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Por um instante exito. Fico sem saber o que fazer, sinto um imenso rubor se instalar em meu rosto. Mas ajo como manda minha consciência.
- Vocês não deviam estar em seus dormitórios agora? - falo com as mãos na cintura. O garoto, que estava sobre a garota enconstada na árvore, gira o corpo para me olhar de frente, e ao me ver, perde toda a cor que um dia estivera em seu jovem rosto. Parece um fantasma de tão branco. Eu diria que ele tem uns dezessete anos, e a garota que agora me olha de um jeito como se eu fosse a morte e ela o bichinho indefeso, deve ter também a mesma idade. Tenta em vão cobrir seu corpo, pois seus seios estão à mostra, e sua saia está na base do joelho, já o garoto, graças a Deus está de calça jeans, mas sem a camisa. Os dois parecem ter perdido a capacidade de falar, por isso, falo novamente:
- E então?! - lhes lanço um olhar cético, e estreito os olhos para enfatizar o que disse. O garoto está agora totalmente de frente para mim, e é quem fala:
- É...hum... - então lembro vagamente do garoto, quero dizer, acho que lembro de algum lugar....Jonas! Sim é ele! O garoto que estava com Jhack, naquele dia maldito... Mas ele não consegue mais pronunciar uma palavra, a garota agora está vestida, e parece mais segura. Então toma a palavra:
- A senhora queira nos desculpar, isso não irá se repetir novamente - ao dizer isso parece muito segura de si, nem parece aquela moça assutada de ainda pouco. Ela desvia o olhar de mim para Jonas e vise versa, mas seu olhar se demora um pouco mais nele, quando o olha percebo o que há ali. Percebo o jeito que ele a consola sem palavras, e o jeito como ela o conforta com um leve sorriso. Isso entre eles é amor. Mas eu não demonstro emoção, isso para mim não importa, não mais. Mas não foi o seu amor jovem que me fez ceder, e sim a coragem da garota, admiro o ato da coragem. Essa garota, que na sua posição, aquela que foi pega numa situação delicada, agora ergue seu alinhado nariz como alguém com uma autoconfiança inabalável.
- Tudo bem, mas espero não ve-los por aqui novamente! - falei autoritária, até parece que venho aqui com muita frequência. Jonas, que antes, olhava para a moça, resolveu olhar para mim, mas de repente fez uma cara estranha, como se, se estivesse lembrando de algo.... Droga! Será que me reconheceu? Ah não é possível! Eu achei que ele não havia reparado em mim naquele dia.... - Certo? - falei por fim, tentado esconder meu rosto com meu cabelo.
- Muito obrigada senhora! Só peço, que....que a senhora não conte aos outros, por favor! - disse a garota corajosa. E Jonas continuava me encarando com uma expressão de confusão. Eu rapidamente comecei a me afastar tentando me esconder daquele olhar quase acusador.
- Sim, não se preocupem! - acenei com a cabeça - só não me façam passar por essa situação de novo, ou serei obrigada a comunicar a diretoria e consequentemente seus pais.
- Oh não por favor, não se preocupe. - tratou logo de falar a moça. Mas a essa hora eu já estava quase longe demais. Virei de costas e fui embora com uma terrível sensação de desconfiança.

Já estava na hora do almoço. Por isso fui direto para o refeitório, e lá já estavam quase todos. Não voltei a ver os amantes da floresta novamente, então suspirei aliviada, não sei como reagiria se os visse, principalmente o garoto com o olhar acusador.
Observo que há uma mesa onde estão sentados os tutores, e vejo ainda um lampejo de cabelos dourados na ponta da mesa, atraindo todos os olhares, é claro. Srt. Gelatina está babando a sua esquerda, e há também algumas alunas cochichando e rindo das mesas próximas, todas com uma profunda admiração. Todas idiotas. Reviro os olhos e vou pegar minha bandeja, hoje teremos purê de batata, molho de carne, arroz e aspargos. Decido sentar-me bem longe do centro das atenções, dou uma furtiva olhada, e me surpreendo vendo que Jhack me observa. Desvio o olhar, mas me sinto esquisita. De repente, comer se tornou uma tarefa difícil, pois me sinto estranhamente observada, olho novamente e ele continua olhando, e dessa vez sorri. E eu enrubesço, não sorrio de volta, e isso lhe causa uma leve decepção. Me concentro no meu prato e volto a comer, sem mais olhar para ele.
