Capítulo 14

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CHRIS POV

Três dias se passaram.

A Gabi não conseguia mais se levantar, pois a anemia a consumia cada vez mais.

A Vivian não saía mais do quarto da irmã. Só vivia ao seu lado, ajudando no que for preciso. Só saía raramente para tomar banho ou conversar um pouco com Fred.

A Ana não sai do quarto para fazer nada e esses tempos, está muito menos sociável do que era antes. A coitada deve ter ficado com traumas ao ver um amigo morrendo.

Mas quem não ficaria?

Frank também não está bem. Vive treinando e melhorar seu físico para conseguir nos proteger de futuras ameaças.

Frederick estava deslocado de Vivian, a maior parte do tempo queria ficar sozinho.

E eu?

Tentava encontrar um canal que prestasse. Queria me manter ocupado, sem me lembrar do que acontecera ultimamente, de que a Gabi estava morrendo, que Pedro estava morto. Depois de tudo isso, todos ficaram afastados um do outro, tentando se isolar em cada canto da casa.

Fui preparar alguma comida de verdade. A Gabi não podia comer cup noodles e nem outros produtos industrializados.

Enquanto comia um bife com arroz, Vivian saiu do quarto e sem perceber minha presença, pegou um curativo e examinou seu tronco. Havia me esquecido que ela estava ruim também. Aquela ferida estava feia. Um roxo bem escuro, estava era quase preto. Resolvi perguntar:

- Isso aí não tá doendo, não?

Ela ficou assustada e abaixou sua blusa. Ela não havia mesmo percebido minha presença. Devia estar bastante pensativa. Por fim, falou:

- Vai passar...

- Se você não cuidar, isso aí vai ficar ruim e você pode morrer!

- Eu sou forte! - Ela era mais teimosa do que qualquer pessoa que eu conhecia.

Enfaixou sua costa e saiu, provavelmente indo para o quarto onde Gabi repousava.

Comecei a ficar preocupado com ela. Podia pegar alguma doença grave se não cuidasse daquilo. Nós precisávamos de remédios e se possível, encontrar um médico.

Peguei uma mochila e joguei uma calibre e uma escopeta, balas o suficiente e facões na cintura. Fui verificar se o tanque estava cheio. Tudo certo. Estava quase abrindo a porta do carro até que o Fred apareceu.

- Ela não se importa se está quase morrendo! Se alguém que ela conhece estiver morrendo, ela vai querer cuidar! Tão teimosa... - E entrou no carro, com dois facões e um revólver.

Liguei o carro e partimos em direção a alguma farmácia. As ruas nãos estavam totalmente cheias de zumbis, no mínimo cinco em cada quarteirão. Mas tudo isso mudou quando chegamos no centro. Eram zumbis comendo gente humana e zumbis andando com seus passos mancos. A cidade estava deserta de pessoas, mas lotada de mortos. Deixamos o carro numa rua vazia e, armados com armas de fogo, íamos em busca de uma farmácia.

- Verifique se todas estão com silenciador... - Fred me disse.

- Eu verifiquei todas antes de sair de casa. - Falei, pegando dentro da bolsa e sentindo alguma coisa oval dentro dela. - Que porra é essa?

A bolsa que eu havia encontrado era aonde Pedro colocara as granadas que devia ter encontrado na delegacia. Estava cheia delas, então tomei cuidado para não abri-las sem querer.

Chegamos na farmácia depois de acabar com dez ou quinze deles. Todas as portas haviam sido trancadas, mas havia uma zona lá dentro, o que pensei que deveria ter alguém lá dentro. Abrimos a porta, quebrando-a com uma pedra. Muitos remédios ainda estavam lá.

- Que remédio pegamos? - Perguntei.

- Pega tudo, qualquer um desses pode servir para a dor dela.

Fui em uma prateleira e enchemos a bolsa com xaropes, pílulas e seringas. Estávamos quase de saída quando escutei barulho de espingarda sendo recarregada:

- Vocês quebraram a minha porta, seus idiotas! Como vou me proteger dos zumbis lá de fora? - Uma mulher pálida, loira e de olhos verdes, que aparentava ter 20 anos e usava um jaleco branco, disse.

- Desculpe, achávamos que não tinha ninguém... - Fred omitiu.

- E por que vocês estão roubando meus remédios, seus malditos? - Ela começou a dar risadas e ajeitar seu óculos, a mulher aparentava ser um pouquinho excêntrica.

- A nossa amiga fraturou o osso da costela. Estamos pegando esses remédios para...

- Vocês não vão ajudá-la com esses remédios contra vermes e essas pílulas de infecção urinária! Bom... - Ela se virou para a estante, escolhendo os remédios. - Ibuprofeno, Naproxeno e Paracetamol são os analgésicos que ela tem que tomar. Vocês sabem se ela está tendo dificuldade respiratória?

- Bom, ela é persistente, não quer dizer.

- Entendo, mas se ela não se cuidar ela pode ter um colapso pulmonar ou até mesmo pneumonia. MEU DEUS! Me digam uma coisa: Ela não está enfaixando o local, está?

Eu e o Fred ficamos nos entreolhando, tensos.

- Ela... Está.

- MEU DEUS DUPLO! Isso aumenta o risco da pneumonia! Ela não pode enfaixar, ela precisa ficar de repouso total na cama, sem movimentos bruscos. Ela precisa botar gelo no local de dez a vinte minutos. - Isso era o contrário do que ela fazia. - Vocês entenderam?

- Sim, eu acho.

- Se querem ver a amiga de vocês viva, tem que ter certeza.

Peguei os remédios que ela indicou. E ela também me deu outros, como de dor de cabeça, febre, mal estar e etc. Frederick já estava verificando as ruas para irmos. Ela estava sozinha, dando adeus para gente, com um sorriso bobo. Fiz questão de perguntar:

- Por que não vem conosco?

- Eu adoraria, mas não posso. Estou muito ocupada no momento. - Ela disse.

- Ocupada?

- Sim, venha cá... - Abriu a porta de "só funcionários podem entrar" e me mostrou. Uma mesa, cheia de produtos químicos e anotações. E preso ali, havia dois zumbis de mascote. - Estou em busca da cura. Quero poder viver em paz novamente. Você entende?

- Sim. Claro. Entendo perfeitamente.

- Eu creio que vocês vão estar em grandes buscas, missões... Se encontrarem ou descobrirem algo, ou até mesmo se precisarem de mim, mande um SMS, ok? - E ela me deu seu número, em casos de emergência.

- Obrigado. - Respondi.

- Fiquem bem!

Aquela farmacêuticaera bastante inteligente para saber que não deveria existir uma cura para essaera. Os zumbis estão mortos! Não tem como um morto se curar e voltar a viver! Talvez ela saiba, mas quer acreditar que exista uma cura. Pensei nos meus amigos.Alguns deles devem ter esperanças que exista sim uma cura Afinal,as pessoas só acreditam no que fazem bem para elas.

Apocalypse Z [EM REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora