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O amor é uma coisa engraçada. Você acredita que encontrou a felicidade plena. Que ninguém pode tira-lo de você, mas isso não passa de uma farsa. Odeio os homens, e tudo o que eles representam. Machistas, autoconfiantes demais, acham que estão no centro de tudo. Que é só sorrir que pronto! Sairemos correndo para lamber seus pés. Não comigo, não mais. Se você tiver foco e não ligar para eles, você ultrapassa isso muito fácil. Funciona muito. Saí muito machucada dos meus dois relacionamentos, e desde então passei a ignorar os homens. Até mesmo os professores bonitões como Jhack, estou acostumada com o tipo dele, meus professores da universidade viviam me cantando, mas eu nunca liguei. Adoro ser livre e  independente, quando você fica sozinha, não precisa se preocupar se o seu coração irá se partir ou não, ser sozinha não é tão ruim assim.

A escola está organizando um passeio de dois dias ao interior da cidade, para que os alunos tirem suas próprias conclusões sobre a vida ao ar livre, será como um acampamento. Só alguns professores iram, biológia e química. Ainda bem que não fui escalada, odeio acampar. Será daqui à uma semana, até lá as coisas estão bem agitadas, os alunos estão muito empolgados.
- Samer, será que dá para você prestar atenção aqui ?
- Desculpe Srt. Verc - quase não consigo dar minhas aulas, eles simplesmente não param de falar sobre a viagem.
- Então venha até aqui e responda a questão 12.

Com apenas dois dias para o acampamento, sou chamada à comparecer a sala do diretor. O que eu fiz de errado? Algum aluno reclamou de mim? Ou professor?
- Por favor sente-se Srt.
- Obrigada.
- Bom, acho que a senhorita soube que a senhorita Gil ficou doente. E até agora não houve melhora. Sendo assim, não há outro para substitui-la. E vou precisar que a senhorita vá em seu lugar. - não acredito. É isso mesmo? Vou ser obrigada a ir nesse lugar?
- Ah, claro Sr. Augustus.
- Oh muita obrigada senhorita, a senhorita não sabe como me tirou um peso das costas. Vou comunicar o Sr. Will que encontrei outra pessoa para substituir a Srt. Gil. Diz um sorridente diretor. Muito legal, só pode ser o destino brincando comigo! Eu nem gosto de acampar, na verdade odeio! Já mensionei que odeio mosquitos? Pois é odeio, tenho uma pele um tanto sensível a tais pestes.  O jeito é me preparar psicologicamente.

Olho mais uma vez para meu guarda-roupa, e fico decepcionada. Do que estou reclamando? Não tenho uma vida social. Minha única amiga é Gisele, e a mesma acaba de me avisar que hoje jantaremos na casa de seus pais. Na verdade fazemos isso pelo menos duas vezes no mês, adoro seus pais. É uma segunda família para mim, eles me vêem como uma filha.
Acabo escolhendo um vestido bege sem graça, que combina perfeitamente com meu estado de espírito. Para completar escolho sapatilhas pretas que há tempos deveriam ter ido para o lixo. Mas quem se importa? Prendi os cabelos no alto da cabeça e passei um gloss transparente nos lábios. Pronto! Pego meu casaco cinza surrado e saio do meu quarto. Me dirijo para a sala para esperar com certeza uma eternidade por Gisele, que sempre demora mais que o necessário. Eu não entendo por que tanta demora. Eu sempre fico pronta em no máximo meia hora, nunca gostei de perder tempo, sou rápida e prática, praticidade é meu terceiro nome depois de organizada. Mas Gisele faz questão de se embelezar toda!  E como o previsto, quase uma hora depois Gisele resolve aparecer.
- Até que enfim! Já estava envelhecendo aqui! - falei dramatizando. Mas ele está linda, acho que nunca chegarei ao seus pés. Traja um lindo vestido cor de vinho que fica um pouco acima dos joelhos, com um detalhe interessante na parte superior ao redor do generoso decote. Está maravilhosa!Com sandalias de tirinhas dourada, e uma maquiagem digna de Hollywood. Acho que Gisele tem outros planos para depois do jantar...
- Ah cale essa boca! Eu não tenho culpa se você se arruma em quinze minutos! Em quinze minutos eu ainda estou escolhendo minha calsinha. - debochou ela. Mas ela tinha razão, pouco me importo.
- Deixa de papo e vamos. Estamos atrasadas, você sabe que odeio perder tempo.
- Claro, a senhorita perfeição apreçadinha não pode se atrasar! É só um jantar com meus pais Cas! - ah simples, mas a casa deles fica a uma hora e meia daqui. Pensei.
Seguimos no meu carro em direção a nosso destino, chegamos lá por volta das oito e quarenta. Tudo ocorreu bem, como sempre os pais de Gisele foram um amor comigo,  sempre simpáticos e gentis. A comida estava excelente assim como as companhias, e principalmente o irmãozinho mais novo de Gisele, uma gracinha alvoroçada de sete anos com cabelos louros e lisos com olhos tão azuis quanto os de Gisele. A familia perfeita. Não que eu esteja com inveja, mas nessas horas dá vontade de ter uma familia assim, com a qual você pode contar e ter um lugar para jantar assim que der vontade. Ainda tenho meu pai, mas está cada vez mais difícil ajuda-lo. Ele está constantemente metendo-se em confusão por causa do seu precoce vício.
Como eu havia imaginado, Gisele tinha outros planos para depois do jantar. Por isso voltei sozinha para casa, deveria ser um novo namorado, Gisele está com um novo a cada uma semana, ou até mesmo antes disso. A conheço desde o ensino médio. E quando começamos na faculdade, resolvemos dividir um apartamento, seria mais barato e ainda poderíamos ficar juntas. Há dias que me arrependo disso.
Quando chego no meu quarto, jogo para longe minhas sapatilhas e me jogo na cama. Já está bastante tarde por isso estou morrendo de sono. Quando estou quase pegando no sono, meu celular toca. Mas quem será numa hora dessas? Ninguém nunca me liga. Levanto atordoada a procura do meu telefone. Onde o enfiei? Procuro pelo barulhento aparelhinho e nada. Já está no segundo toque e não o encontro. Terceiro toque. Banheiro! Já no quinto toque o encontro dentro do cesto de roupas sujas no bolso do meu casaco surrado.
- Alô? - falo irritada. Mas que pessoa irritante.
- Filha? Falou uma voz rouca.
- Pai? Por que está ligando de um número desconhecido? Há essa hora da noite? - olho o relógio no criado mudo e nele marca onze e trinta e dois.
- Sim querida. Desculpe ligar a essa hora...é que aconteceu um probleminha.... - droga! Ah não pai! De novo! Você estava indo tão bem no grupo de apoio....
- E qual seria esse problema pai?
- Eu estava me divertindo filha, mas aí comecei a perder, mas tinha que que recuperar minha grana....e então meu amigão me emprestou mais grana para eu continuar jogando, mas acontece que eu perdir tudo minha querida. E você sabe como são esses caras...eu preciso que você venha aqui me tirar dessa filhinha
Eu amo meu pai. Afinal foi ele quem me criou, me deu educação, me ensinou a ser quem sou hoje. E não posso abondona-lo a essa altura do campeonato. Essa é a hora que ele mais precisa de mim. Já está nessa vida a um ano. E desde então me tirou o sossego que sempre tive em minha pacata vida. Os Jogos destroem as vidas das pessoas, e de todos que estão a sua volta. Com meu pai não é diferente.
- Me diga o endereço que eu já já chego aí.

Como Não se ApaixonarWhere stories live. Discover now