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Devo dizer o quanto estou descontente? Poxa! Parece que o destino resolveu pregar uma peça em mim, quero dizer, há outros professores aqui, por que qualquer um deles não poderiam ter vindo comigo? Por que tem que ser esse homem?
Estamos caminhando à vinte minutos, eu sozinha na frente do grupo, mas claro, o guia vai a cinco passos a minha frente por que não conheço esse lugar,  e na retaguarda, Jhack. Deixei bem claro para ele com apenas um olhar que o queria longe, bem longe, e não é que o sujeito é mesmo inteligente? Entendou o recado bem depressa, por isso está a uma distância segura. Os outros grupos encontram-se em algum lugar a nossa frente, de forma que somos o último. O combinado era nos encontar perto de uma cachoeira, que segundo o guia, fica a meia hora de onde agora estamos.
Estou exausta. Eu definitivamente odeio mato, inseto, espinhos, e tudo mais que se mexa nessa nebulosa floresta. Eu olho para os lados, e a única coisa que sinto é medo. Se eu ficasse aqui sozinha.... Deus me livre! Agora que o sol está no seu auge, consigo ver melhor, a luz filtra através dos imensos pinheiros, lançando fragmentos de luz que confesso, é lindo. A floresta de coníferas. Nessa época do ano, as flores nascem timidamente, pois estamos no verão. Não vejo animais, mas os ouço, pássaros, insetos, pequenos roedores,  enfim, esse deve ser o famoso som da natureza. A única coisa que quebra o barulhento silêncio, são as conversas dos alunos, que ao contrário de mim, parecem estar se divertindo, dou uma simples olhada para trás e vejo que realmente paressem felizes. Mas sem querer, por pura curiosidade olho mais adiante. E vejo Jhack, e claro, com uma adolescente a tira colo. Ele não paresse muito feliz, já a garota parece ter ganhado na loteria. Rio de sua cara e volto-me para frente.
Quando acho que nunca iremos chegar, ouço um som de água corrente, e apresso o passo para enfim ser recompensada com  uma linda vista, a mais esplêndida que já vi! Uma linda e volumosa cachoeira encontrasse à minha frente, nas suas laterais voluposas pedras ajudam à esculpir essa excêntrica paisagem. Sinto uma gota de orvalho tocar meu nariz e sinto uma grande necessidade de me banhar nessas águas.
Os outros já chegaram, e com o meu grupo, estamos todos completos. Sr. Gregório anuncia que teremos uma hora de pausa para que possamos voltar antes do entardecer, e eu concordo plenamente!
Me sento numa rocha de tamanho considerável e observo os jovens se divertirem, e lembro quando tinha a sua idade. Naquela época não havia grande preocupações, e nem grandes responsabilidades. Nunca fui uma adolescente inconsequente, mas eu tivera meus momentos de travessura. Gisele foi sempre quem deu mais trabalho, adorava ir à festas, namorou quase todos os garotos da escola, e ainda era a mais popular. Eu sempre estive na sua sombra, nem sei como pude virar sua amiga. Nós somos tão diferentes! E foi com esse pensamento que me veio outro, banheiro! Estou apertada! Olho para os lados e percebo que estão todos entretidos, alguns estão dentro d'agua, outros comendo... Então resolvo ir ao banheiro, quero dizer, banheiro natural, ao ar livre, chame como quiser! Me afasto do grupo e atravesso algumas árvores, tentando ficar longe o suficiente para que ninguém me veja, mas também perto o bastante para não me perder. Acho uma árvore com o tronco bem grosso e me agacho para fazer o que vim fazer. E a minha frente vejo uma linda Douglas Aster, uma flor roxa muito bonita, colho-a com delicadeza e guardo na bolsa. Está um perturbador silêncio, será que me afastei demais? Subo as calças e começo a fazer meu caminho de volta, quando ouço algo se aproximar por trás. Ursos? Lobos? Ai Deus! Algo segura meu ombro e eu grito.
- Ei pare de gritar!
Viro-me e encontro Jhack me observando.
- O que você está fazendo aqui? - me pergunta.
- Eu vim... É... Não interessa! E você o que faz aqui? Por acaso está me seguindo agora é isso?
- Mas é claro que não! Eu só é... - passou a mão nos brilhosos cabelos - vim respirar um pouco.
- Há sei! Cansou de ser paparicado pelas mulheres sr. Will? - ele franziu o cenho e suspirou.
- Confesso que as vezes isso é um pouco cansativo, elas não me vêem como seu professor e eu tenho que está constantemente lembrando-as que não sou um de seus colegas.
- Entendo - debocho.
Ele me olha e suspira novamente, dou de ombros.
- E como me encontrou? -perguntei.
- Não te encontrei! Só cruzamos por acaso, e vi que você estava indo na direção errada. Por isso vim aqui guia-la de volta.
Reviro os olhos. Olho disfarçadamente para os lados e percebo que realmente não sei onde estou.
- Certo. Então vamos por que não quero ficar dos outros. Ele começa a andar e eu o sigo. Quando começo a reconhecer o caminho avanço na sua frente para mostrar que também sei o que estou fazendo. Ando orgulhosamente, mas fico completamente sem chão quando ao chegar não há ninguém mais na cachoeira.

Como Não se ApaixonarWhere stories live. Discover now