OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)

| You only care about me |

Peguei rapidamente no computador e ele ficou a olhar para mim.

- O que vais fazer?

- Por a música mas não perguntes qual é, apenas tocas okay?

- Lá vamos nós. - ele pausa - Vais cantar é?

- Sim, problems? - olho-o de lado.

- Não. Vai ser engraçado ouvir essa tua vozinha de esquila.

- Veremos quem fica como esquilo!

Harry começou a tocar a música.

Comecei a cantar junto. Eu sabia a letra, não de cor, mas fui cantando enquanto olhava para o papel onde a tinha escrito. Ele permanecia colado ao computador a tentar não errar as notas mas assim que ele se enganou e parou de tocar eu calei-me.

E ele encarou-me.

- Esquila! - gozou.

Agarrei uma almofada e atirei-lha à cara. E ele agarra na almofada empurrando-a contra mim. Os seus olhos cravam nos meus e só me apetece continuar a insultá-lo.

- Oh, já chega de me fazeres olhinhos. - eu gozo - Vamos lá acabar com isto!

- Então uma vez que tens o teu poder esquilete e sabes a música eu só tenho de decorar as notas para ver se não erro no grande dia. Vai dar trabalho mas acho que consigo até ao dia da apresentação.

- Vê lá se não falhas!

- E se falhar?

- Nunca mais respondo aos teus comentários nem às tuas melguisses!

- Humm, acho justo Carter.

- Ellen. - corrijo.

- Ou isso.

Dá-me tanta raiva quando me chama de Carter. Ele voltou à viola ficando por mais uns tempos a tocar as notas musicais. Fui tirando notas ao pé da música. Acho que isto nos vai correr bem. Pelo menos tenho-o ao meu lado sobre o palco para me apoiar. Se ele me resolver apoiar é claro. Aquele... Bisonte!

- O que procuras? - ele diz quando nota os meus olhos pousados nele - Outra beijoca? - ele goza.

- Tua? Nah... - deito a língua de fora.

- Mas eu posso dar-te a beijoca.

- Harry, nada de beijocas okay? - começo a ficar nervosa.

- Não foi o que me pareceu esta noite.

- Eu tive um pesadelo okay? Sonhei que eras o Ed.

- Tens de ter mais sonhos desses...

- Não passas de um comes! - eu encolho os ombros - Não tens pena de ser assim?

- Só como que eu realmente gosto.

O meu estômago virou do avesso e parece que sentia formigas a dançarem no meu coração.

- És estranho. Eu acredito mais na teoria de que os porcos podem voar no que nessa teoria.

- Okay... Mas tens de admitir que sou um bisonte, porco, dinossauro... whatever lindo e eu sei que me queres comer.

- "Só como o que gosto" - imito-o.

- "És estranha" - ele imita-me e torce o nariz.

Rimo-nos os dois.

- Só acho que o espetáculo vai ser mais cómico do que outra coisa....

- Eu não vou.

- Ui! - dou-lhe uma palmada no ombro.

- Tanta gente, ainda alguma rapariga salta para o palco e me come. Acho que irias ficar ciúmenta.

- Já não te posso, Harry...

x x x

- Anda lá porquinho. Espero que chegues a salvo à tua pocilga! - eu aceno um adeus com a mão.

- O teu porquinho de estimação vai chegar lá a salvo, não te preocupes.

- What the fuck ? By the way, I don't really care about you.

- You only care about me!

Ele acabou por se afastar de minha casa e eu apenas improvisei tudo o que estava de pernas para o ar. Coloquei tudo no sítio e observei o sofá.

Aquele delinquente deixou aqui a t-shirt. Assim que lhe pego vejo um papel cair no chão. Agarro-o e leio-o.

"Para dormires bem esta noite.

Dinossauro xx"

Levei a camisola ao meu nariz e deixei o cheiro mentolado subir-me pelas narinas e invadir o meu cérebro. Aquelas formigas irritantes dançam o tango no meu coração. Idiotas. Devem pensar que aquilo é a discoteca.

Encartei a camisola, levei-a ao meu quarto, pousando-a sobre a cama e coloquei o papel por cima.

Sabe bem ter quem se importe connosco.

Mas que merda estou para aqui a dizer? Ele é só uma besta quadrada preocupada com o meu bem estar.

Só porque me quer comer - junta o meu cérebro.

Isso também. Rio-me.