Como Não se Apaixonar

19

Estou completamente sem ação. Pisco  repentinamente sem saber o que dizer.
- É...eu...só estava verificando se ele estava bem, por que ainda pouco me contou que quando dorme tem dificuldades para respirar, é isso! - mas que mentira. - e se a srt. me der licença eu vou dormir pois está tão tarde! - me viro novamente pra minha cama querendo desesperadamente me livrar dessa inquisição.
- Hum, sei. Também já vou indo, só fui ao banheiro e achei estranho que você ainda estivesse acordada e ainda por cima observando Jhack dessa maneira.
Olho por cima do ombro e digo:
- Certo, então boa noite.
- Boa noite.
Espero ela se afastar e tento inutilmente subir na minha cama sem fazer barulho.
O sono não chega. Me mexo desconfortável nesse duro colchão, meus pensamentos voam, para não muito longe. Na verdade, para alguém que dorme numa cama abaixo da minha. Isso é doentio, como dormir sabendo que o homem que à alguns horas me levou ao céu está tão perto de mim? Definitivamente não dá.

Me assusto quando passamos por cima de um buraco. Estava cochilando mais uma vez. Esse banco de carro é tão desconfortável, não dá nem para tirar um cochilo. Estou sentada no banco do carona, Jhack e Cleo estão no de trás. Olho no espelho retrovisor do carro e encaro a garota que me olha de volta. Horríveis olheiras, um cabelo desgrenhado, roupas amassadas e um olhar de quem não dormiu nada à noite. Suspiro em desaprovação. Estou um caco.
O carro está num completo silêncio. Até mesmo srt. Gelatina está calada, mas por que? Ela geralmente não deixa Jhack em paz, vive importunando-o e insinuando-se. Estranho. Não resisto e olho pelo retrovisor para ver o que se passa lá atrás. Jhack está olhando pela janela, pensativo. E srt. Gelatina reversa o olhar entre Jhack e eu. Arregalo os olhos e coro. Ela me pegou no flagra de novo! Endireito-me no banco e olho novamente para frente,  fingindo que está tudo bem. Por que não chegamos logo? O trajeto de volta parece ainda mais longo. Ain! Olho através da janela do carro e observo as árvores passando, tão rápidas que chego a ficar tonta, por isso baixo o olhar para minhas botas que estão imundas, depois olho para minhas mãos, que estão tão brancas que eu diria que se trata de um cadáver. Meus olhos estão inquietos, querendo pousar num único lugar. Jhack. Mas temo que srt. Gelatina me pegue olhando de novo. Mas prefiro arriscar, olho pelo espelho primeiro para ela, está olhando para algum lugar que desconheço, então sorrateiramente olho para Jhack. E me surpreendo ao ver que ele também me observa. Coro, mas ele sorri. Não um simples sorriso, mas um sorriso tipo, te peguei. Seu sorrio é magnifico, numa perfeita sincronia com o seu bonito rosto. Seus olhos penetram nos meus, e nada mais existe dentro deste pequeno carro. Tão profundos, tão seguros, tão azuis. Me perco nesse olhar que parece duarar horas, mas alguém nos interrompe:
- Então Jhack, seu probleminha de respirar enquanto dorme é recente?
Mas o que? Ah Cleo eu mato você! Estou tão vermelha que a qualquer momento irei explodir. Mas ele ri.
- Sim é bem recente. Na verdade descobri isso lá no acampamento - ele não tira os olhos dos meus. Eu não acredito que ele está confirmando isso.  Ele não tem problema nenhum, muito pelo contrário, ele é perfeito! A não ser que... Jesus! Ele estava acordado quando fui pega no flagra? Ouviu tudo?  Será que viu minha cara de boba observando-o? Oh não.
- Hum...Entendo. - Diz decepcionada Cleo. Sorrio por sua derrota. Pelo menos para ela essa mentira é verdade. Não volto a olhar para Jhack novamente, estou com tanta vergonha que eu seria capaz de escavar um buraco para me enfiar nele. Sr. Will espertinho.
Graças aos céus chegamos. Não aguentava mais ficar dentro daquele carro, por isso saio imediatamente em busca de alívio, tentando ao maximo me distanciar de Jhack. Corro em direção ao meu carro, só paro para procurar minhas chaves na bolsa, que está um verdadeira bagunça! Droga!
- Não precisa fugir de mim, eu não vou persegui-la. - Viro-me e dou de cara com um imenso homem que me observa.
- Não estou, eu só... - deixo cair as chaves no chão. Me abaixo para pegar e Jhack faz o mesmo, sua mão trisca na minha e eu estremeço. Uma pequena eletricidade corre entre nós, levanto o olhar de nossas mãos e o olho bem fundo nos olhos. Estou perdida! Completamente perdida! Como ele exerce esse poder em mim? Pego as chaves e quebro o contato, levanto-me e desajeitada tento abrir a porta do carro. Que não abre. Estou ciente do homem atrás de mim que me observa.
- Que tal destravar o carro primeiro? Merda. Destranco o carro e a porta abre facilmente. Ele ri. Ri de mim. Reviro os olhos e entro no carro. Ligo e o olho. Ele ainda está sorrindo, então sorrio também.
- Até logo gênio. - falo e dou a partida. Deixando Jhack para trás com seus incríveis olhos azuis cravados me mim.