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Eu nunca imaginei que sentiria tanta falta da minha casa. Tão mais aconchegante, quentinha e limpa. Diferente daquele matagal todo. A casa está vazia, estou com saudades de Gisele, mas agradeci mentalmente por ela não estar em casa. Subo correndo as escadas mais feliz que nunca. Eu deveria estar me sentindo culpada ou até mesmo arrependida por ter beijado Jhack, mas a verdade é que nunca me senti tão leve e feliz. Agora dentro do meu quarto, olho para o espelho grande, a muito isolado no canto do quarto, que reflete perfeitamente todo o meu corpo. Avalio-me. Retiro o óculos. Tenho um estranho brilho nos olhos, solto os cabelos e os observo cair sobre os ombros, é impressão minha ou estão mais brilhantes? Sorrio. Coloco meu IPod no máximo e começo a dançar no ritimo de Beyoncé. Sinto-me ridícula. Mas quem se importa? Ninguém pode me ver! Grito:
- Ninguém pode me ver!
Mas o que comigo? Não me reconheço! Começo a tirar minhas roupas peça por peça, sem deixar de dançar feito um pato sofrendo convulsões, vou me dirigindo para o banheiro, usando uma escova de cabelo como microfone. Me desculpe Beyoncé, mas nem você chega aos meus pés! Rio, não! Agora gargalho! Muito, muito alto! Acho que estou louca. Tudo isso por que beijei um cara depois de três anos? Sim! Tudo isso e muito mais! Canto debaixo do chuveiro, a água quentinha desce pelo meu corpo, aquecendo-me. E imediatamente uma lembrança me vem à cabeça. Os braços fortes de Jhack me envolvendo. Fecho os olhos e deixo a mente vagar, preguiçosa em meio as lembranças. Por que me sinto assim? Eu não devia estar desse jeito, ele nem deve mais lembrar disso. Com certeza esqueceu, não passo de uma aventurazinha comparado à sua vida de experiências. Desligo o chuveiro e me enrolo numa macia e felpuda toalha cor de rosa. Enrolo uma também em meus cabelos molhados. Visto um vestido xadrez fora de moda, seco e penteio os cabelos, e me arrasto pra a minha confortável cama. Teremos o resto do dia para descansar antes de voltar ao trabalho amanhã, por isso durmo a tarde inteira. Só acordo quando Gisele chega pulando em cima de mim, quase me derrubando da cama.
- Ei, ei! Desse jeito vai me matar - reclamo, mas depois sorrio do jeito maluco de Gisele.
- A intenção era essa Professora! - zomba ela. Ainda não aceitou de fato a escolha que fiz em relação à ser educadora.
- Oh então devo antecipar seus planos. - pego um travesseiro e começo a ataca-la de modo dramático. Ela pega outro e faz o mesmo. Penas voam alto, cobrindo nossos cabelos, caio exausta no colchão, rimos estericamente. Ela me olha com um olhar acusador.
- Espera, espera... - ela levanta da cama e me observa, rodeia a cama e me olha de frente, cruza os braços e diz:
- Tem alguma coisa errada com você!
- Do que você está falando?
- Ora, de você! Esse seus olhinhos aí não me enganam. Anda me conta logo o que aconteceu com você nesse acampamento que te fez mudar, quero dizer, tirando essas suas roupas feias.
- Deixe minhas roupas em paz Gisele! Já conversamos sobre isso!
- Não me venha com essa Cassandra! Não tente mudar de assunto. Eu sinto que tem algo de diferente em você.... - ela anda de um lado para o outro pensativa com um dedo debaixo do queixo, e eu continuo calada, a acompanhando com os olhos. - Já sei! Você transou! Não é?
- O que? Mas é claro que não! Você acha que sou o que? - fico vermelha.
- A ha ha, estou brincando! Eu sei que você não faria nada do gênero...
- Na verdade, eu fiz algo sim. - falo, mas rapidamente me arrependo.
- Meu Deus, Cassandra Verc fazendo alguma coisa?! É o fim dos tempos mesmo! E o que foi que você fez em?
Coro. Sinto que minhas bochechas vão explodir!
- Eu...é...bom...
- Anda fala Cas! Quer me matar de curiosidade?
- Eu beijei um cara - falo e enterro meu rosto no travesseiro, tentando esconder minha cara de pimentão. Mas nada ouço da parte de Gisele. Então por curiosidade levanto lentamente a cabeça. Só para me deparar com uma estupefata Gisele, que não consegue verbalizar nada. Ela escancara a boca e se joga novamente no colchão gritando:
- Eu não acredito! Eu não acredito! Mas quem é o maluco? Anda me conta mulher! - ela está segurando meus ombros com as duas mãos só para dramatizar.
- Meu colega de trabalho. - ela me solta desanimada.
- Ah Cas! Um velho solteirão que ninguém gosta? Você merecia mais.
Como é? Não consigo imaginar Jhack como um velho solteirão que ninguém gosta. Ele é totalmente o contrário. Rio estericamente.
- O que foi? Agora virou maluca também?
- Não Gi. É só que ele não é como você está pensando.
- Ah é? Então como ele é?
- Deixa eu pensar... Como se eu precisasse pensar nas características de Jhack, sabia - as de co. Alto, talvez um 1,82 m - ela arregala os olhos isso me encoraja à continuar - cabelos sedosos e dourados, olhos incrivelmentes azuis, pele dourada e macia, o tipo que já nasceu bonita, ele também tem uma covinha charmosa no lado direito da boca bem esculpida, e como. - agora não estou mais falando para Gisele, e sim para mim mesma, lembrando de cada detalhe maravilhoso seu. - possui ombros largos e fortes, e uma barriga sarada que dá vontade de passar a mão, resultado de muitos de academia, acho. E tem o sorriso mais lindo que já vi, tão sinceros que quase acredito. E seus dentes são uma perfeição em branco. Mas a parte mais charmosa dele, é quando te encontra com o olhar, com aqueles olhos de um tom de azul tão penetrantes que as vezes chego a me perder. - sinto um arranhar nos olhos e percebo que é pela falta do movimento de piscar, então pisco para clarear a visão e mente e retornar para a realidade que é meu quarto, que abriga uma pálida Gisele que me observa como se eu fosse uma espécie de aberração.
- O que foi? - Digo.
- Eu nunca imaginei na minha miserável vida que um dia eu veria isso que estou vendo agora.
- O que?
- Você apaixonada.

Como Não se ApaixonarOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz