| Louis advices |

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- Ellen -

Depois do que eu passei esta manhã a minha vontade de sair de casa era nula e a culpa ainda invadia o meu corpo e o meu pensamento por ter feito semelhante a Harry. Agora sei que ele não o merecia, assim como eu não merecia que ele me tivesse ocultado a verdade sobre a Kim. Sinto-me um pouco mal pela quantidade de vezes de a ter maltratado, afinal de contas, ela foi quem o suportou, mesmo que por interesse, ele tivera sido ela.

Sinto vontade de falar com ela, de esclarecer talvez até as dúvidas que ainda me restam sobre o Harry, mas porque raio eu tenho sempre de recorrer a quem menos eu quero para obter respostas? Primeiro o Edward, que era melhor amigo, depois Kim a meia-irmã, agora quem falta? O Louis, o maior tarado que eu conheço...

Mas pode ser que ele me desembuche algo. Se não o fizer terei de recorrer a Kim.

O meu sentimento neste momento é de pura preocupação, afinal de contas o Harry pode estar a dar-se bem com tudo o que se está a passar ou então ele possa estar a dar-se mal e esteja a esconder cada sentimento e angústia que se apoderam dele.

A promessa que fizemos de contar tudo, seja o que fosse um ao outro tivera-se estraviado durante o regresso de Amesterdão para cá. Perdera-se pelo caminho...

Acabámos por frequentar as aulas, não com muita vontade e atenção mas aproveitei o máximo que consegui. A minha cabeça pesava e o meu cansaço era imenso. As aulas decorreram como sempre, com normalidade e ao final de um dia de esforço para segurar a cabeça e não cair redonda a dormir, eu agarro na minha mochila e observo Harry mover-se por entre um monte de gente para se aproximar de Louis, o Louis... Ele tem tudo nas mãos, tem o Harry, tem tudo o que ele lhe conta.

E eu tenho medo que ele lhe conte demasiado, que não confie em mim o suficiente para o fazer e talvez nunca consiga alcançar esse poder. Assim, decido passar pela farmácia pela quantidade de vezes que tenho tido relações e achei que já estava mais do que na hora de comprar a pílula do dia seguinte.

Ando até à farmácia mais próxima e acabo por comprar o que tinha em ideia e para além disso, o farmacêutico, depois de me observar concluiu que a preocupação corria os meus olhos e decidiu oferecer-me algo mais junto da pílula. Colocou ambas as coisas dentro do saco que sem mais demoras agradeci e coloquei na minha mochila para que pudesse depois apanhar o metro e seguir caminho para casa.

x x x

Para que pudesse aliviar parte da minha preocupação, os meus pés acabam por se movimentar descontraidamente para um canto do metro e com as minhas mão dentro da mochila eu só peço para que tudo esteja bem e normal. Para que tudo o que tem vindo a acontecer comigo não me deixe mal, não agora.

Depois de chegar em frente a minha casa as minhas mãos agarram a chave dentro do meu bolso e abro a porta. Pouso-a depois na pequena mesa de entrada e mais uma vez no chão, recebo o correio dos meus pais com o pagamento deste mês junto de uma carta do hospital que teria de ver mais tarde com o resultado dos exames que descobriram de mim.

Por hoje eu não queria ver aquilo, da maneira nervosa que eu estava se eu visse mais alguma coisa ruim eu praticamente que dava em louca.

Dirijo-me ao meu quarto e despejo tudo o que eu tinha dentro da mochila sobre a cama, no meio de livros, lápis, esferográficas, pastilhas elásticas, maquilhagem, entre outras coisas o pequeno saquinho da farmácia distinguia-se e assim que o alcancei pude observar o seu interior que continha não apenas a pílula mas também um teste de gravidez.

Um suspiro sai da minha boca e a minha cabeça pesa e faz-me apertar os olhos.

Não queria nem ver o que se passava. Coloquei o teste junto da carta e daqui a três dias talvez lhe desse uso.

Começo por tomar a pílula e rezo para que tudo esteja dentro dos normais. Porque na verdade, era tudo o que eu queria para mim. Que tudo estivesse bem, pelo menos uma vez na minha miserável vida.

Agarro nos livros e pouso-os sobre a minha secretária.

Eu sabia que tinha de estudar para que não perdesse o rumo que os estudos estavam a ter e para que claro, os meus pais não se arrependessem de me ter colocado nesta escola que eu tanto pedi para entrar...

- Harry -

- Estou a dizer Lou, ela nunca me perdoaria se eu lhe disse-se tal coisa! - digo já nervoso e com as mãos a tremer.

Louis acalma-me com as suas palavras doentias e estranhamente reconfortantes.

- Ela é boa Harry, não estou a dizer só de corpo, mas ela é uma rapariga que é capaz de compreender. Fizes-te bem em contar-lhe, mas sabes que não podes continuar com essa vida com a Kim sabendo que agora a Ellen significa mais para ti do que qualquer outro alguém.

- Mas a Kim... Ela sabe tanto... - digo-lhe ainda que com a cabeça num distúrbio.

- A Ellen vai compreender, só tens de contar-lhe, mas com calma. E quanto à Kim? Tens de deixar a gaja, tens de a largar mas se confias-te tanto nela Harry, dúvido que ela guarde tudo isso! - ele diz e trinca uma maçã.

- Achas que a Ellen, alguma vez, poderá perdoar-me por isso? Ela já sabe o básico. Mas não tudo.

- Ela ama-te andorinha! Ela vai compreender-te até ao último suspiro dela, o que a vai magoar muitas vezes... - Louis desabafa.

- Como assim? - questiono.

- Tu és um gajo porreiro, mas muito instável, ela sabe que se permanecer a teu lado ela vai sofrer muito, mas não foi e nunca há de ser por isso que ela te deixa. Já reparas-te que ela não desiste de ti? Quando o coração pede, é ele quem manda, não há mais ninguém Harry!

O Louis diz aquilo e pousa a mão nas minhas costas. Eu sorrio e despeço-me dele com uma palmada amigável no ombro e decido encontrar-me com Kim.

Eu terei de lhe dar uma palavrinha e quanto mais cedo o fizer, mas depressa resolvo este problema que me está a assombrar mais do que deveria.

OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora