| You leave me, I can't believe |

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Assim que entrámos na sala de apresentações observo cadeiras em filas e já existiam alguns olhares sobre o palco que estava coberto pela grade cortina vermelha e espessa. Olhei os meus pais na fila da frente, que esperavam ansiosamente que eu aparecesse e que os comprimentasse mesmo antes do inicío da peça.

Apresso o passo até eles mas ouço Harry chamar-me atrás de mim.

- Ellen, vem aqui! - ele chama.

Eu olho para trás e ele agarra o meu braço fortemente.

- O que foi Harry? - eu demostro-me apressada e um sorriso cola-se na minha cara.

- Tens papel higiénico preso no cabelo! - ele ri e eu também.

Observo o olhar dele e o cuidado que tem em retirar três pedacinhos de papel higiénico do meu cabelo. Depois olha no mais profundo dos meus olhos e mordisca levemente o seu lábio inferior enquanto enruga ligeiramente a testa.

- O que foi? - questiono-o.

- Preciso de fazer algo bem antes disto. - ele diz.

- Agora Harry? - questiono-o.

- Agora Ellen, percebe. - ele passa-me a viola e eu seguro-a nos meus braços.

Ele olha para mim e deposita-me um beijo na testa apressadamente.

- Eu volto Ellen. - ele diz.

Eu observo-o virar-me costas e correr apressadamente atravessado a porta pela qual tínhamos entrado segundos atrás. Assim que fui descendo as escadas pousei os olhos sobre os meus pais que me procuravam pela sala inteira.

Assim que me pousaram os olhos em cima levantaram-se e vieram rápidamente ter comigo.

- Olá meu amor! - a a minha mão prende-me nos seus braços.

- Minha princesa! - o meu pai diz e enrola-me logo depois nos seus braços.

- Desculpem as chamadas, eu... - eles interrompem-me.

- Eu sei que é chato, mas falámos sobre isso depois, temos de falar sobre isso mas depois do espetáculo, já estás nervosa o suficiente. - a minha mãe diz.

Observava nos olhos do meu pai que apesar da alegria que tinha em ver-me apercebia-me que algo nele não estava bem de todo e sei que foi o facto das chamadas não atendidas e nem respostas ou qualquer outra coisa deixada a eles.

O que deveria ter acontecido. E sei que não vão ficar mais contentes quando ouvirem falar sobre o meu relacionamento com o Harry. E que por falar no meu lontrinho a minha mãe pronuncia-o:

- A tua professora disse-nos que ias atuar com um Harold Styles! - minha mãe ri.

- E eu acho que ele vai usar isso, que por acaso é meu. - meu pai avança.

Ele sabia perfeitamente que eu nunca fora nem seria capaz de tocar numa viola.

- Pois pai. - eu digo embraçada e sinceramente, cada vez mais nervosa. - Eu tenho de ir, o Harry deve de estar a chegar. - sorrio.

- Quem é o Harry?- minha mãe encara-me.

- É um nome carinhoso usado para Harold. - os meus olhos encaram os dela - Mas isso agora não importa.

Finjo não me lembrar dos olhos de Harry pousarem sobre os meus e os seus dedos brincarem com o elástico das minhas cuecas esta manhã... e abano a cabeça.

Os meus pais dão-me espaço e eu vou em passo apressado até para cima do palco por detrás das espessas cortinas encarnadas que escondiam os números que seriam passados naquele dia.

Pouso a guitarra a um canto e começo a cantar a Flashlight da Jessie J, consigo reparar que a viola do meu pai é verdadeiramente bonita mas que tivera sido feita para as mãos do Harry. A memória da sua mão forte sobre as cordas da viola e a cruz perfeitamente feita sobre o seu polegar se movimentasse junto deste, enquanto que os anéis se abanavam junto dos restantes dedos que se mexiam rápidamente sobre as cordas.

Dou por mim de olhos fechados a imaginar tudo aquilo.

x x x

Sei que todo o espetáculo já passou e que eu era a seguinte e que depois de 20 minutos o Harry não aparecera. Os meus ouvidos estavam a ser percorridos por uma música diferente, e estava a ser tão bom, a música apesar de ser pesada relaxava-me e deixava-me à vontade para o que eu ira ultrapassar. Assim que percebi que eu teria de atuar sozinha, depois de me avisarem que em cinco minutos eu estaria em palco, eu preparei-me, e eu iria quebrar tudo o que tinha feito até agora.

O Harry deixou-me ficar finalmente mal, não que eu não merece-se, mas sabia que estava por minha conta. Agarro nos papéis e rasgo-os. Atiro-os ao chão e calco-os.

Observo alguns guitarristas da atuação anterior, cerca de uns cinco e agarro na viola do meu pai.

Assim que estes formam um circulo à minha volta consigo ter um campo de visão para todos eles.

- Algum de vocês conhece e sabe tocar esta música? - eu retiro os fones do meu telemóvel e seguro a viola que tenciono "oferecer" a quem se chegar à frente.

Observei três deles acenarem um não com a cabeça e consegui aperceber-me de dois deles, um louro que tinha um piercing preso no lábio e um musculado que tinha um músculos dos braços bem definidos, falam por si.

- Nós sabemos tocar essa porra, quanto nos pagas? - o louro fala.

- Amigo, primeiro o teu nome e depois vamos a negócios, preciso de vocês agora e depois eu págo-vos. Palavra! - eu faço o meu ar mais durão.

Eles pronunciam-se como Luke e Ashton.

- Deixa o som connosco, vê se cantas aí que nem uma avestruz! - o louro ri-se junto do moreno musculado.

Apenas me lembro do "Canta para mim minha avestruz", mas abano a cabeça e agarro um microfone, enquanto que o louro a sua guitarra e o moreno senta-se sobre um cubo oco que faria de bateria.

Agarro o louro pelos ombros e puxo-lhe o colar de elásticos pretos que se lhe ajusta ao pescoço e enfio-o pela minha cabeça e deixo-o ajustar-se no meu.

Agarro no piercing que se apresenta na orelha de Ashton e rápidamente arranco o meu brinco para fora colocando o o piercing dele na minha orelha. Puxo o meu cabelo para cima e puxo o elástico negro do meu pulso prendendo o meu cabelo.

Chego-me ao microfone e sinto-me ótima por ter vestido as minhas roupas mais negras para que não fosse o centro das atenções. Mas neste momento, eu percisava de o ser.

E ao som dos meus ouvidos começa a soar My Demons, enquanto que a transmito para os ouvidos de toda a gente e sinto os meus relaxarem com tudo aquilo que eu estava a fazer.

Libertava-me de uma fúria em que me encontrava e dava o real entender de real música aos meus colegas de artes e talvez desse uma má impressão aos pais.

Mas naquele momento eu estava-me nas tintas e tudo o que eu queria, era soltar o verdadeiro demónio que há em mim.

Observo Harry, no final da apresentação e apenas repito bem alto no microfone"Save me if I become, My Demons", deixando-o cair no palco e retirando-me enquanto as pesadas cortinas se fecham e eu faço o pagamento àqueles dois idiotas comprados que fizeram um ótimo trabalho.

OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora