| Precious |

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Se eu estava preparada para adotar a pequena Alaska? Não, eu não estava.

Se eu iria tratá-la bem? Melhor do que qualquer um.

Mas para isso, sei que perciso da ajuda da minha mãe, mesmo que ela não queira ver o Harry, sei que ela vai querer ver uma miúda como Alaska.

Agarro no telemóvel e marco o número da minha mãe, depois de um tempo de espera sou atendida pela sua voz.

- Mãe? - chamo.

- Sim, Ellen? - ela questiona.

- Está tudo bem?

- Sim filha, por aqui está e por aí?

- Mais ou menos... Achas que tens a possíbilidade de te deslocares até cá?

- Sim, esta tarde eu posso aparecer por aí amor, mas está alguma coisa errada? - ela preocupa-se.

- Nada que não se resolva. - adianto, descansando-a.

Assim que termino com a chamada, observo Harry sentado sobre a cama em que Alaska dorme, ele faz-lhe carinhos sobre a cara e observa-a com um ar querido e compreensivo.

Aproximo-me e sento-me junto dele.

- Ela vai ficar bem, ela tem de ficar bem.

- Para ela ficar bem, vai percisar de continuar a vida que uma criança normal leva e para isso vamos matriculá-la numa escola. Pode ser que com a ajuda do meu pai e dos teus pais, ela não falte a aula nenhuma. Vão ter de ficar com ela até acabar-mos o ano e concluírmos o estágio. - Harry adianta.

- Mas ainda temos três meses de estágio! - digo-lhe.

- E duas semanas para estarmos com a Alaska antes de entrármos na rotina, por isso Ellen, vamos cuidar dela durante essas duas semanas que por acaso começaram ontem e quando acabarem deixámo-la com os teus pais. Que achas? - ele propõe.

- É a única solução. - dito.

Assim saímos pelo quarto de mansinho. Minha mãe estaria aqui dentro de meia hora e eu teria de organizar umas quantas coisas antes de ela chegar.

- Achas que devia de começar a instalar-me por aqui? Afinal de contas agora partilhámos a Alaska. - ele diz, meio a rir-se.

- Se fosse só a Alaska que nós partilhássemos Harry... - eu digo e ele aproxima-se beijando-me a nuca.

- Partilhamos carinhos. - ele diz - Como partilhamos a primaira vez que andámos de avião juntos.

- Eu pensei que estávas bêbado! - replico-lhe.

- Não muito. Era só mesmo para te controlar. - ele ri-se e eu calco-lhe um pé.

- Isso não foi bonito! - digo-lhe enquanto ele morde o lábio para não dar um berro. - A Alaska está a dormir, tu não te atrevas!

Ele engole em seco enquanto eu o observo e ele me observa a mim.

Acabo por me rir das suas figuras pouco masculinas e agarro num saco.

- O que vais fazer com isso? - Harry questiona.

- Eu acho que a Alska pode ter alguns pertences dela, na casa... Não sei, talvez algum boneco ou algo assim que gostaria de manter por perto.

- Hum.. Entendo.

- Afinal de contas, nós não vamos substítuir o Sr.Spring e tu sabes disso tal e qual como eu.

- Sei, sim senhor! - ele diz e eu peço para que ele fique de vigia a Alaska.

Não queria que quando ela acordasse se sentisse sozinha.

Depois de algumas queixas irritantes por parte do Harry, ele acabou por ficar, embora ele quisesse trocar, mas ele também sabia que eu era rapariga e sabe perfeitamente que para guardar coisas, encartar roupas e guardar brinquedos e outros pertences eu era a escolha mais acertada.

Dei-lhe um beijo antes de sair e vi-o dirigir-se ao quarto para o pé de Alaska.

Disse-lhe que a minha mãe chegaria a qualquer momento e pedi-lhe por favor que vestisse algo que lhe cobrisse as tatuagens para que a minha mãe não resmungasse tanto. Ela nunca foi muito de extravagâncias ou coisas tatuadas e picada pelo corpo.

Tal como o meu pai que quase lhe deu um ataque quando viu a minha tatuagem no pé.

Mas talvez eu venha a fazer outras para que se habituem a ver-me conforme Harry e talvez o aceitem mais rápidamente.

Os meus pensamentos são afugentados quando observo o pequeno urso de Alaska no chão da sua casa e pego-o, lembrando-me do dia em que ela o arrastava pelo corredor junto do metro.

Com o urso nas mão, observo a casa mais uma vez e parece ainda mais terrível do que estava a pouco. Procuram por pistas ou documentos.

Podem procurar até por outras coisas mais, mas eu limito-me a dirigir-me à espécie de um pequeno quarto. Sobre a mesa de cabeceira estão algumas fotos, não mais do que seis e algumas cartas estendidas também. Parecia estar tudo intacto pois ainda não teriam chegado àquela divisão da casa. Agarro nas fotos e coloco-as dentro do saco tal como o urso. Agarro em mais dois bonecos que se sobrepunham na cama e guardo-os.

Dentro da gaveta, estava lá a foto que o Sr.Spring tanto guardava e a qual lhe dava tanta esperança. A foto distorcida do livro "À procura de Alaska" e quando passo os meus olhos pela foto algo me chama a atenção, um fio colorido sobre o livro realça-se sobre o livro distorcido. E lembro-me de algo assim me ter-me chamado a atenção num outro lugar do qual eu não me lembro agora.

Guardo a foto no meu bolso quando entram pela porta. Olho dois inspetores e arrasto o meu corpo até ao armário retirando de lá algumas roupas de Alaska, perdidas pelo armário eu observava cada uma delas dobrando-as dentro do grande saco que trazia. Saio dali. Sei que não gostaram muito da minha presença.

Entro desta vez na sala, vazia e sem luz, teriam fechado as janelas para que pudessem continuar a procura sem ter ninguém que os atrapalhe pela janela.

Observo ao canto da sala a viola que usavam no metro e decido levá-la igualmente comigo. Não queria que ninguém a levasse para um futuro lixo quando sei que era algo importante tanto para Alaska como para o pai.

Saio de casa de Alaska com um saco cheio e a viola na outra mão. Sei que em casa me espera minha mãe que neste momento deve estar a dicutir com o Harry por nenhuma razão aparente e que me vai deixar irritada.

OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora