| Kimberley |

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Sem dar conta, os meus olhos pousam na rapariga de cabelos escuros vezes sem conta. Quando o vejo a mandar uma piadinha, ela dá-lhe um safanão amigável e ele faz de tudo para não demonstrar as dores que está a ter.

Idiota como é, contorce-se todo e ponho-me a imaginar que se tivesse sido eu ele teria retaliado com a mesma dor.

O meu subconsciente consegue imaginar-se a esbofetear aquela pobre miúda que me está certamente a gastar a visão só para a vigiar. E aquele pobre coitado, que se divirta a falar com ela, porque já não estou católica para falar com ele.

Vejo a minha lontra que julgava estar ao pé de mim arrastar-se por entre as pessoas e a tomar cuidado para não as deitar ao chão, gorda como ela é, qualquer dia provoca um tsunami na terra.

Quando a observo a tocar no ombro de Zayn este vira-se apenas e a abraça-a fortemente como algum certo tipo de desculpas. Só eu, é que não tenho essa sorte.

Ela vira-se a mim e apenas sorri com as bochechas de esquila vermelhas. E pronto.

Ellen Carter fica sozinha. Isto realmente põe-me mesmo feliz logo pela manhã.

Continuo a sessão fotográfica ao mesmo tempo que vamos subindo as escadas. Vejo Harry pousar a sua mão nas costas da tal miúda e a ajudá-la a subir as escadas e as minhas bochechas começam a avermelhar-se de tão nervosa que estou.

Tento ignorar o impossível pois aquele camelo está à espera que a iguana lhe salte para cima e formem um lindo Zoo.

Não me parecia mal pois a lontra da minha melhor amiga já lá está a nadar consequentemente sobre água e a provocar terramotos profundos à séculos.

Continuo a andar mas sou surpreendida por ele que aparece em frente a mim e ia pousar a sua mão em cima do meu ombro mas eu impeço-o e a sua mão fica no ar presa pela minha.

- Não. - digo e largo-lhe a mão - Ainda me dói o corpo, mas podes sempre agarrar a tua amiga.

Ele olha para trás de si pousando mais uma vez os seus olhos de zombie sobre ela.

- A Kim?

- Não faço ideia de qual seja o nome dela.

- Ely, estás com ciúmes?

- Não te dei autorização para me criares alcunhas.

- Estás com ciúmes?

- De um camelo e de um guaxinim? Não.

- E se estás sozinha...

- A Anabelle deve andar por aí, eu não estou sozinha, estou bem.

- Mas estás sozinha, admite.

- Não me importo, de todo.

- Okay. - ele encolhe mais uma vez os seus ombros e volta para o pé da lagartixa.

O guaxinim arrasta o seu rabo mal cheiroso para o lado dando passagem ao Harry e colocando a sua querida pata de mula em cima de um dos seus ombros.

Cheguei a vê-la fazer-lhe olhinhos mas ignorei-a, a ela e a ele, que depois acabou por agarrar a sua cintura e puxá-la para ele olhando para mim, por cima do seu ombro.

Na verdade não me importo, quero que ele seja feliz e sei que ao meu lado ele não o é. O que ele tem sofrido ao pé de mim não pode simplesmente continuar, principalmente agora que estou demasiado confusa e acabo com os meus problemas sobre o meu corpo e sem eu mesma querer, sobre ele também.

Estremeço quando sinto uma mão sobre o meu ombro e viro-me para Niall, a minha crush de primária.

- Não te importas de me tirar uma foto? - ele pede.

Eu assinto positivamente com a cabeça porque a cada dia que passa ele fica cada vez mais hot e é impossível negar seja o que for a um rapaz assim.

Ele coloca-se ao pé da janela com uma vista magnifica para Amesterdão e tiro-lhe uma foto. Ele agradece e ambos permanecemos a ver a foto um ao pé do outro. Podia sentir o seu perfume suave e bom e o seu sorriso era contagiante.

- Queres que te tire uma foto?

- A mim? Não!

- Oh ... - ele faz beicinho.

- Pareço um javali. - sim, Niall era o único rapaz que fazia sentir-me pequenina ao ponto de me maltratar por achá-lo demasiado, até para estar ao pé de mim e coisa que ele nunca foi, foi achar-se convencido.

Niall ri-se imenso, tal como sempre que está ao pé de mim, ele tem de se rir quase que obrigatóriamente e deve ser uma amizade de sorrisos que nos mantém minimamente perto um do outro.

Ele agarra-me pelos ombros e eu ignoro as minhas dores, apenas para vê-lo sorrir. Fez-me lembrar o Harry a contorcer-se pela lagartixa, mas a minha razão, pelo meu do ponto de vista, era muito melhor. E que belo ponto de vista.

Dou um pequeno sorriso para a câmara e Niall tira uma foto revendo-a logo de seguida.

- Que linda. - ele sorri ao olhar para a pequena foto no ecrã.

- Tem uma vista espantosa realmente.

Ele volta a rir-se. Acho que me está a achar uma autêntica palhaça pela maneira de como estou a reagir.

- És hilariante! Eu estava a falar de ti.

E pronto, o Deus fala e as minhas bochechas fazem a única coisa que sabem fazer, entrarem em obras e pintarem-se de vermelho.

Ele olha-me, mas rapidamente desvia o olhar quando Natacha o chama para o pé de si para ver qualquer foto que ela tirou provavelmente e eu insulto-a muito mais que a própria Anabelle.

Niall passa-me a máquina fotográfica para as mãos e agradece apressando-se para o pé de Natasha.

Os meus olhos vão parar à foto de Niall quando recuo para a fotografia anterior. Os olhos dele são mesmo bonitos.

- Ellen? - ouço o camelo chamar.

Apressadamente tento esconder a foto atrás de mim.

- Sim?

Ele aproxima-se de mim e abraça-me e eu deixo a minha cabeça cair sobre o seu peito, ele segura-me por um pouco e depois larga-me.

Com a câmara fotográfica nas mãos, ele encarava a foto de Niall.

- O que é que este man está aqui a fazer? Eu sou mais bonito Ellen!

- Quem te dera Haroldo Camelo Dinossauro Styles. Quem te dera!

- Ui! - ele lamuria-se.

- A verdade dói, não dói?

- Na verdade, dói-me mais o corpo do que essa coisa da verdade e do Niall.

- Afinal sabes o nome dele.

- Sei, mas preferia não saber.

- Porquê?

- Porque é nojento saber que te babas por ele.

- A tua idiotice nunca pára de me surpreender.

- Nunca!

- 20:00h -

- Estou exausta, tu não? - pergunto a Anabelle.

- Um bocado, dói-me tudo. - ela suspira.

Acho que realmente nem queria saber o que o Zayn lhe fez para lhe doer tudo.

- Então boa noite! - eu apago a luz e ela reclama.

- Ellen Carter!

- Também gosto milhões de ti minha lontrinha. - eu tento parecer feliz enquanto me preparo para a noite que irei enfrentar.

Coloco o telemóvel ao lado da minha almofada e só o utilizarei em emergência, de certo que não irei precisar. Pelo menos eu espero que não.

OUR DEMONS : hs (disponível também em livro)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora