Capítulo 7

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CHRIS POV

Saí do quarto pensando no meu irmão, aquele que eu matei sem piedade depois que se transformou numa daquelas coisas. Eu o protegeria se não tivesse virado um deles.

Voltei para a sala e todos estavam comendo o que achavam pela casa. A única que estava fazendo outra coisa era Ana Luíza, que estava mexendo em um notebook que deveria ter encontrado pela casa. Fui até ela. Lia algum desses blogs de fofoca, um artigo retratando sobre algum projeto inventado por japoneses e americanos chamado "Pacifista" que iria trazer o término de todas as guerras.

Bem, não foi isso que aconteceu.

"[...] A arma incluía produtos radioativos não identificados por nós, que com certeza é uma substância nova. O projeto estava sendo trabalhado em um lugar totalmente isolado e seguro das pessoas... Porém, um homem conseguiu se infectar com a radiação dessa arma poderosa e morreu. Porém, depois de alguns minutos, o falecido se levantou e atacou outras pessoas. Isso foi um choque para mim quando descobri o que realmente aconteceu." Era o que dizia no post.

- Deve ser verdade o que ela disse... - Ana disse sem olhar para mim.

- Esqueça isso. - Falei pensativo. - Não tem como voltar atrás. Agora, tudo o que importa é nossa sobrevivência.

Era meio estranho eu não estar com medo de estar vivendo em uma pandemia dessas. Eu me afastei de Ana para ir a um quarto descansar, porém, sou barrado por Frank.

- Devíamos inspecionar primeiro as casas vizinhas. Na casa a frente, possui duas picapes. Seria útil para se locomover.

Todos estavam escutando, esperando que eu dissesse alguma coisa.

- Amanhã de manhã, iremos em busca das coisas. E tentem não chegar depois das 18 horas, os zumbis estão mais ativos nesse horário.

Todos assentiram e eu fui para um dos quartos, tentar dormir.

[...]

A cena de eu assassinar minha própria família me veio novamente à cabeça e em vez de uma faca que eu usei para matá-los, estava segurando o mesmo revólver que utilizei para matar os zumbis que tentavam me trucidar. Eu não lembro de tê-los atingidos na cabeça, mas haviam balas encravadas em suas testas, caindo grande quantidade de sangue. Minha mãe surge falando, num tom desesperador:

- Por que, Chris? Por quê? - Ela gritava com a voz trêmula.

- Nós não somos sua família? - Agora era meu irmão. - Venha conosco!

Estava ficando espantado com toda aquela merda, fui andando para trás, mas tropecei em algo que não consegui identificar. Olhei para minhas mãos e elas estavam totalmente enlameadas de sangue.

- Venha, Chris. Venha... - Os dois diziam se aproximando mais e mais de mim...

[...]

Acordei assustado, era somente um pesadelo no fim das contas. Meu coração estava acelerado e eu estava suando frio. Fui ver as horas e eram 20h22. Fui tomar um banho para me aliviar dessa tensão.

Tão relaxante... Pude tomar um banho quente e pensar na minha vida, como sempre fazia. Pensei nos problemas que me atormentavam, que podia estar ficando louco por causa de tudo... Naquele prazer em ter matado minha família... Era tudo tão estranho... Eu era estranho! Desliguei o chuveiro e vi o vapor d'água subindo para o teto. Coloquei as mesmas roupas e fui para sala.

Encontrei Frank, Pedro e Fred tomando alguma coisa que parecia ser... Cachaça.

- Quer um gole, brother? - Frank me viu e me mostrou sua cara de idiota quando fica bêbado.

- Ah, só uma dose, por favor... – Disse eu, querendo me aliviar desses pensamentos e estresses.

Os pais da Vivian tinham um restaurante na cidade e por isso havia um pequeno estoque dos mais tipos de comida e bebidas alcóolicas.

- Sabe né, parceiros... O mundo está acabando e temos que fazer um momento como este e agir como homens de verdade... – Frank definitivamente estava bêbado.

- E proteger as meninas... - Fred sorriu.

- Sim... - Respondi, tomando mais uma dose.

- Devemos lembrar que não existe mais liberdade. – Pedro dizia enquanto olhava seu drinque. – Precisamos nos fortalecer, seja em força bruta e mente.

Um silêncio permaneceu, como se todos soubessem que não poderiam deixar a loucura os dominar e que precisavam manter a humanidade.

Depois disso, ficamos tomando drinques e falando dos grandes momentos e prazeres da vida que já vivemos, rindo e bebendo. Até que a Vivian finalmente saiu de seu quarto. Ela ficou nos encarando e nós fizemos o mesmo, até que finalmente sai algo de sua boca:

- Credo, vocês estão iguais àqueles velhos escrotos que ficam bebendo por ter tido um dia péssimo! E por cima, fedem!

Todos ali riram. Estávamos descontraindo daquele árduo dia.

- Mas somos mais bonitos que aqueles "velhos escrotos", não? - Frank perguntou, tentando fazer cara de galanteador.

- Nem a pau! - Ela diz rindo e se senta conosco, pegando uma dose para tomar também. - Ah! Mas... Quando mesmo vai rolar a missão?

- Amanhã de manhã. - Fred fala.

Ela se levanta ligeiramente. Pensando bem, deveríamos estar dormindo, ao invés de madrugar.

- Ei, vamos dormir. Não quero ninguém de ressaca e ser devorado por algum zumbi por estar porre!

Levantamo-nos e fomos para nossas camas.

Apocalypse Z [EM REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora