Capítulo 39

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LAUREN POV

Eu realmente não estava planejando pedir Camila de casamento daquela forma, mas a oportunidade foi me dada e não queria desperdiçá-la. Eu não tinha aliança, mas amarrei uma pequena fita branca em seu anelar esquerdo e prometi que compraria as alianças assim que possível, claro que sem ela ver, porque queria fazer uma surpresa, assim como ela fez com nossas alianças de noivado. Camz não tocou em nenhum momento sobre sua partida para Berlim, mas eu sabia que estava próxima, afinal ela não podia abandonar a revista. Minha perna finalmente estava melhor, mas não podia exagerar, afinal o medico disse que o osso rachou de leve, mas mesmo assim era preciso tomar cuidado.

Camz estava deitada em meus braços, ambas estávamos nuas. Fizemos amor pela primeira vez na nossa nova cama, ainda não poderíamos morar ai, porque faltava algumas coisas e os cômodos debaixo estavam com as janelas quebradas, mas enquanto arrumávamos os moveis fizemos amor. Eu traçava o caminho de sua coluna com o indicador levemente e via os pelos de Camila se arrepiarem.

- Você não acha essa casa muito grande para nós duas? – Ela perguntou.

- Eu quero ter muitos filhos.

- E quem vai parir todos? – Camila levantou a cabeça para me encarar.

- Eu também sou mulher sabia. – Ela abriu a boca e fechou sem saber o que dizer. – Usar botas e chapéu não me torna homem. – Dei uma piscada para ela.

- Você me pegou desprevenida, porque sempre que falamos de filhos você me coloca como quem vai gerar o beber. – Camz voltou a deitar a cabeça no meu ombro.

- Eu sempre quis ter filhos. Quando me descobri gay fiquei um tanto confusa. – Falei pensativa. – Pensava que por ser gay seria privada de ser mãe, mas eu comecei a estudar sobre o assunto e vi que diversos casais gays adotavam crianças, faziam inseminação artificial ou pagavam uma barriga de aluguel. – Camz mantinha sua atenção em mim enquanto eu falava. – Quando... – Hesitei em falar, mas não era porque tinha medo nem nada, mas sim porque não queria que Camila interpretasse errado. – Taylor e eu começamos a namorar... – Ela se mexeu nos meus braços, mas eu a abracei para que ela não saísse. – Nós planejamos uma vida juntas, mas não tinha filhos nessa vida, porque Taylor não estava disposta a isso, nem mesmo se eu tivesse o bebê. Quando você apareceu as coisas aconteceram tão rápido e de maneira tão intensa, para depois se transformar em um rio calmo e sereno. Diversas vezes brincamos de planejar o futuro e de como seriam nossos filhos. – Ela sorriu abertamente para mim. – Você não se ouvia, mas eu sim, eu ouvia o entusiasmo e a felicidade na sua voz, por isso eu sempre dizia que você teria o bebê, mas se não estiver disposta eu não me importo, eu também adoraria passar pela gravidez, claro se você ficar ao meu lado.

- Eu quero ser a mãe dos seus filhos. – Camz entrelaçou nossos dedos. – Só que não quero ser uma parideira.

- Moça da cidade e seus pensamentos de ter apenas um filho. – Dei um beijo entre seus cabelos.

- Temos TV e internet amor. – Camz sorriu.

- Na verdade eu planejava adotar também. – Falei sorrindo.

- Quantos você quer ter? Porque da ultima vez que conversamos você queria ter doze. – Camila riu e eu a segui.

- Eu sinceramente não sei. – Falei pensativa. – A casa é grande, tem cinco quartos.

- Você já estava planejando isso né? – ela me deu um selinho.

- Por que não? – Eu a olhei. Sabia que ela entenderia a pergunta.

- Não que eu não queira adotar uma criança ou duas, eu acho maravilhosa a idéia, mas doze já é demais.

- Imagine o pequeno Rob Ray, de cabelos ruivos, correndo pelo gramado, todo sujo de lama e você correndo atrás dele. Nossa pequena Lindsay, de cabelos enrolados, cheirando as flores. Tobias nosso meninão me ajudando com os cavalos e Marcus, aposto que vai bater em todos que mexerem com seus outros onze irmãos...

