Capítulo 27

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CHRIS POV

Os dois conversavam, sorrindo. Quando eu me aproximei mais de onde estavam e perceberam que não eram os únicos que estavam no pátio, eles levantaram e ficaram surpresos, como se tivessem visto um fantasma.

Eu mal podia acreditar.

- Vivian? Frank?

O menino estava com os olhos arregalados e engoliu em seco. A menina também não desgrudava os seus olhos cheios de lágrimas de mim.

- Sempre soubemos que estava vivo, Chris! – Ela correu em minha direção e me abraçou.

As lágrimas da Vivian escorriam em meu peito, encharcando minha camisa. Eu queria chorar também, mas ao longo do tempo, as lágrimas já não surtiam mais efeito em mim.

Frank ainda estava parado tentando fazer com que a ficha caísse. Até que veio em minha direção. Vivian se afastou e ele me deu um aperto de mão, seguido de um abraço.

- Dois anos, Chris... Que diabos esteve fazendo em dois anos?! – Todos nós rimos. Parece que Frank não perdera a piada!

- Realmente, várias coisas aconteceram! Assim como vocês! Estão tão diferentes! Criaram uma organização para ajudar os mais fracos e com certeza, devem estar mais fortes! – Falei e eles confirmaram as minhas palavras.

- Sentimos sua falta... – Vivian disse, me fazendo perceber que seu olho esquerdo estava distinto do outro, com a íris de cores diferentes.

- O que... Houve com seu olho? – Perguntei passando a mão em seu rosto.

Vivian se afastou de mim e olhou para o outro lado, como se estivesse envergonhada e não quisesse comentar sobre aquilo. Olhei para Frank e ele apenas assentiu. Decidi mudar de assunto.

Falamos sobre tudo que passamos nesses dois anos, as aventuras, os novos amigos e como ficamos mais fortes. Deixei as partes negativas de lado, pois não queria preocupá-los. Sinto que eles fizeram o mesmo.

Todos nós sorríamos e rimos. Todas as nossas lembranças juntos, das nossas bagunças, de nós lutando para sobrevivermos... De todos os nossos amigos que faleceram... Haviam voltado.

- Estou muito feliz que estão vivos...

- CHRIS! SOCORRO! – Bangladesh apareceu no pátio, desesperado. – A RENATINHA... ELA ESTÁ DOENTE!

Meus olhos se arregalaram e sem me despedir, corri apressadamente para nosso quarto. Quando entrei, percebi que ela estava na cama e suava muito. Felipe limpava seu suor com um pano molhado, ajudando-a.

- O que ela tem, Felipe?!

- Não sei... Ontem de madrugada, achávamos que ela estava tendo um pesadelo, mas... - Ele olhou preocupado para a menina.

Vivian e Frank apareceram no quarto com Guilherme, o médico que estava ajudando Laura. Ele foi em direção a Rê para conferir seus sintomas, tirando sua blusa.

- O que você está fazendo?! - Bangladesh perguntou intrigado.

- Vendo se ela tem o que presumo ser... – Ele disse, continuando o que estava fazendo.

Quando sua pele foi exposta, havia muitas manchas vermelhas pelo corpo inteiro.

- Que merda é essa? – Perguntei assustado.

- Suspeitei desde o princípio. Por acaso, vocês foram para algum lugar onde há florestas, matagais, lugares do gênero?

Eu, Bangladesh e Felipe nos entreolhamos. Duas semanas atrás, estávamos em uma área silvestre acampando. Ela até havia reclamado de dor para nós, mas acabamos achando que só havia sido um inseto qualquer que a tinha ferido.

- Sim... – Confirmei preocupado.

- A amiga de vocês... - Ele suspirou. - Contraiu a febre maculosa.

- Que porra é essa? – Bangladesh perguntou assustado.

- É uma doença transmitida por carrapatos. E sua amiga... Já está no estágio final.

Todos ficamos em choque. Estava imóvel. Escutei Bangladesh desesperado tentando reanimar Renata e eu escutava baixo o choro do Felipe. Dentro de uma zona segura e ela ia morrer? Não, Deus! Por favor, não a leve!

Senti a Vivian segurar minha mão. Ela também lagrimava, mesmo nunca tendo a conhecido. Olhei para Rê, era apenas uma garotinha! Tão inteligente e destemida, tão nova trabalhando para a EPICZ!

- Eu... Obrigada. - Ouvimos baixinho a voz da Renatinha.

- Renata! Não vá! - Começamos a gritar, chorando.

- De verdade, obrigada... Eu realmente não queria morrer, mas pelo menos, eu não vou ser um deles!

- RENATA, – Bangladesh gritou. – NÃO VÁ! VOCÊ É MINHA ÚNICA PARCEIRA!

- Bang... Não chore... Homens legais não choram... Só... Sobreviva. – Foram as últimas palavras dela.

O silêncio predominou. Queríamos uma resposta, um sinal de que ela ainda estava ali, mas nada aconteceu o que fez com que Bangladesh voltasse a entrar em pânico.

- RÊ? RÊ? RENATINHA! POR FAVOR, NÃO VAI! PASSAMOS UM DANADO PARA CHEGAR AQUI, EI...

- Ela se foi. - Felipe disse com frieza.

- NÃO PRECISAVA SER TÃO INSENSÍVEL! - E saiu correndo chorando, mas foi barrado pela Vi, que o abraçou.

- Eu sei o que está sentindo, todos nós sabemos... Mas não vá fazer nenhuma besteira, garoto. Ela não ia querer isso. – Ela disse, fazendo com que Bangladesh chorasse mais ainda e abraçasse Vivian com força, desabando em seus ombros.

Não sabia reagir. Fiquei parado, olhando o corpo da nossa Renatinha, imóvel. Fui até ela é acariciei seus cabelos. Nunca pensei que Renatinha iria morrer, pelo contrário, achava que ela seria uma das que sobreviveria neste fim de mundo.

Mas esta era a nossa realidade. Devemos estar prontos para encarar o que vier.

Todos os meus amigos estavam reunidos naquela sala, compartilhando da mesma dor e tristeza, com exceção de Laura que estava na enfermaria, sem saber do ocorrido.

Eu preciso cuidar deles, não posso deixá-los sós.

Aquela... Era a minha família.

Apocalypse Z [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now