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Recomponho-me, coloco meu casaco ao redor da cintura e vou direito para a primeira aula.

Tudo ocorreu bem, os alunos me olharam e pensaram que se tratava de uma nova aluna, mas eu logo lhes disse que era a nova professora. Precisamos mudar isso. Ora, eu sou uma professora agora! Mas fora isso, e o incidente da saia, tudo saiu como o esperado. Chego em casa às 15:22 min, exausta. Me dirijo direto para geladeira, sanduíches já!
- Ora se não é a Srt. Cassandra, como vai a nova professora maluca que escolheu justo a matemática? Fala Gisele descendo as escadas, com um largo sorriso, queria os dentes perfeitos e brancos dela.
-  Já lhe disse Gi, amo os números. Você deveria já ter se acostumado.
- Nunca me acostumarei com matemática. Faz uma careta engraçada, e eu não resisto e acabo rindo. - Mas então, achou algum professor gato por lá? Para me apresentar - completou rapidamente, Gisele sabe que não posso namorar, sabe do meu pacto.
- Hum...não, Gi, aquilo é uma escola! Não um lugar para procurar um marido. Fico vermelha ao lembrar do professor bronzeado. Como é mesmo o nome dele? Ele não disse.
- Ei? Por que está vermelha?
- O que? Eu? Eu não...é só o sol...
- Sol? Que sol Cas? Caso você tenha se esquecido estamos no Alasca. Ta um frio do caramba. Espera. O que aconteceu com sua saia?
- Essa magnífica saia rasgou! Me deixando na mão. Eu mato você Gisele Spink! Ah eu mato! Então ela sai em disparada, subindo as escadas  pulando os degraus e eu no seu encalço. Agradecida por ela ter esquecido da minha reação esquisita.

A noite, levo meu computador para o quarto, e programo as próximas aulas. Sempre fui assim, prevejo as coisas e me programo para elas. Sem percalços, sem distração. A minha vida sempre foi muito simples, perdi minha mãe as nove anos, e fui criada pelo meu amado pai. Nada me faltou, ele esteve presente em tudo que eu fiz, desde o jardim de infância até a formatura, e eu o amo por isso. Nunca precisei de ninguém para ser feliz, aprendi muito cedo que nada é para sempre, que a vida dá mas ela também tira. A questão é como lidar com isso. E eu sou mestre nisso. Também não tive muitos namorados, dois para ser exata, mas esses bastaram. Não deixo minha beleza transparecer, talvez seja o meu exceso de inferioridade. No ensino médio eu era tola como qualquer adolescente da minha idade, vestia roupas da moda, usava maquiagem de uma forma exagerada, tudo para emprecionar os   garotos. Mas na faculdade percebi que isso era perda de tempo, então parei de me arrumar, passei a usar Cardigans, abandonei as lentes e optei pelos velhos e bons óculos. Hoje foi o único e último dia que usei aquela saia rudicula. Meu cabelo está sempre desgrenhado, num tom de louro que a muito precisou de sol. Meus olhos escuros me deixam um ar de boneca,  aquelas bonitinhas com olhinhos redondos que ninguém quer brincar, meu pai sempre diz que puxei a mamãe, diferente do resto da familia que tem os olhos verdes. Sou pequena para minha idade, 1,61 m, e o que mais odeio, o meu corpo magro. Por que não posso ser bonita como Gisele? Diferente de mim, ela possui expressivas curvas, um cabelo dourado cheio de vida e uns olhos azuis daquelas modelos de Los Angeles. Ela poderia ser modelo! E eu uma frentista num posto qualquer de gasolina, ah e que tal trabalhar numa mina de carvão? Assim me cobriria de preto e ninguém me notaria! Ótimo! Mas infelizmente, não dá. Sou professora. Não que alguém note uma banal professora como eu. Legal, estou no emprego certo. Ahá Gisele!

Como Não se ApaixonarWhere stories live. Discover now