O tempo melhorou, então saíremos as duas horas da tarde em trilha. São meio dia, então tenho duas horas para descansar, rezando para que no dormitório não aja ninguém. Me dirijo para lá e fico aliviada ao ver que de fato está vazio, subo em minha barulhenta cama e me deito apoiando a cabeça no braço direito me deixando de costas para a porta. Com os acontecimentos da manhã, rapidamente pego no sono. Por isso, acordo sobressaltada quando alguém chama meu nome.
- Srt. Cassandra? - chama uma insistente voz feminina. Viro-me em direção à voz. Srt. Gelatina está parada em frente à minha cama, toda arrumada para a trilha. Droga! Dormir demais!
- Ah, oi!
- Faltam apenas dez minutos para partimos.
- Ta bem, obrigada. - desço apresada do beliche fazendo um som engraçado, pego minhas coisas e corro para o banheiro. Para mim não é problema arrumar-me tão depressa, por isso tomo um banho rápido, sem lavar o cabelo, me seco com uma toalha, visto minha camiseta e logo por cima uma blusa preta de mangas longas. Opto por uma calça jeans de lavegem clara, e botas é claro, sem esquecer meu surrado casaco marrom forrado. Prendo meus cabelos amarelos num desastroso rabo de cavalo. Recoloco meu óculos e dou uma breve olhada no espelho. Pareço uma velha. Gisele tem razão, eu bem que poderia me arrumar um pouco mais... Mas é que não quero chamar atenção, odeio ser observada, não gosto que me olhem, se eu pudesse escolher ser invisível eu escolheria. Por isso ergo meu pontudo nariz, e sorrio triunfante. Essa era a intenção, sempre parecer desinteressante. E olha! Me aprontei em oito minutos! Sorrio mais ainda! Quebrei meu recorde. Ao me ver, srt. Gelatina fica surpresa com minha rapidez, eu dou de ombros. Fazer o que, é prática srt. Gelatina, são anos chegando atrasada e tendo que improvisar!
O tempo realmente melhorou! Chego até ver o sol. Oh o sol, que coisa linda! Fonte de vida, uma das coisas que admiro é o sol, sua existência serve para mostrar grandiosidade e magnitude, o quanto um ser é poderoso e exencial. Foi preciso retirar meu casaco. E me senti um pouco desconfortável por que a camiseta e a blusa não fazem bem o seu trabalho de desfarçar minhas curvas. Tento a todo custo abaixar minha blusa para cobrir a parte frontal do meu apertado jeans.
- Tudo bem srt. ? - fala se aproximando o professor Gregório.
- Oh, sim - falo endireitando a postura.
- Hum, ta bom. Será que a srt. poderia acompanhar aquele grupo ali?- aponta para um grupo de jovens, mais ou menos dez.
- Sim, sim, claro. Ele sorri fazendo seu bigode branco se erguer, parecendo algodão, e pondo suas duas mãos em sua protoberante barriga. Sorrio de volta, Sr. Gregório parece um cara bacana.
- Está bem! Então deixa eu ir que ainda preciso amarrar cordas nos pulso dos meus jovens - se afasta gargalhando alto. Ótima ideia sr. Gregório! Pensei, do jeito que esses garotos são, é só eu desviar os olhos por um segundo para uma moça engravidar. Rio com essa pensamento.
Chego perto dos jovens e digo:
- Estão todos aqui?
Uma aluna respond e:
- Acho que sim. Deixa eu ver - ela se vira e começa a contar. Depois volta-se para mim e prossegue - sim estão!
- O.k., então vamos! - me viro e começo a andar quando...
- Esperem por mim! - gritou uma voz ao longe. Virei-me e me deparei com uma linda e horrível visão. Jhack vinha correndo em nossa direção, espera, não é o que estou pensando... E como se lesse meus pensamentos falou:
- Eu irei com esse grupo! - falou por fim, ofegante e cansado do esforço que acabara de fazer.

Como Não se ApaixonarWhere stories live. Discover now