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E pronto... Mais um dia para ir para o inferno! Assim que acordo sinto-me bem e sou acordada com o cheiro mentolado a entrar-me pelas narinas. Agarro a camisola e encosto-a mais há minha cara. Mas apercebo-me que o cheiro é demasiado intenso para vir apenas da camisola.

Abro lentamente os olhos e encaro o caracol viscoso em frente a mim.

- Bom dia! - ele observa-me e largo a t-shirt corando.

- O que pensas que estás aqui a fazer? Entraras-te outra vez pela janela orangotango?

- Sim lagartixa! - ele rejubila alegria e observa-me semi-nua.

- Estás a olhar para onde? - encaro-o e agarro de novo a t-shirt vestindo-a.

- Eh pah... Não devias ter feito isso.

- Não te ia deixar ficar a comer-me com os olhos. - eu digo um pouco convencida.

- És linda. - ele solta, mas depressa arrasta os olhos para outro lado.

Ao ouvir aquelas palavras o meu corpo deu um estremeção.

- Obrigada dinossauro! - sorrio.

- Será que nunca te cansas?

- Não. - sorrio.

Ele bufa. Parece que trocámos de papéis. Eu olho para o relógio e vejo que já passaram duas horas desde que começaram as aulas. Fuck! Estou completamente lixada.

- Macaco? - digo e ele ajeita as gadelhas. - Achas que me podes dizer o que ouvis-te na aula?

- Hum... - ele torce o nariz. - Diz que sou gostoso.

- Asdfghjkl - murmuro. - Agora podes dizer?

- Não ouvi... Querias dizer alguma coisa? - ele observa-me.

O meu cabelo despenteado e os meus olhos em água faziam sentir-me não preparada para o encarar. Sabia que qualquer deslize nas minhas palavras ele iria criticar o meu estado físico neste momento.

Suspiro e olho para ele, os meus olhos voltam a encarar o chão. Fico ali um pouco de tempo e quando ganho coragem para levantar a cabeça deparo-me com ele em frente a mim. Estou mesmo mole. Nem me apetece falar e só me consigo focar nos seus lábios.

Sinto-o a puxar o meu cabelo para trás da minha orelha e a olhar para os meus olhos.

- És gostoso. - digo meia a rir, meia moleza.

Eu sabia que lá no fundo o que eu estava a dizer, era verdade. E sabia que tudo o que eu queria agora era os seus lábios encostados aos meus.

Num instante ele aproxima-se da minha cara, os meus olhos automaticamente se fecham e a minha boca entreabre-se. Os seus lábios roçam nos meus e o sabor a mentol embate contra a minha língua. O meu corpo não reage e o meu cérebro só me consegue lembrar do Edward. Faço um esforço para as lembranças se irem embora e sinto algumas lágrimas caírem dos meus olhos, o meu coração dói.

Dói porque a saudade aperta. Mas também se aconchega no Harry.

As minhas mãos pousam sobre o seu peito e sinto as suas sobre a minha cintura, levantam um pouco a minha camisola e pousam-se nas minhas costas. Assim que sinto um arrepio percorrer-me, o meu cérebro lembra-me "Só porque me quer comer" e nesse momento as minhas mãos forçam o seu peito a afasta-se.

- O que é que te deu? - pergunto-lhe mas ao mesmo tempo sinto-me culpada também.

Ele, não arranja argumento e observa-me e eu puxo a camisola para baixo.

- Hum... - ele puxa o cabelo para trás e leva as mãos aos bolsos - Temos viagem a Amesterdão.

- Amesterdão?!

- É viagem da escola, faz parte das aulas de música que temos.

- Oh Fuck! - levo as mãos ao meu cabelo atirando-o para trás.

Baixo-me até à minha mochila e retiro o meu caderno de apontamentos, passo por Harry e vou em direção à minha secretária sentando-me sobre a cadeira.

- Que vais fazer? - ele interroga-me confuso.

- Eu não trabalho Harry, preciso de avisar os meus pais em relação a esta viagem. E aos custos.

Enquanto escrevia agradeci a mim mesma e a Harry por nenhum de nós ter levantado a questão do beijo, não.. desta vez não tinha a "desculpa" do pesadelo, muito menos estava bêbada. Digámos que é apenas a saudade e o medo de ficar sozinha que me assombra. E talvez goste do Harry, talvez.

- Eu acho que me vou embora... - ele diz embaraçado.

- Harry! - chamo e ele olha para trás.

- Diz.

-Fica mais um pouco. - ele fica especado e eu também com o que eu acabei de lhe pedir.

- Queres que fique? - ele abana a cabeça confuso.

Eu encolho um pouco os ombros e olho de canto para ele.

- Sim? - coro.

- Tudo bem. - ele suspira e penso para mim mesma que lhe tirei o peso de o ter deixado "pendurado".

Só espero que os meus pais concordem com a viagem.

OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora