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Por mais que eu tente, é difícil me livrar da pegada de Jhack. Ele dorme profundamente, sinto sua suave e regular respiração em meu pescoço. Em algum momento da noite trocamos de posição de modo que agora minhas costas estão alinhadas em seu peito, que sobe e desce num ritmo preguiçoso, e seus braços estão ao meu redor. Mas me sinto estremamente culpada, como pude permitir isso? Deve haver algum jeito de desfazer isso.
O sol já nasceu, por isso numa perfeita manobra consigo sair do abraço de Jhack. Levanto e estico as costas, e posso jurar que ouvi um creek. Olho para baixo e vejo um sonolento sr. Will olhar e sorrir para mim. Droga! Ele tem que ser tão lindo até quando acorda? Eu devo está um horror!
- Oi - levanta Jhack me encarando de frente. É preciso que eu erga o máximo que consigo o rosto para olha-lo.
- Ah. Oi - sorrio. Ele abaixa a cabeça e me dá um beijo rápido nos lábios. Gelo e arregalo os olhos.
- O que foi?
Suspiro. E vamos nós.
- Jhack sobre ontem...eu
- Não se preocupe, não contarei a ninguém...
- Não se trata disso. Jhack, presta atenção no que vou falar. - agora seus olhos azuis adquirem uma outra expressão, não consigo identificar qual. - eu... A gente não pode continuar com isso. Aquilo foi só um momento de fraqueza, eu....bem, estava com medo e você, eu agradeço, mas eu realmente não posso... - ele sutilmente se afasta e devia os olhos de mim, e vira-se de costas. E eu não entendo. Simplesmente não entendo. Ele certamente não ficou magoado, ficou? Pensei que estava acostumado com essas situações. E o pior é como estou me sentindo, um estranho aperto agora domina meu peito, sinto um intensa necessidade de agarra-lo e dizer que o desejo mais que tudo, que por mim podemos ficar a vida inteira aqui, isolados de tudo e de todos. Como posso ser tão idiota? Dispensando esse homem lindo que está aqui, na minha frente? Ele vira-se de volta com uma expressão petrificada no seu bonito rosto e me encara.
- Não se preocupe, não a importunarei novamente. - falou simplesmente, saindo sem olhar para trás.
O que? Sinto vontade de gritar, e dizer para ele deixar de frouxo e não desistir tão fácil, dizer o quão errado estamos agindo. Mas aí me lembro que foi eu quem começou tudo isso, foi eu quem dispensou o maravilhoso   deus grego de olhos azuis. Me volto para minha bolsa que está no chão e começo a guardar as coisas que estão fora da mesma.
- Cassandra? -sorrio ao ouvir meu nome. Teria ele mudado de ideia? Oh sim por favor!
- Sim?! - grito
- Estão vindo nos buscar. - grita de volta.
Não posso descrever o tamanho da minha frustração.
- Hum, que bom. - mas minhas palavras não saem muito intusiasmadas para alguém que está perdida. - Já estou indo.
Faço minha melhor encenação de mocinha feliz e saio da caverna. No mesmo momento em que vejo um aliviado sr. Gregório e dois guias se aproximarem.
- Jesus! Graças a Deus vocês estão bem! Ficamos tão preocupados! - me abraça sr. Gregório.
- Estamos bem - diz Jhack antecipando-me. - só com sede e fome.
- Então é melhor írmos andando!
Olho para Jheck, mas ele continua sem expressão.
Caminhamos em silêncio, com excessão do sr. Gregório que me enche de perguntas sobre como nos viramos para sobreviver à pavorosa noite. Mas Jhack continua calado. E o ar de repente se tornou pesado, não consigo mais olha-lo. O céu está cinzento de novo, e eu acho que é assim que me sinto por dentro. Desértica e sem vida. Mas por que? Eu não sei. Só sei que a noite de ontem foi uma das únicas em que me senti verdadeiramente viva, mas agora, só sinto um frio vazio no peito. É instintivo, por isso, olho novamente pra Jhack. Agora caminha determinado com as mãos nos bolsos, olhando para frente como se nada mais importasse, e confesso que sinto inveja de como ele encara as coisas, sempre confiante e determinado, inabalável. Eu por outro lado, desmorono por dentro. Consumida pela culpa e arrependimento, mas decido não demonstrar isso. Se ele consegue, por que eu também não posso? Com esse pensamento caminho confiante e com a cabeça erguida, fico ao lado do sr. Gregório e converso alegremente. Ouço um supiro logo atrás, mas ignoro e continuo andando incansável.

Como Não se ApaixonarWhere stories live. Discover now