Capítulo 17

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CHRIS POV

Aproximavam-se da farmácia uma horda de crianças mortas-vivas. Aquilo era muito perturbador. Crianças sem sorrisos, com seus olhos negros e feridas ensanguentadas pelo corpo, vinham em nossa direção.

As meninas estavam dentro da farmácia, esperando por mim. Nossa melhor opção era recuar.

- Vamos pela porta dos fundos! Venham comigo!



Voltei para aquela cena entristecedora. Os dois zumbis com seus miolos espalhados pelo chão e uma jovem mulher, que parecia não ter virado um deles, mas ainda sim já havia mordidas sangrentas em seus braços com um buraco de revólver cravado em sua testa. Aquela era Júlia, a farmacêutica que havia nos auxiliado e que agora e que agora estava morta. Ela não fazia parte do nosso grupo, mas foi uma grande amiga.

Vivian se agachou perto de seu cadáver e a observava sem piscar os olhos.

- Obrigada por ter me salvado... - Ela disse para o cadáver e logo após, fechou os olhos de Júlia Menezes.

A apressei dizendo que havia ouvido sons de caco de vidro, afirmando que os zumbis já deveriam estar aqui nessa drogaria. Abri rapidamente a porta dos fundos e saímos. Por mais clichê que seja, era um tipo de passagem secreta.

- Numa cidade pequena como a nossa, inventaram algo desse tipo? Isso é muito estranho! - Ana Luíza disse.

- Essa cidade já está presente faz muitos anos e ela já viu de muita coisa! A drogaria poderia estar em cima de uma antiga casa plebeia e eles deviam ter construído um túnel para algum tipo de fuga! - Eu levantei uma hipótese.

- Ou... O dono dessa drogaria era maluco! - A Vivian disse, o que me fez pensar que sua hipótese era a mais adequada.

Saímos da vasta escuridão da passagem e o sol quase nos cegou de tanta luz envolvente. Aos poucos fui me acostumando com o brilho e notei que estávamos em uma das lojas de conveniência do posto de gasolina.

Havia uma rua entre nós para chegarmos até o carro. E os zumbis ainda estavam na drogaria e com certeza já deviam estar em baixo dessa "porta dos fundos".

Teríamos que correr o mais rápido possível, sem que aqueles monstros conseguissem nos pegar. Seria o pega-pega do terror. O tipo de corrida em que se parar, você morre. Se distrair, você morre. Se ficar para trás, também vai morrer. Uma estimativa de cinquenta zumbis nas ruas, incluindo os que ainda estavam chegando pela passagem.

Um, dois, três!

Abri a porta com tudo.

Fui o primeiro a largar. A Vivian ficou em segundo e a Ana Luíza em terceiro. No mesmo instante que a porta se chocou contra a parede após ser aberta, um enorme eco rodeou aquela avenida fazendo com que os zumbis viessem atrás de nós. Três deles apareceram na minha frente e sem pensar, atirei. Eu escutava barulho de facas atrás de mim. "As meninas estão bem" eu pensava. No maior silêncio possível, avançávamos sem problemas. Até que...

- AHHHHHHHH!!!! – Um grito.

Pressenti o pior.

Distração era um problema. Mas eu não podia ignorar esse grito. Então tive que ver o que acontecera.

Percebo uma horda atacando alguém, mas era impossível de ver quem era. Mas tudo clareia quando percebo Vivian quase parando, em choque.

Ana Luíza não estava mais conosco.

O pior era que Vivian decidiu voltar para tentar ajudar Ana.

Não podia deixá-la cometer esse erro.

- VIVIAN! – Gritei, voltando para alcançá-la.

Mas de nada adianta. O emocional da Vivian ainda estava no limite. Perdera a irmã, Pedro e agora uma amiga.

Tive que correr mais rápido do que ela, até finalmente conseguir pegar no seu braço e puxar para nosso destino, que era a loja.

- Vivian, por favor! Não vá! Ela já está sendo... Não podemos te perder também! – Eu disse, quase gritando, enquanto eu atirava com a outra mão no zumbi que tentava nos atacar.

- Ana... – Ela dizia chorando, mas compreendera o que tinha falado e decidiu seguir em frente. – Ana... Me desculpe!

Seus gritos foram cessando, me deixando cada vez  mais entristecido. Olhei para Vivian, que estava chorando também e lembrei-me da promessa de cuidar dela.

Quando voltei ao olhar ao meu redor, percebi que haviam muitos zumbis no estacionamento e não tinha como passar despercebido por ali. Nossa única chance era:

- ENTRA NA LOJA!

Era uma loja grande que vendia de eletrodomésticos, móveis, aparelhos eletrônicos e brinquedos. Um comércio onde muitas frequentavam ali. Agora, o lugar não passava de lixo jogado no chão, aparelhos quebrados ou saqueados e de um lugar deserto.

- Vamos para o segundo andar, eles não devem nos pegar lá! – Vivian falou.

A teoria de Vivian estava correta: zumbis não sabem subir escadas ou pegar elevadores. Por ora, ficaríamos ali.

O segundo andar era onde as pessoas pagavam suas contas e também ficava o setores das camas e colchonetes. Me deitei, olhando para o teto. Perdemos a Ana Luíza. Uma garota tão doce! As lágrimas nos meus olhos surgiram. Não queria mais que ninguém morresse!

- Eu li num livro que temos que sentir a dor, mesmo quando ela é horrível... É assim que crescemos e superamos. - Vivian tentava me consolar. – Assim como a morte dela, de Pedro... Da Gabi... Temos que superar... Tenho certeza que eles não gostariam que ficássemos lamentando por não termos conseguido os salvar... Certo? Bem, é isso que penso...

Mesmo ela tendo problemas para continuar a viver, ela estava certa. Se eu desabasse, tudo iria por água abaixo. Eu precisava me concentrar em não morrer.

Não tinha ninguém no segundo andar da loja, então aproveitamos para descansar e recuperar o ar, além de estarmos num grande beco sem saída. As balas da minha arma acabaram, só restando quatro armas brancas e duas pistolas.

Peguei meu celular para tentar ligar para Frank ou Fred que continuavam na casa. Mas para o nosso azar, o sinal estava fora de área. Então, o que restava fazer era esperar até que sentissem nossa falta. Me deitei em uma das camas e a Vivian ficou sentada no chão, perto de uma janela observando o pôr do sol.

- Eu queria que tudo isso tivesse um fim! - Ela quebrou o silêncio. - Não aguento mais ver meus amigos falecendo...

- É tão surreal... As vezes, eu acordo e me levanto achando que o que eu vivi não passou de um pesadelo ruim, mas... É tudo verdade!

Já era quase 18 horas quando vi no relógio. O horário em que nenhum ser humano deveria estar fora decasa em um apocalipse.

Apocalypse Z [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now