Capítulo 4

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De uma hora para outra, o apocalipse tinha se manifestado. Minha cidade estava infestada. Pensei em Manaus, que por ser a capital, é mais populosa e que lá deveria estar um inferno. Pensei em todo o Brasil e por último, no mundo inteiro. O caos estava reinando e sobreviver aquilo, custe o que custar, era a única importância. Só havia eu e mais três colegas juntos comigo. Será que eles eram bons o suficiente para a pressão? Porque com certeza, eu podia dar conta.

- Vocês estão preparados? - Perguntei meio tenso.

- Sim... - Todos responderam em uníssono.

- Então vamos lá...

No estacionamento do colégio possuía dois carros muito úteis que podíamos utilizar para podermos nos locomover. Uma SW e um Sedã. Vasculhamos o lugar de cabeça para baixo até encontrar a chave de algum carro. Finalmente, conseguimos encontrar a do Sedã.

Nosso único plano era ter de ir rapidamente ao estacionamento, abrir o portão sem ser pego pelos zumbis e ir para a casa da Vivian, atropelando os zumbis que viessem na nossa frente. Um plano arriscado e inseguro, mas o único que iria dar certo. Seu único problema era: a quantidade de zumbis que estariam nos aguardando quando saíssemos da escola. Naquela hora em que eu entrei no colégio, existia um número absurdo de zumbis tentando derrubar o portão da escola. Agora nós teríamos que passar por todos eles.

Saímos da sala e fomos diretamente para o carro. Eu e a Vivian entramos no carro, enquanto Fred e Frank armados com bastões e facões abriam cuidadosamente e com bastante rapidez o grande portão de ferro.

Era impossível não serem notados, os zumbis estavam muito próximos à porta da escola. Eles abriram e saíram em disparada para dentro do Sedã, entrando nos assentos traseiros. Eu dirigiria todo o caminho, já que possuía experiência por ter tido uma experiência com meus tios, antes de tudo isso acontecer.

A Vivian sentava ao meu lado, pois iria nos guiar até a casa dela.

Os zumbis se aproximavam.

Em menos de dois minutos, eles já poderiam quebrar os vidros do carro e nos atacar.

Liguei a chave e acelerei com tudo. Fui atropelando os zumbis com brutalidade e eles foram sendo empurrados para trás.

Havia dezenas.

Dezenas deles sendo atraídos pelo barulho do motor do carro.

Era realmente o fim dos tempos.

Vivian estava agoniada com tudo aquilo. Frank estava fingindo estar despreocupado e Fred encarava os mortos-vivos. E eu por incrível que pareça, estava calmo. Há horas que isso começou e já posso ver uma mudança que ocorre não só em mim, mas nos outros também. Eu já tinha raciocinado o que seria daqui para frente e sabia que, em hipótese nenhuma, não deveria enlouquecer.

- É o apocalipse mesmo... – Ouvi Frederick dizer.

Finalmente, saímos do sufoco. O carro ficou quase todo destruído. As janelas cheias de mãos sangrentas com os vidros trincados, um dos pneus havia furado e os retrovisores haviam sido arrancados. Vivian já começava a me indicar qual caminho deveríamos percorrer.

- Estamos quase chegando! - Vivian anunciou.

Olhei pelo retrovisor do carro e percebi que Frank estava começando a ficar aflito, roendo as unhas. Estava preocupado com alguma coisa. Até que me lembrei de qual seria o motivo...

- Frank, a Ana está bem? – Perguntei.

Ana Luíza Araújo era uma garota de cabelos castanhos e pele morena. Uma garota pequena e quieta, sensata e não mentia quase nunca, sempre dizendo o que realmente pensava. Ela estudava conosco e é a namorada do Frank. Era engraçado, pois suas opiniões sempre se divergiam e acabavam entrando em conflito, mas no final, tudo ficava bem entre eles.

- Ela está bem, mas parou de responder minhas mensagens há vinte minutos... - Ele disse.

- A sua casa não é perto da dela, Vi? – Perguntei para Vivian, para aliviar sua tensão.

- Sim, sim! Se não me engano, ela mora no próximo quarteirão, atrás da minha rua...

- Podemos ir lá? - Ele pergunta desesperado.

- Sim, se ela não estiver infectada... - Respondo.

Escutei Frank xingando baixinho para mim, mas depois ficou quieto, pois estaríamos arriscando nossas vidas para vê-la se estava viva ou não.

Nós passamos reto pela casa da Vivian. Uma casa amarela de muros altos e portões de ferro. Realmente, parecia ser uma casa que impedia os zumbis de entrarem. Era bem grande e parecia ser espaçosa por dentro.

Viramos uma esquina e novamente, viramos à esquerda. Paramos em uma casa pequena de cor verde-água bem no canto do quarteirão. Era onde Ana estava. Havia zumbis pelas ruas, berrando desesperadamente em busca de comida, que seríamos nós.

- Bem... Estou indo pegá-la. - Frank disse.

- Eu vou também! - A Vivian saiu do carro com seu machado amigável e começou a se espreguiçar. - Chris, vamos ajudá-lo?

- Por mim, tudo bem... - Respondo, confirmando. - Fred, você poderia ficar de olho no carro?

- Está bem.

O muro era bem baixo da casa dela, então só fizemos pular. A porta de sua casa estava trancada, então começamos a chamá-la, só que num tom baixo:

- Ana! Ana Luíza! Estamos aqui! Abre a porta!

Nenhum sinal de vida.

Antes que pudéssemos pensar em alguma coisa para poder entrar em sua casa, Frederick saiu do carro correndo, atrás de nós:

- Merda, temos que sair agora! - Ele olhou para trás, aflito.

Fui até o Fred ver o que estava acontecendo e puta que pariu, zumbis de todos os lados estavam sendo atraídos pelo motor do carro. Maldição, que merda era aquela? Do lado esquerdo, direito e na frente da rua possuía mais de cem zumbis, precisávamos ir embora, antes que virássemos churrasquinho pra morto-vivo!

Olhei para trás, nervoso. Frank e a Vivian se encaravam e eu já sabia o que eles iriam fazer. Frank olhou para porta e arrombou-a com um chute. Ele entrou segurando um bastão e ela com seu machado. Depois de dois minutos, Frank carregava Ana nos colos, desmaiada. Por fim, a Vivian apareceu, correndo para o carro.

- Ela estava trancada dentro de um banheiro, desmaiada. Tinha um zumbi tentando arrombar a porta também. Se não tivéssemos vindo, não sei o que aconteceria com ela...

Agora estávamos dentro do carro, mas quem estava no banco do motorista era Frederick e não eu. Sentávamos em lugares totalmente diferentes de onde havíamos sentado, mas isso não importava e sim, nossas vidas, já que se não saíssemos logo dali, seríamos devorados.

- Merda, o que é isso? - Frank diz assustado, olhando para a horda.

- Vamos fazer a volta... - Fred optou sem saída.

Quando viramos para trás, havia uns dez zumbis na nossa frente. O carro já estava num estado péssimo e se atropelássemos mais dois, o Sedã iria ficar destruído.

Tomei uma atitude.

Saí do carro, verifiquei quantas balas eu ainda tinha e notei que havia somente duas. Eu não podia errar, chamei a Vivian para me ajudar.

- Vamos dar cobertura para podermos passar.

Apocalypse Z [EM REVISÃO]Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon