Capítulo 18

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CHRIS POV

Fiquei na vigia observando a zona lá fora, enquanto a Vivian descansava. Estávamos no segundo andar, onde só havia camas e armários que estavam a venda e um bebedouro para tomar água. "Pelo menos não iríamos sentir sede" eu dizia tentando me despreocupar. Peguei um dos copinhos descartáveis que estavam em cima da mesa e bebi um pouco d'água me sentando no chão, ao lado de uma janela que dava a uma visão "maravilhosa" de zumbis que estavam nos esperando lá em baixo. E tudo o que tínhamos prevido era verdade: ficavam mais ativos a noite e pior é que sua velocidade e agressividade mudavam também.

O corpo da Ana Luíza já não estava mais lá. Ela já teria sido transformada em um deles? Creio que sim.

Já era 19h45. Nenhum sinal de um carro com dois adolescentes dirigindo inapropriadamente uma picape.

- Porra, onde estão?

- Eles devem achar que estamos bem... - A Vivian já havia acordado.

- É...

- Mas com certeza eles já devem estar fazendo algo a respeito, eles sabem do horário e sabem também que não somos tão burros...

- É...

- Eu estava mais próxima dela, se eu tivesse visto que um deles a atacou...

Num instante, me levantei do chão e fui até onde ela estava. Segurei em seus ombros, falando em seus olhos.

- A culpa não foi de ninguém! - Ela já estava chorando. - Não se culpe por tudo, temos uma guerra pela frente ainda! Esqueceu o que você disse mais cedo para mim? Devemos superar!

Voltei para janela para verificar o perímetro e vi que tinha alguma coisa de errado ali. A movimentação estava se manifestando e eu percebo vultos tentando entrar na drogaria onde estávamos. Merda, será que...

- Vivian, vem cá... - Chamei ela para ver melhor, pois ela tinha a visão melhor do que a minha.

- Aqueles ali? Hum... Ahn... Está escuro, eu... SÃO ELES MESMO! PUTA QUE PARIU!

Num instante, pegamos nossos equipamentos e armas para ir atrás deles. A Vivian tentava ligar para eles só que todas as chamadas foram em vão para a caixa postal. Não havia nenhum sinal naquela área.

Raios, por que eles tiveram que entrar lá?

Já estávamos no primeiro andar do térreo. Os zumbis estavam distantes, então não perceberam nossa presença quando saímos. Corremos o máximo que pudemos, pois percebemos que eles já tinham entrado.

Ao chegar na farmácia, o lugar parecia mais sombrio de quando estávamos lá. Os passos discretos, pisando nos cacos de vidro poderiam denunciar nossa presença até que escutei o som do gatilho da espingarda. Meus olhos se arregalaram para a Vivian. Corremos para ver o que tinha acontecido.

- Que merda, tomei um susto da porra... - Frank disse, aliviado.

Percebi que ele havia atirado no cadáver da farmacêutica, agora só com um corpo bonito e metade do rosto ainda intacto.

- VOCÊS VIERAM NOS SALVAR OU SE MATAREM?! - A Vivian já estava nos nervos.

Enquanto eles se xingavam cada vez mais, eu podia ouvir os passos mancos de cada zumbi correndo para nos encontrar e,  mais uma vez, entrei na porta com todos no tal "túnel". Encontramos zumbis perdidos pelo caminho, mas a Vi deu um jeito neles, antes que nos atacassem.

Saímos da loja de conveniência nas pressas. Fizemos o mesmo caminho de mais cedo. Tudo correu bem até que em um momento em que Fred carregava sua arma, um zumbi havia pegado em sua perna. Fiquei tenso, mas atirei com a espingarda bem em sua nuca despedaçando-o totalmente.

- Isso não vai repetir!  - Falei para o zumbi despedaçado.

Chegamos novamente na loja onde nos abrigávamos, os zumbis estavam numa velocidade muito rápida, quase nos alcançando. Teve momentos em que os zumbis conseguiram me tocar, mas fui muito mais ágil e atirei com a pistola guardada na cintura em suas bocas. Achei aquilo espetacular, mas não era hora de se vangloriar.

Até que o Frank parou. Um zumbi estava em sua frente. Tentei enxergar melhor e achei ele muito familiar. Cabelos no rosto, a pele ainda morena, a maquiagem ainda borrada, uma estatura muito baixa...

Não.

Era a Ana Luíza Araújo. Ela ainda não estava totalmente coberta com a podridão ainda, mas as mordidas em seu corpo eram horríveis. Quase vomitei. Olhei para a Vivian, ela estava chorando... O Frank olhou para nós, incerto e desesperado.

- Cadê a Ana, gente?

- Sinto muito, cara. Ela se sacrificou para nos salvar... – Omiti certa parte. Frank não entenderia que não dava para ajudá-la e que tivemos de abandoná-la.

Ele se ajoelhou no chão, desacreditado. Seu amor foi transformado em um monstro. Lutou tanto para salvá-la para terminar assim. Era triste, mas era uma realidade que precisávamos conviver. Não sabíamos nosso futuro. Qualquer um de nós poderia morrer e deveríamos estar preparados para isso.

Ana se aproximou de Frank, tentando atacá-lo e lhe morder, mas é interceptada por Frederick, que dá uma facada em sua cabeça.

- Descanse em paz, Ana Luíza. – Frederick disse.

Subimos novamente o segundo andar. Não demorou nem trinta segundos para que Frank desse um murro na cara de Fred.

- Você não tem um pingo de sensibilidade? COMO PÔDE MATAR A ANA?! - Ele dizia, ainda em choque.

Frederick não reagiu. Apenas o ignorou.

- PARA FRANK, DEIXA ELE EM PAZ! - Vivian gritava com ele, com os olhos cheios de lágrimas.

Ele caiu no chão, tampando seu rosto com as mãos para esconder as lágrimas que caíam.

- Merda, Fred... Você nem hesitou em matá-la! Você... Você a conhecia!

Fred olhou para o lado, tentando ignorar. Foi aí que notei algo: ele havia sido mordido também. Sua perna espirrava sangue. Ele foi até aonde os lençóis eram expostos para serem vendidos, rasgou um deles e enfaixou sua perna.

Olhamos preocupados para ele.

Vivian chorava e o abraçava.

Frank se sentia arrependido:

- Fred, eu não sabia que...

- Relaxa, cara... O jeito é aproveitar o tempo... Já que não há mais uma solução para mim!

Duas horas era o tempo que o Fred se tornaria um deles. Eu sei disso pois esse foi tempo em que minha família se tornou zumbis. As veias já pulavam para fora e seu rosto estava mais pálido do que já era. Ficamos sentados no chão, pensando num jeito de sair de lá, mas era totalmente impossível, então ficamos nos lamentando em não termos ficado presos num bar.

- Quem me deras umacachaça agora...

Apocalypse Z [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now