- Podemos ter um pequeno Miguel, de olhos verdes e branquelo, que adora cavalos. – Camz colocou a mão em sua barriga. – Uma Helena, com cabelos dourados e muito criativa. – Eu não consegui conter minha felicidade e deixei uma lagrima cair. Era sempre assim ao planejar ter uma família ao lado da mulher que eu amo. – James, Josh, Lisa, Alice.

- Carlos, Suzzane e Alexandra. – completei os nomes. – Doze crianças.

- Você é boa de conta, caipira. – Camz sorriu e me deu um selinho.

- Só pra impressionar a moça bonita. – Forcei meu sotaque e Camz soltou uma gargalhada.

- Vamos tomar um banho e voltar para casa dos seus pais, vou passar um tempo com sua mãe enquanto você fica com seu pai, ela precisa sair um pouco. – Era realmente verdade, meu sofreu um AVC a três meses e ele ficou realmente mal, eu tentava ajudar minha mãe e consolá-la, mas eu também precisava resolver os problemas da fazenda, conversar com compradores e fornecedores, isso me fazia viajar e quase não ficar em casa. Vero ter vindo morar na fazenda foi uma mão na roda, porque ela dividia as tarefas comigo e muitas vezes viajava no meu lugar.

Tomamos um banho um pouco demorado, mas não fizemos nada. Ficamos trocando carinhos e dizendo "eu te amo" para alguns poderia parecer banal depois do terceiro, mas todas as oito vezes que Camz disse que me amava meu coração disparava. Levamos um pouco mais de tempo para nos vestir porque ficamos brincando de uma fazer cócegas na outra. Quando finalmente saímos de casa, teríamos que caminhar uns dez minutos até a casa dos meus pais. Fomos rindo e brincando durante o caminho. Era tão bom tê-la perto de mim.

- Quem diria que tivemos aquela briga de manhã. – Camz falou.

- A gente briga mais quando estamos juntas. – Admiti.

- Acho que é a convivência. – Camz deu de ombros. – Eu não me importo em brigar e depois fazer sexo de reconciliação. – Ela passou os braços ao redor do meu pescoço e me beijou.

- Você quer brigar agora? – Falei assim que finalizamos o beijo.

- Idiota! – Camz me deu um tapa de leve no braço. Voltamos ao nosso caminho, sorrindo e de mãos dadas.

Quando fomos chegando mais perto da casa dos meus pais algo estava estranho. Uma picape desconhecida estava parada ali. Aquela picape não era tão desconhecida assim, era do Doutor Morales. Meu corpo travou e eu senti minha respiração ficar descompassada.

- Amor o que houve? – Camz perguntou preocupada. Eu não conseguia formar uma frase simples, porque meu corpo começou a tremer. Algo em mim dizia que algo havia acontecido, mas eu tinha medo de entrar em casa e descobrir o que era.

- Meu pai! – Quando finalmente consegui formular uma frase, sai em disparada para casa. Ao entrar me deparei com Harry na sala, sentado de cabeça baixa, ao lado dele alguns peões. Não perdi tempo e mesmo com meu joelho doendo, subi as escadas correndo. O médico estava saindo do quarto e eu pode ver minha mãe sair depois dele com os olhos vermelhos.

- Filha. – Ela abriu os braços e eu sem hesitar a abracei fortemente e chorei. – Ele está descansando ao lado de Deus, ele odiava ficar preso naquela cama, dependendo dos outros. – Eu sabia que foi melhor assim, porque meu pai não iria conseguir se recuperar e ficaria para sempre sofrendo numa cama, se alimentando por sonda, mas era difícil. Ele era meu herói, o homem que me ensinou tudo o que sei e foi o primeiro a dizer, que não havia problema em ser gay, porque não importa quem a gente ama e sim se somos uma pessoa de bom coração. Soltei minha mãe e andei até onde ele estava. Ele não usava mais o tubo de oxigênio, nem se quer a sonda para se alimentar. Parecia estar em paz, tendo um sono tranqüilo.

- Obrigada por ter sido o melhor pai do mundo, se eu for metade da pessoa que você foi, tenho certeza que meus filhos serão ótimas pessoas. Descansa em paz pai. – Dei meu ultimo beijo em sua testa, para me despedir dele e sai do quarto.

"Sleep tight, I'm not afraid. The ones that we love are here with me" – Avenged Sevenfold

Domando o coração (camren)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora