Capítulo 39

440 59 11
                                    

CHRIS POV

Dois meses já haviam se passado desde que Lucas e seu grupo tinha nos resgatado da EPICZ e nos trazido para Itacoatiara, a pequena cidade onde vivi e também foi criado nosso primeiro grupo de sobrevivência. Ele, que ainda continuava sendo líder dos The Wolves, disse que havia rompido as parcerias com os soldados após Vivian e Frank ir à sede deles e pesquisar as ações do exército.

─ No começo, não pude acreditar... ─ Lucas dizia para mim, enquanto observava a fumaça sair de seu cigarro. ─ Mas Maria me convenceu de que eles não estavam mentindo, me fazendo colher provas de seus atos.

A casa da Vi continuava agradável e ainda existiam armas jogadas em cima da mesa, garrafas vazias sobre a mureta... Tudo estava do mesmo jeito desde a última vez que estive naquele lugar. A única coisa que mudamos foi uma mesinha que colocamos centralizada na sala de estar e sobre a mesa, fotos das pessoas que perdemos em nossa luta.

Gabi, Ana Luíza, Frederick, Frank, Renatinha, Guilherme, Felipe e outros que não conheci ou que não tive chance de conhecer, espero que estejam em um lugar melhor...

A luz bate entre as fotos dos falecidos e fico pensando o que seria de nós se todos ainda estivessem vivos... Será que eles estariam sorrindo como nós estamos? Será que eles estariam lutando também?

─ Chris? Quem é essa menininha? ─ Volto à realidade, vendo que Rebeca se refere à Gabi.

─ Ah, essa era a Gabi, ela tinha mais ou menos sua idade. Ela era uma garota sorridente.

Sinto Beca pegar em minha mão, como se estivesse tentando me consolar.

─ Ela está bem agora, não é? Pelo menos, está descansando em paz, não é?

Olho novamente para sua foto. O rosto pálido e as bochechas rosadas, o sorriso banguela que sempre me contagiara. Sim, ela está bem. E com certeza está sorrindo enquanto olha para nós.

[...]

Aos fundos do quintal, foi aonde eu e a Vi enterramos seu corpo. Ela merecia um túmulo decente, mas nós não tínhamos toda a experiência do mundo para sair afora e ir a um cemitério enquanto zumbis poderiam nos atacar. Fizemos o que pudemos, pregando uma cruz de madeira e quando podia Vivian sempre colocava flores por ali.

Chegando lá, dou de cara com Pedro, que estava de pé e de braços cruzados, olhando fixamente para o céu.

─ Ah, oi, Chris. ─ Ele me diz. ─ Estava somente me desculpando com ela. – Ele aponta para o túmulo.

─ Por quê? ─ Pergunto confuso.

─ "Por que" você ainda pergunta? Eu os deixei e nem avisei que estava vivo. Enquanto eu me divertia, ria, zoava e enchia a cara, vocês precisavam de ajuda. Basicamente, fiz o grupo desmoronar... Eu...

─ E foi até melhor assim, Pedro. − O interrompi. − Pois, pelo menos, você ainda tem sua consciência. E você perdeu a perna, cara! – Aponto para sua prótese. – Passou por muita coisa também!

Eu nunca fui com a cara do Pedro desde os tempos em que estudávamos. Sempre o achei um cara estúpido e patético. Mas as coisas mudaram depois desta pandemia. Pelo menos, o retardo mental dele não é tão grande como eu achava que era.

O tempo está nublado e o céu ameaça que vai chover. Volto para dentro de casa e me jogo no sofá, olhando para o teto. Eu estava preocupado com Marcelo e Laura, dois amigos muito importantes para mim. As razões dos dois teria ido a uma jornada diferente é pelo mesmo motivo: encontrar seus familiares e sim, eu espero que eles consigam e que voltem para nós vivos.

O restante do pessoal estava dormindo. As únicas pessoas acordadas era eu, Pedro, Bangladesh e Rebeca, que está quase pegando no sono também. Estamos jogando no PlayStation 3 que a Vivian nunca mencionou que tinha. O único som que se passa pela sala de estar é dos golpes e chutes do game que Bangladesh acerta em Pedro.

− Ah, não vale! − Pedro quebra o silêncio. − Tu consegues lançar quase todos os golpes bloqueados, como assim?

− He, he! − Bangladesh dá umas risadinhas. − Sou especialista em qualquer tipo de código, me desculpe... Ah! – Ele diz alto, se lembrando de alguma coisa. - Feliz ano novo para vocês... − Ele se levanta, recusando a milionésima revanche do Pedro. − Já passou da meia noite, então é um novo ano para nós!

− Ano novo? − Pergunto.

− Chris, meu parceiro... Você está com a cabeça onde? Feliz ano novo, brother! Feliz ano novo, ciborgue!

Já faz tempos que não celebro uma comemoração qualquer. Depois de tantas guerras e lutas, nunca tive nenhum interesse e vontade de desejar alguma coisa. Mas tenho pressentimento que essas mesmas lutas irão acabar. Dois... Não. Três anos de sofrimento que finalmente terão sossego.

− Feliz ano novo, Bangladesh... Pedro... Estou contente por ter conhecido todos vocês.

[...]

− Chris, bom dia! − era a Vivian, e estava armada com um rifle, uma escopeta e um facão.

− Bom dia... Aonde vai?

− Os meninos tão querendo ir atrás de umas bebidas... − Ela suspira. − Vou aproveitar para ir junto com eles e encontrar umas armas que ainda devem existir no antigo abrigo dos militares... Quer ir conosco?

− Não, não... Eu passo. Estou cansado. Só tenta não morrer!

− Não irei!

Estava realmente morto de sono e sendo que quem a acompanharia seria Jhonatas, Nícolas e Pedro, não me preocupei. Acenei para Vivian e ela fez o mesmo, retribuindo. a Citroen saiu em disparada para o lado esquerdo da rua.

− Ei, Chris... − Rebeca me chamou, tinha acabado de acordar.

− Oi, Beca. Aconteceu alguma coisa?

− Eu queria conversar com a Vivi, chegou uma mensagem do Giovanni... Sabe onde ela está?

− Ela saiu, mas já volta... Quem é Giovanni?

− Bem... É o meuirmão.

Apocalypse Z [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now