disse antes, não quero conversar. Nem mesmo com Gisele. Só quero voltar para casa, me trancar nela e comer um balde de chocolate.
•••

Como Não se ApaixonarWhere stories live. Discover now