| I don't want to lose you |

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As minhas mãos tremem quando entrego o telemóvel a Harry. E depressa agarro os meus braços esfregando-os.

- Estás bem? - ele pergunta.

Acabei de ver o Edward no teu telemóvel ao pé de ti, mas sim Harry Camelo Estilos de Saias, eu estou ótima.

- Porque não me disses-te que conhecias o Edward? - eu falo altiva.

- Edward, mas que... - ele observa o telemóvel - É teu namorado?

- Tecnicamente, era... - eu falo fraca.

Ele apenas agarra na minha mala pousando-a sobre o tapete rolante e ambos nos dirigimos aos detetores de metais.

- Ellen, não sei como te dizer isto... - diz tirando o casaco - Mas ele não está morto. Nem sei se é uma alegria se é uma merda quadrada para ti. - ele suspira.

Permaneço em silêncio e o meu cérebro remói aquela ideia. Sim, acho que é uma merda quadrada para mim. Porque é que ele me mentiu? Porque é que ele fingiu uma explosão? Será que ele é lunático? Porquê fazer-me isto a mim, deve ser mesmo para me foder a cabeça. Eu amo-o porra, pelo menos costumava amar.

Agarro de novo nas minhas coisas depois das revisões e aproximo-me de Harry.

Tenho tantas perguntas para lhe fazer e o meu coração está tão apertado neste momento. Edward mentiu-me, eu não sei se foi com boa, se foi com má intenção.

Mas que foi para me magoar foi.

- Harry. - chamo e ele olha para mim.

- O que se passa?

- Eu preciso de falar contigo. - eu suspiro - Só tu me podes ajudar.

- Não Ellen, nós não temos mais nada para falar. Não mais. - ele diz e sinto-me como se tivesse acabado de levar um estálo.

- Porquê Harry? - eu insisto.

Ele permanece no silêncio. Não se vira. Apenas continua a puxar a mala de viagem em frente a mim e eu sinto-me chatear. Muito.

- Harry, porra! - berro.

Ele olha para mim e deixa sair algumas palavras soltas.

- O Edward é meu melhor amigo. Traí-o. Sabes como me estou a sentir agora? - ele aperta os olhos e volta a virar-se para a frente.

Aquelas palavras fazem-me lembrar dos últimos dias ao pé dele. Os momentos que passámos juntos e o tempo que passou a voar e ele agora está a negar tudo.

Deitar tudo a perder. Pelo melhor amigo. Pelo lunático de merda do meu ex-namorado que resolveu ressuscitar dos mortos. Foda-se.

Dou passos mais largos para o alcançar enquanto ele tenta afastar-se de mim.

Mais uma vez agarro no meu telemóvel, rezo para que a gravidade esteja a meu favor, lambo o dedo para sentir a que favor está e atiro o telemóvel que caí direitinho na cabeça do gadelhas empenhadas que está a fugir com o meu coração nas mãos.

Ele olha para mim e consigo ver a dor nos seus olhos e na cabeça porque na verdade ele parece estar a coçar piolhos quando se magoa na cabeça.

- Harry! Deixa-te de merdas e abraça-me okay? - ele estava na fila para o exterior.

Ele recusa o meu pedido e sinto vários olhares pousarem em mim. Sinto-me um lixo por lhe ter dito que aquele era o Edward. E assim pus em causa a pequena relação, que nem sei se aquilo é uma relação ou uma amizade fortemente estranha em que fazemos... Enfim.

O meu olhar baixou e a minha mão perdeu a força na mala de ombro que tinha, deixei-a cair e molhei a cara com lágrimas. Puxei um canto da minha camisa limpando-as e senti olhares desviarem-se de mim, deixando-me sentir-me deixar de ser o centro das atenções.

Vi os meus professores chegarem-se à fila, atrás de nós, eu simplesmente puxei o meu cabelo para trás prendendo-o. Tirei a minha camisa molhada e amarrei-a à cinta. Deixei os meus passos extenderem-se até perto de Nasha que estava ao telemóvel e apenas sorri.

- Lamento. - ela diz.

- Não faz mal, eu já devia saber. - eu solto as palavras pelo meio de gagueijos.

- Olha! - ela ri e mostra-me o telemóvel.

Algumas imagens engraçadas passavam lá e vi a mão dela chegar-se perto do seu sorriso tapando-o enquanto libertava o riso.

Forcei um sorriso para que não parece-se uma sonsa a lamuriar-se por um camelo.

Observei Harry, ele estava umas pessoas à minha frente, aparentava um expressão nula da cara, não entendo. Ele é tão bipolar como eu, mas desta vez ele ultrapassou os limites.

Vejo-o correr até ao avião e limito-me a segui-lo, com a mala às costas e os olhos pregados na correria dele.

- Harry! - eu chamo, mas ele simplesmente não me ouve - Harry, dói-me... - eu deixo-me cair de joelhos no alcatrão negro do aeroporto e aí ele olha para trás.

Observo a cara dele e pelo nariz escorre sangue, pelo cabelo suor e pelos olhos dor. Observo o telemóvel partido nas mãos. Mas ele simplesmente corre em direção a mim e pega nos meus cotovelos.

- Eu estou aqui Ellen, não vou fugir de ti. - ele consola-me.

Levanto ligeiramente a minha cabeça e consigo observar os olhos dele e sinto umas dores de cabeça fortes que apesar das dores eu consigo levantar-me.

- Eu amo o Edward, o Harry Edward Styles que me lambe a cara no metro de manhã okay? Eu gosto do idiota que me leva a almoçar ao McDonald's okay? Eu gosto do gnu que lava o cabelo na banheira tá? E eu espero que te lembres disso da próxima vez que queiras fugir de mim que nem um veado.

- Eu não vou fugir, não de ti okay? Agora acalma os pirulitos que temos uma viagem a fazer.

- Idiota de merda - eu digo e tiro a minha camisa da cintura para lhe limpar o nariz.

- Morcega, eu amo-te. - ele diz e observo lágrimas formarem-se nos seus olhos verdes esmeralda e logo escorrem pela cara.

Eu sei que ele se sentia culpado pelo Edward ser o melhor amigo dele. Mas isso não tem nada a haver connosco. E se ele quiser estragar tudo isto, vai ter de passar por cima de mim primeiro.

- Também te amo, Harry. - eu digo e levanto-me junto dele.

Dirigimo-nos, um pouco atrasados, ás escadas do avião e sentámo-nos juntos. Sinto-o pegar-me na mão e beijo a sua bochecha molhada.

- Isto vai acabar bem – digo-lhe e sorrio.

- Não me importa como acaba, só quero que estejas ao meu lado, mesmo que acabar.

Eu sorrio e ouço o avião levantar. Mal posso esperar por ver o Edward e descarregar toda a raiva que ando a carregar, para cima dele.

OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora