| Dynamite |

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Agarram os meus braços fortemente e sinto-me perder as forças quando Edward aperta um lenço contra a minha boca e tapa o meu olhar com a sua outra mão enquanto prende o meu corpo contra o seu. Sinto-me cair, as minhas pernas adormecem e o meu rabo sente o frio do chão quando se descai sobre este.

Não consigo sentir-me e a última coisa que consigo ver é a luz do teto que encandeia os meus olhos e eles acabam por se fechar mais rápidamente.

- Harry -

Mal podia acreditar naquilo que o Edward se tinha tornado, parece que o tempo que passou na minha companhia ainda lhe fez pior e que o seu sentido de traição era ainda maior que o meu. Abri ligeiramente os olhos e vejo-o puxar Ellen pelos braços, pegando-a ao colo encostando a cabeça dela ao seu peito e a dor no meu peito fá-lo arder.

Observo a pequena mala de Ellen sobre o chão, e Edward pousar o corpo dela sobre o sofá em frente a mim, deitando-a. Decido abrir os meus olhos na direção dele, tentar perceber onde é que ele quer chegar com tudo isto.

- Ela é tão bonita, Harry. - ele diz sentado ao lado dela no sofá. - Já foi minha, sabias? Já a carreguei nos meus braços e ouvi-a gemer pela primeira vez, fui eu quem tomou conta da sua inocência. - ele diz o que deixa o meu corpo nervoso.

- Fui eu quem a levou à loucura uma vez após outra, fui eu quem a passeou pelo jardim de mão dada, fui eu quem a beijei nos dias quentes e a acolhi nos meus braços nos dias frios. Ninguém se compara a ela. Mas ela deixou de me dar a devida atenção quando te viu, quando viu essas tatuagens pretas e cravadas sobre a tua pele morena, quando viu os teus olhos verdes e o teu cabelo despenteado que ela tanto gostava de falar a meu lado, "a esfregona andante meteu-se no meu caminho", "aquele pedaço de papel castanho rabiscado a preto, chamou-me lontra", "aquele idiota de olhos cor de salsa quis sentar-se no meu lugar".

Observo Edward pronunciar traços em mim, pronunciar e culpar-me por me ter intrometido sem ter qualquer motivo para tal, fazia-o por diversão e quando Ellen começou a concordar e a levar-me na brincadeira, acabámos por deixar os nossos corpos falarem por nós e Edward deixou de fazer parte da vida dela quando a acolhi finalmente, nos meus braços e fiz todos os seus pesadelos voarem para longe.

Não era aquela Ellen que eu alguma vez sonhava ser namorada do meu melhor amigo, ele nunca me contara nada sobre ela, nunca me mostrara uma foto da namorada ou sequer uma menção sobre como ela era. Limitava-se a faltar às aulas, a apanhar bebedeiras, a fazer asneiras e gabava-se de ter uma namorada sem fazer menções de como ela era.

E agora, quando posso abrir os meus olhos, vejo que quem eu mais amei, que quem eu mais amo está deitada, ao lado de quem lhe retirou o que ela de mais precioso tinha, o que ela fez questão de partilhar com a única pessoa em quem mais confiava e amava, a única pessoa na sua vida que ela dava tudo para o voltar a ter por perto e ele limita-se a afastar-se, por suposições e falsas escolhas, Edward, era o pesadelo da miúda que eu embrulhei nos meus braços e fiz feliz quando mais precisava e procurava carinho.

Observei Edward, os seus olhos raiavam sangue, os seus lábios vermelhos e cerrados a sua expressão de preocupação notava-se no quão enrugada estava a sua testa e da maneira que ele se aproximou da mão de Ellen e a beijou. Eu estava preso, amarrado, com um monte de matulões à minha volta que observavam o momento tal como eu. Estava no meu pior pesadelo. Estava a enfrentar cada medo que me foi precionado na mente quando Ellen finalmente se deixou ser o meu tudo.

Só queria ter uma maneira de como sair daqui, agarrar Ellen e fugir para longe.

Os meus olhos saem do chão e encaram os vários rapazes que se encontram à minha volta, um deles mantinha o dedo a bater sobre a mão contrária, era mais magro e menos que os outros em tudo, assim que ele pousou os seus olhos em mim piscou-me um dos olhos e pelos seus olhos pude concluir que aquele bigode que transportava era falso. Eu apercebi-me que Liam estava lá e pude aperceber-me que não estava só pela primeira vez na vida.

Edward levanta-se, afasta-se de mim e chama o grupo de seguranças que estão com ele, talvez uma reunião de última hora fosse apresentada naquele momento entre eles.

Observo Liam ficar para o fim e apresenta-se ao pé de nós depois de fechar a porta, para nos vigiar, supostamente.

- Liam? - sussurro - Que estás aqui a fazer?

- Shiu Harold. - ele diz e aproxima-se de mim - O mínimo de barulho possível!

- O que vamos fazer? - questiono-o.

- Eu tenho aqui dinamite. - Liam diz nervoso.

Eu passo os dedos pelos pulsos depois de ter sido desatado e aproximo-me de Ellen ao mesmo tempo que lhe desamarro os pulsos e falo com Liam.

- Liam, tu podes fazer uma coisa dessas? - questiono.

- Sabes que sou padre, os padre fazem coisas que beneficiem o bem, ou se não fazem, deveriam fazer. - Liam ri-se.

Sim, o Liam era o padre da minha zona, eu sempre o conheci ele adorava ajudar toda a gente, adorava claramente ajudar tudo e todos, mesmo que tivesse de sacrificar a sua própria felicidade para tal.

Agarro em Ellen ao meu colo e num momento observo Liam com três tubos vermelhos nas mãos e um isqueiro numa outra.

- Isso não é demasiado? - eu questiono.

- Ninguém deve querer morrer ou sequer fingir uma morte, pode ser castigado por Deus, não sou Deus, mas estou aqui no lugar dele. Ele já merecia isto à muito tempo! - Liam diz.

Os meus olhos arregalam-se mais uma vez perante as palavras dele.

- Amén. - solto ao mesmo tempo que salto pela janela da sala da tal casa.

Depois de acender o dinamite, Liam foge logo atrás de mim e corremos o mais rápido possível para o carro em que Ellen se transportou até cá, rápidamente entrámos e acelero com as chaves que Ellen deixara na ignição.

Ligo o carro e só deu tempo para apertar o acelerador com o pé até o carro dar lanço e ouvir-mos uma explosão atrás de nós que me assustou mais do que qualquer outra coisa.

OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora